Fenômenos psicológicos e parapsicológicos

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Distintos cavalheiros e damas, iniciamos nossa palestra dentro do terreno do psicológico e do parapsicológico, onde existem as surpresas extraordinárias, como já falei para vocês  de Eusapia Palladino, de Nápoles, sobre a mãe do cientista Botacci, como também do senhor William Crookes, com as  senhoritas Fox, e também das experiências realizadas na Rússia, onde inventaram um aparelho extraordinário que fotografa o corpo vital, e que lhe deram o nome de Corpo Bioplástico.

Vem à minha memória neste instante uma experiência notável de parapsicologia. Um sujeito passivo, em transe cataléptico, pôde projetar fora de si, a uns metros, o seu corpo bioplástico. Alguém que estava na sessão científica sacou o revólver e disparou contra tal corpo, que tinha se tornado visível e tangível a poucos metros, defronte do sujeito em estado de catalepsia. O interessante dessa questão foi que o projétil foi parar exatamente no ventrículo esquerdo do coração do sujeito cataléptico e é claro que ele morreu.

Perguntaria a vocês, pessoas cultas, como é possível que uma bala disparada de um revólver contra um objeto “A” apareça de pronto numa pessoa “B”? Isso escapa perfeitamente às leis da física, como escapa o méson K, por exemplo, à Lei da Paridade. Bem sabem que na física existe o famoso méson K, que burla a Lei da Paridade, que interfere vindo de um Universo Paralelo, e que resiste a qualquer análise.

É claro que vemos que o Corpo Bioplástico tem realidade. Eminentes homens dedicados à ciência da parapsicologia se aprofundaram por esses caminhos abertos pelos russos e descobriram quatro qualidades específicas do corpo vital ou bioplástico: está relacionado com os processos bioquímicos, tanto de assimilação quanto de eliminação; está associado também aos processos relacionados com a sexualidade, assim como dentro do terreno da fecundação ou de simples partos; tem relação com os processos de luz, cor, calor, som e das percepções; está relacionado com a Imaginação e a Vontade.

Miars ou Mers nos fala francamente do “Eu Subliminar”. Cada um é livre para pensar como quiser, mas não encontramos realmente uma explicação lógica que resista a uma simples análise, se não aceitarmos o famoso Ego dos psicólogos. Não é possível conceber uma máquina que possa por si mesma ter processos analíticos definitivos, que tenha emoções, psique, se não existir um sujeito psicológico, “metafísico”, diriam os religiosos. Longe aos religiosos com a sua metafísica! Respeito as religiões, mas agora não estou entrando nisso, quero me referir de forma estrita à questão psicológica e tocar nos problemas parapsicológicos.

Quando se sonda um sujeito passivo numa sessão de hipnose, descobrimos que existe o subconsciente, assim como também o pré-consciente…

Sobre esses termos – subjetivo, objetivo, consciente e subconsciente –, existem muitas discussões atuais sobre eles. Os psicólogos do século 19 consideravam o “Consciente” tudo aquilo que se relaciona com as percepções físicas ordinárias, com os processos de raciocínio, os processos emocionais etc. Consideravam o subconsciente todos os processos que escapam da percepção diária. Para eles, o subconsciente são os sonhos e consciente, os fenômenos meramente telepáticos etc.

Mas a Psicologia Revolucionária vai mais longe, considera o Consciente o Real, aquele que está relacionado com os fundamentos dos processos psicológicos, aquele que está intimamente vinculado aos “Intuitos” de Kant, as experiências diretas do Real, o Êxtase dos Santos…

Não quero fazer demagogia ou me converter num êmulo de muita sabedoria, não. Unicamente quero falar de forma concreta e exata: Objetivo é o Real, o Espiritual. Subjetivo, o que não tem realidade ou que tem uma realidade circunstancial, aquilo que verdadeiramente pertence à luta diária pela existência.

Isso que falo de modo algum pode satisfazer aos acadêmicos, graças ao fato concreto de que a academia considera Objetivo ou Real o físico e as percepções sensoriais externas, e o Subjetivo o que não pode ter realidade física, concreta. Faço essa declaração para explicar bem o sentido dessa palestra.

