Fundamentos gnósticos da alquimia

13
14345

É frequente encontrarmos autores de livros de Química argumentando ser essa Ciência oriunda da Alquimia. Ora, é sobejamente sabido, por todos aqueles que se dedicam à pesquisa histórica, que de modo algum essa suposição pode ser suportada pelos fatos. Isto é, no máximo, apenas uma parte da verdade, já que muitos alquimistas também descobriram novas substâncias e desenvolveram procedimentos experimentais utilizados posteriormente pela Química.

Mas há na Alquimia uma sabedoria que não se encontra na Química. Elas diferem, portanto, nas suas concepções e objetivos. A palavra Alquimia, do árabe Al-Kemi ou do grego Chemeia, tem o mesmo significado: Química Sagrada.

No Egito antigo, temos Khem-Kemé (a Ciência de Khem, que era o nome do Egito no passado; dizem na Astrologia Esotérica que Khem era o nome das Plêiades, as Cabritas dos Céus, intimamente relacionadas com as pirâmides). Na China, Kim-Mai, do dialeto cantonês, significando algo como “o segredo”; ou ainda, do dialeto de Fukien, Chim-I, extrato para fazer ouro. O nome Egito em hieroglífico é Khemi (negro), isto é, a matéria original da transmutação, passível de ser convertida em ouro.

A Santa Alquimia resume-se no sábio equilíbrio entre as forças solares e lunares em nosso interior, entre o Sol e a Lua alquímicos
A Santa Alquimia resume-se no sábio equilíbrio entre as forças solares e lunares em nosso interior, entre o Sol e a Lua alquímicos

A Alquimia é uma Química Transcendental, superior, e há entre as duas a mesma relação que existe entre a Astrologia e a Astronomia, e a mesma diferença: uma é de caráter nitidamente espiritualista e a outra, friamente materialista.

Alguns escreveram que a Alquimia é produto de séculos de ignorância, mas é exatamente o contrário: naqueles séculos de ignorância ela foi a Luz valente e atrevida que, com o passar do tempo, resultou no florescimento da atual Ciência, da Filosofia, do Esoterismo, da Magia séria e profunda, das diversas formas artísticas etc., como ramos daquela imensa árvore. Sua desarticulação não surgiu de suas contradições internas, mas ocorreu no contexto do sistema objetivo do pensamento nascido com a Ciência Moderna. A Alquimia se recusou a partilhar do dogma modernista que desvinculou o sujeito e o objeto, a matéria do Espírito, a Unidade na Diversidade…

O alquimista é um perseguidor da perfeição em todos os reinos da natureza. É o agente do Criador para o aperfeiçoamento de Sua Obra.

No passado não existiam as especializações, como vemos hoje. O alquimista era também astrólogo, médico, sacerdote do Altíssimo, mago e filósofo, de modo que reunia, como ainda reúne, o máximo do Conhecimento (Gnosis) de sua época. Esse Conhecimento Liberador, combatido sem tréguas pelo fanatismo religioso que considerava satânico todo saber, passou a ser transmitido pelo mestre a alguns discípulos, que eram iniciados em sua “Arte”.

Vejamos o que nos diz Arnold Waldstein em sua obra Os Segredos da Alquimia: “O homem moderno, e em especial o cientista moderno, demasiadas vezes paralisado pelas ilusões da física nuclear, mostra uma tendência excessiva para considerar os alquimistas com comiseração, como os ‘homens das cavernas’ da ciência atual, a qual se encontraria na senda da verdade e do progresso.

Ora, quando o homem moderno, mergulhou nos abismos da ‘civilização moderna’, e vê o alquimista como um sonhador perdido nas suas poções mágicas e nas suas receitas cabalísticas, ele não faz mais do que sucumbir a uma ilusão, pois, com efeito, o alquimista, quer ele fosse da Idade Média, quer fosse do Renascimento (as idades de ouro da Alquimia, pelo menos entre as historicamente conhecidas), superava o Tempo e possuía em germe nas suas retortas toda a decomposição plutônica do mundo moderno, que agora o julga. Assim, podemos considerar a química moderna, um desvio da Alquimia”.

