YANTRA YOGA

A priori, um Yantra é a representação simbólica de uma Divindade, é um objeto de adoração em si mesmo, e corresponde ao próprio Devata (Deva que rege cada chacra, os aspectos internos de nosso corpo, como os chacras, que são a réplica microcósmica do macrocosmo).

Na Tradição Yóguica, tem-se como fundamento que o nosso sentido mais poderoso – a visão – associado à capacidade de visualização, é capaz de estabelecer vínculos com o Superior, com os Deuses, e assim fazer vibrar e desenvolver, por correspondência, o que há de correspondente internamente em nós, que tem ligação com tais aspectos Divinos.

Utiliza-se então a Dhyana Yoga (Yoga da Concentração) juntamente com a Yantra Yoga, para fazer ressoar em nós, em nossos chacras, o Poder da Divindade em que nos concentramos mediante a visualização, seja pela contemplação de uma imagem através dos olhos físicos (escultura ou pintura de Divindades, mandalas, pantáculos), ou através da visualização com os olhos fechados (imaginação). O importante é concentrarmo-nos na imagem, não importa seja ela tridimensional ou imaginativa; e somente isso, sem mais divagações, sem colocar o intelecto para funcionar no querer tentar entender o que está representado ali; apenas contemplar, apenas observar é a técnica. É daí que surge a verdadeira intuição que traz os insights, a penetração na esfera da Meditação, e mais além, no Samadhi que desvenda todos os mistérios.

Desta forma, nas escolas que praticam o Yantra, escolhe-se uma imagem definida que é conservada no campo da atenção por um período prolongado, a fim de produzir uma mudança na consciência.

Segundo a filosofia tântrica, todas as coisas ani­madas ou inanimadas levam dentro de si um “registro” fiel da sua gênese. Para os ocidentais, isso seria chamado de “arquétipo” e contém em si todas as qualidades pelas quais determinado Ser foi criado e imbuído de manifestar. Além disso, nesse registro está contida também a história do Cosmo como um todo. Isso acontece porque até mesmo as menores partículas do Cosmo refletem a sua estrutura total. Nesse sentido, pode-se dizer que toda forma perceptí­vel é um Yantra.

Durante uma típica Cerimônia Tântrica, as Divindades são invocadas pela recitação de sons de poder (Mantra), gestos sagrados (Mudra), exercícios respiratórios (Pranayama) e uma grande variedade de técnicas rituais. Utiliza-se o Yantra para fazer vibrar a energia da Divindade no Cérebro, o Mantra para fazer vibrar a energia da Divindade no Coração, e o Tantra para fazer vibrar a energia da Divindade no Sexo, e por isso, os aspectos mais reverenciados de Yantra-Mantra-Tantra são, exatamente, Shiva e Shakti.

Quando, através do Yantra, a energia se encontra no Cérebro – Chacra Ajna, Terceiro Olho – ela se denomina “Bindu” e significa a “semente que dá origem a todas as coisas existentes”. É o ponto do espaço e do tempo em que qualquer objeto chega à manifestação. Por isso, usa-se muito o Mantra OM durante a prática do Yantra.

Os Yantras suplementam o poder dos Mantras e são tão poderosos quanto. Reafirmados pelo Tantra, atingem toda a manifestação em todos os Universos, manifestando novas realidades na vida do praticante destas três poderosas Yogas. Assim, os Yantras são as chaves secretas para estabelecer ressonância com as energias das Divindades do Macrocosmo.

Estes ensinos, nas cátedras da Gnose, foram trazidos por Swami Sivananda, Guru do Mestre Samael, que os revelou para o mundo ocidental, e do qual o Mestre Samael indica a leitura de seu livro “Kundalini Yoga” na obra “Tarot e Kabala”.

Sobre Yantras e Meditação, ensina Swami Sivananda:

“De preferência, utilize sempre a mesma técnica de concentração, pois se você a cada dia utiliza algo diferente, isso retardará o processo de meditação. Você pode utilizar um Mantra (som) ou um Yantra (imagem) para obter êxito na meditação. A mente precisa ser treinada, por isso a importância de treiná-la com uma mesma técnica até que ela atinja o máximo da perfeição, que no nosso caso perfeição significa meditação. É como um músico que precisa executar uma peça musical com o máximo de perfeição. Para o músico obter a maestria naquela peça, ele passará muitas horas e até anos executando a mesma peça ou mesmo um pequeno trecho de uma obra até que fique perfeita, com a meditação acontece exatamente a mesma situação. Se você não mantiver o foco não obterá êxito. Se você não praticar meditação por uma semana terá a impressão que você já não pratica a mais de um mês, mas se você não deixa de praticar nenhum dia isso não acontece.

Você também pode fazer alguns ciclos de sūrya-namaskara (saudação ao sol) que auxiliará na estabilidade do āsana antes de começar a prática de meditação matinal. Bhastrikā, kapālabhāti e nādī shodhana prānāyāma limpam o corpo, promovem a purificação dos nādīs, equilibram as correntes prânicas do prāna māyā kośa e estabilizam corpo e mente para meditação.”

Por fim, para finalizarmos o tópico sobre Yantra, há um autor que o Mestre Samael cita algumas vezes, um filósofo de nome Friedrich Nietzsche, que afirmava o seguinte:

“Quando você olha para o Abismo, o Abismo também olha para você.”

O que significa que devemos sempre procurar focar nossa visão e nossa atenção mental em imagens harmoniosas, positivas, plenas da Divindade, com atributos do que é Belo, Perfeito e Bom. E assim deixarmos de lado as manifestações negativas, para que não fiquem impressas em nossa mente consciente ou subconsciente, a exemplo da pornografia (da qual a Loja Negra tem se aproveitado tanto para rebaixar coletivamente o nível de ser da humanidade).