Em todo caso, o Eu de muitos psicólogos, o Eu da Psicologia experimental, não o considero algo plenamente Objetivo. Ao contrário, digo que o Subjetivo é cem por cento o que pertence às religiões, ao subconsciente, existindo associações entre o subjetivo e o subconsciente; o subjetivo é o subconsciente, e o Objetivo o consciente. Considero, entretanto, que, o Eu é Subjetivo…

Os teósofos pensam que existe um Eu de tipo Superior e o denominam de Alter Ego, como também aceitam um Eu inferior, e acreditam que o Superior deve dominar o Inferior, e quando isso é conseguido, nos converteremos em algo assim como os Mahatma, ou seja, Homens de tipo superior. Para longe com os teósofos e seus conceitos!

Penso sinceramente que o superior e o inferior são duas seções de uma mesma coisa. O Eu Superior e o Inferior são duas seções do Ego, do Eu, e que têm um principio e um fim. O Eu de modo algum é algo permanente, como supõem alguns psicólogos, o Eu é algo pluralizado.

A Doutrina da Multiplicidade do Eu é tibetana. Não há dúvida também de que os egípcios criaram a Doutrina da Multiplicidade dos Egos e os denominaram de Os Demônios Vermelhos de Seth. Assim é que, dentro de nós existe uma multiplicidade de Eus. Os tibetanos falam de “agregados psíquicos”, na Doutrina dos Muitos. Considerando essas coisas deste ponto de vista, chegamos à conclusão de que o Eu não é algo permanente.

Obviamente, não poderíamos aceitar um Eu psicológico se não o vemos através do ponto de vista sensorial. Mas se citei alguns fenômenos parapsicológicos, em Nápoles, nos Estados Unidos, foi com o propósito de que vocês entendam que se tem comprovada a realidade do Eu, que, inclusive, continua depois do sepulcro. Alinhado a esse ponto de vista, considero que em cada um de nós existem muitos Eus.

É claro que não poderíamos dar uma explicação concreta do porquê das contradições psicológicas nos seres humanos: “Vou comer”, diz o Eu do estômago. “Não, não é isso que eu quero”, diz o Eu Intelectual, “pois vou ler um pouco”. E de pronto intervém um terceiro Eu que discorda de tudo e diz vou dar uma caminhada em vez de comer ou de ler, esse é o Eu do Movimento.

Existe, pois uma série de contradições psicológicas dentro de nós que vale a pena ter em conta. Ademais, cavalheiros e damas, a máquina orgânica é muito bem-feita, temos um Cérebro Intelectual, temos um Cérebro Emocional, e isso não podemos negar. Se o Centro Intelectual está situado estritamente no nosso cérebro, o Emocional está situado exatamente no coração e no Sistema Nervoso do Grande Simpático.

Temos também um Centro Motor que está situado na parte superior da Coluna Cervical, temos o Centro Instintivo que está na parte inferior da Coluna Dorsal e temos ainda o Centro Sexual, que se encontra nos órgãos sexuais. E o mais interessante é que cada um desses centros tem a sua própria mente, e isso é inegável…

A máquina orgânica é complexa, as Impressões chegam ao Cérebro, são enviadas pelo Ego ou pelo Eu a qualquer um dos centros da máquina. Pode acontecer que o Eu envie as impressões de forma equivocada a um Centro que não lhe pertence e então teremos um erro manifestado na personalidade.

É comum acontecer, senhores e damas, que muitas vezes se confundem um Centro com outro. Por exemplo: uma mulher atende muito bem a um homem. Pronto, ele já simpatiza com ela, e a brinda de atenções específicas de toda espécie etc. Claro que aquelas impressões chegam ao Centro Intelectual do homem, mas pode acontecer que o Ego, o Eu remeta as tais impressões ao Centro Sexual, por exemplo, e então o sujeito sente por essa mulher uma atração sexual, ou que as remeta ao Centro Emocional, e então o sujeito começa a acreditar que essa mulher pelo fato de lhe ter brindado tais atenções está apaixonada por ele.