Os textos alquímicos são escritos numa linguagem não convencional, chamada linguagem dos pássaros, que visa interditar o conhecimento aos mais indignos, afoitos e ineptos.

Vários foram os alquimistas que contribuíram para o desenvolvimento dessa Arte, como Demócrito, iniciado nos Templos de Memphis, discípulo de Leucipo, o qual enunciou a base da Teoria Atômica, além de Newton, Berthelot, Crookes, Rochas, Mendeleiev e tantos outros.

Não poderíamos deixar de citar aquele que mais se destacou no estudo da IATROQUÍMICA, ou seja, a Química destinada à cura. Estamos falando de Theophrastus Bombast von Hohenheim, Paracelso. Esse grande Mestre preconizou uma nova terapêutica das doenças, baseada no princípio de que o ser humano era formado por elementos básicos cujo desequilíbrio provoca todas as doenças. Lembremos que Paracelso, juntamente com outros luminares do Ocultismo e da Alquimia, como Cornélio Agripa e Fausto de Praga, foi discípulo do famoso Abade Tritemo.

Os textos alquímicos são permeados pelos processos da transformação, quase sempre representados pela transmutação do chumbo em ouro, sugerindo também a passagem da ignorância, tida como fonte das trevas, para a Sabedoria, associada à luz solar, à perfeição, ou ainda ao brilho do ouro.

Assim, a finalidade aparente da Alquimia é a fabricação do ouro, mas a Arte Alquímica consiste em despertar o sentido das analogias; é a ponte de ouro que une o microcosmo ao macrocosmo, ligada, por consequência, ao fenômeno da iluminação – o visível como reflexo do invisível.

Devemos recordar que a Alquimia é a arte de alcançar a perfeição, que para o metal ou a matéria é o ouro, e para o homem, a regeneração psicofísica, com a longevidade, depois a imortalidade e, por fim, a redenção espiritual.

A obtenção da Pedra Filosofal, do ouro alquímico, corresponde à grande transformação interior, é atingir o aperfeiçoamento, o autoconhecimento e a autorrealização. A via para conseguir tais objetivos é a Alquimia redentora e que significa o perfeito equilíbrio dos sentimentos, das ações e dos pensamentos (bhakti yoga, karma yoga e jnana yoga, unidos em perfeita harmonia).

Os que já lograram tal intento são aqueles que vivenciam e manifestam o Ser Divino em seu interior, em lugar do “ego”, do “eu”. Para esses, a verdadeira família é a comunidade planetária, a verdadeira pátria é o planeta Terra, o Amor é seu Deus, e a Verdade, sua Religião maior.

A Alquimia Gnóstica

Desde épocas remotas, o ser humano tem-se empenhado na busca da saúde, da longevidade, da felicidade e da autorrealização de seu Ser Divino aqui na Terra. No mais profundo de sua Alma, oculta-se o desejo dessa felicidade infinita e perpétua, que possa acompanhá-lo até sua final reunião com Deus. Através dos tempos, criou-se uma linguagem própria na Alquimia para sintetizar todas as buscas do Homem. Essa linguagem envolveu-se num profundo hermetismo para que somente os corações inteligentes, com sensibilidade suficiente, pudessem ser guiados para as finalidades que a Alquimia se propunha.

A Alquimia, segundo concepção gnóstica, é a arte da transformação dos elementos grosseiros do nosso corpo físico e psíquico em elementos superiores da Alma e do Espírito. Na linguagem hermética, esotérica, isso significa transformar o chumbo em ouro.

Essa arte alquímica foi estruturada e codificada primeiramente pelo grande Avatar do Egito, Hermes Trimegisto (saiba mais, clique aqui), depois passou para os árabes, que a levaram à Europa com as invasões muçulmanas na Península Ibérica. A Alquimia ganhou uma nova cara na Idade Média. Os alquimistas utilizam-se do Magnum Misterium para alcançar a Pedra Filosofal ou Lapis Philosopharum.