Assim equivocado, requer os amores da mulher, e se esta mulher nunca pensou em se enamorar dele, mas sim que o atendeu pela amizade, por simples cortesia, fica tremendamente surpreendida quando o sujeito vem declarar o seu amor…

Conheço alguém por aqui, cujo nome não menciono e que vive sempre nesses equívocos, equivocou-se uma vez e segue se equivocando mil vezes. O homem, cada vez que vê uma dama que a atende, acredita que ela está gostando dele e requer o seu amor; as mulheres comumente ficam tremendamente surpresas, pois não estão apaixonadas por ele. Esse homem conseguiu com que aquelas pessoas que tinham por ele alguma estima mudassem de opinião em relação a ele: agora elas o rejeitam.

Conclusão: ele está bem crescido e não consegue uma mulher. Vejam vocês quão fácil é enviar as impressões que chegam através dos sentidos a um centro que não lhe pertence…

Se não tivermos o Eu psicológico, se existir somente dentro de nós o Material Psíquico, estou seguro de que nesse caso as Impressões serão enviadas exatamente ao centro correspondente da máquina orgânica. Mas, desgraçadamente, o Eu psicológico só confunde “alhos com bugalhos”.

Sem dúvida, o Eu psicológico é o criador de prejuízos, temores, ódios, receios, fornicações, adultérios etc. Conclusão: o Eu psicológico está composto por um acúmulo de Eus de tipo também psicológicos. Cada Eu tem os Três Cérebros: o Intelectual, o Emocional e o Motor-Instintivo-Sexual. Cada um dos Eus que carregamos em nosso interior é uma pessoa diferente.

Todos esses Eus que em nosso interior carregamos brigam pela supremacia, querem ser o Amo, o senhor, e quando um consegue o controle total da máquina orgânica, acredita ter triunfado, mas não tarda o momento em que outro o despreza.

Consideradas as coisas desste ângulo, deste ponto de vista, certamente não temos um VERDADEIRO SENTIDO DE RESPONSABILIDADE MORAL.

O Eu que jura amor eterno a uma mulher é desprezado mais tarde por outro que “não tem velas nem para o enterro”. Resultado, o homem se retira e a pobre mulher se sente decepcionada. O Eu que hoje jura amor por uma grande causa é desprezado, mais tarde, por outro que não tem nada a ver com esse juramento; o indivíduo se retira e seus amigos ficam bastante confundidos. Não temos verdadeiramente CONTINUIDADE DE PROPÓSITOS.

Quantos sujeitos ingressam, por exemplo, numa Faculdade de Medicina. Estou seguro de que nem todos que ingressaram saíram formados. Alguns se cansam, não voltam; outros não se deram bem com as matérias… Se existir continuidade de propósitos, chegaremos à meta a que nos propusemos, mas muitas vezes começamos a fazer algo e nos cansamos. Pronto, mudamos de ideia. Por quê? Porque o outro Eu despreza o Eu que tinha interesse pelo tal projeto.

A consciência normal não é a subconsciência, o Eu é subconsciente cem por cento e a Essência está presa no Eu subconsciente. Devido a isso, o Eu subconsciente, que é grupal ou coletivo, é, na realidade, uma sátira, porque devido à Essência, a Consciência se acha presa, esta se faz de subconsciente e em algumas vezes, se torna infraconsciente e até chega ao Inconsciente psicológico.

Precisamos auto-explorar esse Eu pluralizado da Psicologia, necessitamos da auto-observação psicológica. Quando aceitarmos que temos uma psicologia, começamos a nos auto-observar. Desgraçadamente, poucos aceitam uma “psicologia”, aceitam mais facilmente que possuem um corpo físico, porque podem tocá-lo, podem olhá-lo, mas não aceitam que possuem uma psicologia, porque isso não pode ser visto à simples visão, não se pode tocá-la. Mas se alguém aceitar que tem uma “psicologia” poderá mudar, começa de fato a se auto-observar, e começa a fazer uso da auto-observação psicológica e se tornando diferente dos demais…

Se conseguirmos aniquilar completamente o Eu psicológico, a Consciência poderá libertar-se, desenvolver-se de fato no sentido espacial, que confere em si mesma não somente os cinco sentidos físicos, mas tantos outros que a ciência oficial ignora…

É no terreno da nossa vida prática, na relação com nossos familiares, em casa, na escola, no templo, no campo, no serviço, é onde os nossos defeitos escondidos afloram espontaneamente. Se estivermos em estado de alerta-percepção, então os veremos. E uma vez visto o defeito, ele deve ser analisado, deve ser aberto com o bisturi da Autocrítica para a sua compreensão.