Os Iniciados que recebem essa “pedra” (que é a mesma pedra mencionada por Jesus e pelos maçons) têm o direito ao Elixir da Longa Vida, à Chave da Vida Eterna e à Cornucópia da Abundância, segundo textos clássicos herméticos. Esses prêmios todos na verdade encontram-se não em laboratórios químicos externos, mas em nosso próprio laboratório orgânico, mais precisamente em nossas glândulas endócrinas, especialmente as gônadas (glândulas sexuais).

A finalidade maior da Ars Magna (a Alquimia) é a liberação do ser humano através da expansão e iluminação de nossa Essência Divina. Seu objetivo é criar Luz a partir do aspecto original de toda a Criação: o Fogo, que no organismo humano é de natureza sexual e que, transmutado, se transforma em Luz Espiritual, e iluminação da consciência.

Essa transformação alquímica produz uma série de benefícios físicos e anímicos como a regeneração e revitalização das energias, o restabelecimento do equilíbrio das funções hormonais e metabólica, desencadeando-se um processo de rejuvenescimento das células realmente extraordinário.

O mais importante é a mola propulsora que movimenta a humanidade. Tudo gira em torno do amor, mas poucos conhecem e vivem os mistérios do amor, as chaves secretas que os conduza à verdadeira felicidade, ao êxtase. A maioria das pessoas vive apenar alguns momentos fugazes e passageiros do amor e não sabem como evitar que esse sentimento maravilhoso se esvaia de forma rápida e melancólica.

Segundo os preceitos alquímicos tradicionais, o verdadeiro êxtase é alcançado quando o homem e a mulher, através da Alquimia Sexual, transmutam o fogo em luz, inspirados no amor consciente. Os estados de Êxtase dependem da intensidade da luz e esta depende da transformação do fogo sexual. Há infinitas formas de êxtase, porém a mais elevada e profunda é a tântrica, alquímica.

Eros e Psique. Somente o tantra sexual pode fazer a Alma encarnar a Força Maravilhosa do Amor

O êxtase é um estado especial caracterizado pela ausência total de conflitos. Pode ser alcançado através da meditação, quando a mente se encontra em silêncio, surgindo então o Vazio Iluminador, o que permite vivenciar a realidade dos Mundos Superiores.

Há quem alcance o êxtase através da arte, através das danças sagradas ou interpretando-se um instrumento musical, ou até mesmo em momentos de total integração com a Natureza. Aquele que aprende a viver a vida de instante em instante está apto a encontrar o êxtase nas diversas atividades do cotidiano. Porém, há graus e graus de êxtase.

O êxtase do casal que se ama em todos os níveis da consciência, que conhecem as Chaves Secretas da Alquimia, os coloca em condições de compreender e viver os Grandes Mistérios do Universo. E à medida que o Alquimista for se aperfeiçoando psicologicamente, erradicando o que tem de falso em sua personalidade, poderá almejar os mais elevados níveis de êxtase, os chamados estados de Samadhi.

Esses estados de consciência não podem ser definidos, tal a sua natureza íntima, tal o refinamento que se necessita para alcançá-lo em seus três graus:

1. Samadhi
2. Nirvikalpa samadhi
3. Maha samadhi

Todos são fundamentados na manipulação inteligente do Fogo Criador, a matéria-prima da Alquimia, e no seu complemento mágico, a Morte do “Enxofre Arsenicado” (EGO).

A Alquimia foi cultivada entre os grandes profetas, como Isaías, Abraão, Ezequiel e outros tantos, inclusive por Moisés, o qual a manejou perfeitamente. Lembremos do Grande Mestre Jesus o Cristo, que falava em forma velada sobre esses temas. Há um fato transcendental na vida desse grande alquimista, que conseguiu a Pedra Filosofal e o Elixir da Longevidade, que se relaciona com a cátedra de Nicodemos, a qual é de caráter profundamente sexual.

O grande Iniciado Jesus, cujo nome esotérico é Yehoshua ben Pandirah, teve a sua vida toda envolvida com a Alquimia, mas lamentavelmente, as mais de 5 mil escolas e seitas religiosas ditas cristãs trataram de desvirtuar e ocultar a essência esotérica dos seus ensinamentos.

A Alquimia teve o seu apogeu na Idade Média, especificamente na Europa, que foi o ponto central de onde surgiram misteriosos e enigmáticos homens, os quais realizaram grandes transformações, tanto no campo material como no espiritual.

Alguns deles, com bastante capacidade e inteligência, souberam disfarçar e ocultar ao mundo profanos suas fórmulas e chaves poderosas, utilizando determinados simbolismos para evitarem a perseguição dos ignorantes e da Inquisição, cujo fanatismo levou à fogueira os alquimistas menos astutos, os quais foram considerados bruxos, magos negros, hereges etc.

Recordemos, por exemplo, aos Condes de Saint Germain e Cagliostro, que, tendo obtido o Elixir da Longa Vida, eram um enigma indecifrável, mantendo-se jovens através dos séculos sem apresentarem os vestígios de envelhecimento. Esses condes, possuidores da Pedra Filosofal e do Elixir, vivem ainda hoje, com os seus mesmos corpos físicos, disfarçados nas altas esferas dos governos, influenciando ocultamente em diversos campos de atividade econômica e social.

Só o Amor, sabiamente vivido, pode transformar este mundo. Só o Amor pode trazer o Paraíso para esta Terra.

Porém, a Alquimia não se restringe somente ao campo místico e espiritual. Ela tem uma função importantíssima na era científica atual, apresentando-se como uma solução objetiva para os conflitos da vida contemporânea. A decadência que se manifesta atualmente em quase todos os setores da vida moderna tem como causa primordial a degeneração sexual, que, aliás, sempre foi a causa do declínio das grandes civilizações.

A instituição do casamento como fonte de amor e felicidade conjugal, degenerou-se assustadoramente e o comportamento sexual do homem moderno apresenta um quadro bastante caótico.

A chamada “liberdade sexual” foi confundida com o extravasamento desenfreado da libido, com consequências desoladoras, destacando-se o fantasma da Aids, além de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), que se alastram por todas as partes deste aflito mundo… E isso sem contar as gravíssimas consequências kármicas para as encarnações futuras.

Não é preciso muita reflexão para se concluir que esse estado de coisas tem suas raízes na perda da capacidade da humanidade de AMAR CONSCIENTEMENTE.

O Amor Consciente converte a mulher e o homem em verdadeiros Seres Cósmicos e resgata a sua condição de Reis da Natureza, do Universo e de seus destinos íntimos…

13 COMENTÁRIOS

  1. eu vejo os gnosticos sempre apoiando a maçonaria.A mesma não segue somente a gnose.seus membros deveriam respeitar a mulher ,mesmo profana e darem a ela a liberdade que pregam,enquanto os mesmos praticam o casamento alquimico com outra.Não é isso que o gnostissismo prega.

  2. Como pode um maçon derramar semem quase todo dia com a mulher profana e depois seguir a gnose????????????????????????????????me responda por favor pelo meu email

    • Maria, conscientize-se de que Maçons, Gnósticos, Magos, Cabalistas de verdade são aqueles que encarnaram o Cristo Cósmico em seu Íntimo.
      Até lá, somos, todos nós, meros curiosos, simpatizantes e aspirantes à Gnose, à Maçonaria, à Magia etc.
      Alguns dignos, outros indignos…
      O que importa realmente é SE VOCÊ quer seguir a sabedoria iniciática rumo ao Ser Divino, e não se incomodar mais com as atitudes e o caráter dos outros.

  3. Que bonito, agora somente que entendi, o mestre gnostico nao tem ” eu” nenhum , so pensa nos outros nunca no si mesmo , pois esse si mesmo ja nao existe em sua existencia e prevalece o ser interior, de luz e amor eterno. Me corrijam se estiver errado

    • o mestre de todo homem e o cristo,o cristo nasce dentro do homem cheio de defeitos, que seu trabalhos sobre si mesmo,o cristo o liberta e renascer com outro nível de ser,já não como ser humano mas como um homem divinizado.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.