Quando compreendemos um defeito em todos os níveis da Mente, podemos desintegrá-lo, o que é muito fácil, e após o termos destruído integralmente, uma porcentagem da Consciência que estava presa no tal defeito se liberta…

Normalmente, as pessoas têm uns três por cento de Consciência Desperta e uns noventa e sete por cento de Subconsciência, mas se desintegrarmos alguns agregados psíquicos aumentará a nossa percentagem. Se a humanidade tivesse um dez por cento de Consciência Desperta, não haveria guerras no mundo, e se uma pessoa consegue ter uns 60% de Consciência Desperta, consegue a percepção objetiva e real dos fenômenos naturais.

As pessoas comuns não conseguem ter a percepção objetiva dos fenômenos. Estou absolutamente seguro que de todos os fenômenos físicos que acontecem ao nosso redor, percebemos apenas uma milésima parte. Não há dúvida que atualmente a nossa Consciência está presa no Ego.

Uma Consciência Desperta é uma Consciência Objetiva. Ela não pertence ao terreno do infraconsciente ou do inconsciente, tampouco é uma Consciência subjetiva. Homens de Consciência Objetiva foram Hermes Trismegisto, um Quetzalcóatl, um Gautama, Pitágoras, Zaratustra etc.

Quando vemos uma flor, admiramos sua geometria e, se tivermos estudado um pouco de química e a aplicarmos sobre a flor, durante a nossa análise veremos na flor o que estudamos na sala de aula; mas não vemos a flor em si mesma, tal como ela é, pois Kant tem razão quando afirma que não percebemos as coisas em si mesmas.

Como vocês poderiam assegurar que estão vendo este vaso? Certamente, estão percebendo a imagem deste vaso, mas o vaso em si mesmo não o estão percebendo. Estou seguro de que vocês não estão percebendo os átomos deste vaso, nem os elétrons, íons, prótons etc.

Estou absolutamente certo de que vocês não estão vendo o movimento molecular ou atômico no vaso, estão vendo a imagem do mesmo, mas não a coisa em si, o vaso em si mesmo. De maneira que isso contraria Marx, na sua Dialética Materialista.  Dom Immanuel Kant, ao afirmar que não vemos as coisas em si mesmas, afirma algo cruelmente real, vemos as imagens das coisas, mas não as coisas em si mesmas.

Dentro da parapsicologia, temos de entender como funciona a Mente de uma forma mais profunda. Não se trata de acreditar ou não, porque isso de “eu acredito” ou “não acredito” podemos deixar para os assuntos de religião, mas nós não estamos no assunto de religião…

Existe a Mente Sensual, que cria as suas concepções mediante os dados recebidos pelos sentidos. A Mente Intermediária contém, em si mesma, aquilo que chamamos de “crenças”, e a Mente Interior, Profunda, que está fechada para os seres humanos.

A Mente Profunda analisada na Parapsicologia Revolucionária é completamente diferente, é capaz de corroborar com os fenômenos parapsicológicos extraordinários, capaz de perceber por si mesma, de forma direta, os fenômenos naturais…

Alguém, por exemplo, não poderia saber nada de química, mas conhecer de imediato um fenômeno químico, ainda que não utilizasse os termos da química, claro está que essa pessoa teria aberto a sua  Mente Interior.

Quem abriu a Mente Interior pode experimentar isso que não é do Tempo, isso que é a Verdade. Entretanto, para que isso ocorra é necessário ter destruído todos os agregados psíquicos, que no seu conjunto constituem o Eu psicológico.

Passar pela Aniquilação Budista é louvável. Quem resolve passar por tal aniquilação, ou seja, pela autodestruição do Ego psicológico, consegue o absoluto despertar da Consciência, captando todos os fenômenos cósmicos e os transmitindo à Mente Interior…

Até aqui as minhas palavras, e quem quiser perguntar algo, pode fazê-lo com toda a liberdade…

Pergunta: Quando analisamos os fenômenos físicos, não os vemos em si mesmos, mas sim uma imagem deles. Então, com a mensagem que o senhor nos traz nesta conferência, podemos dizer que não percebemos a realidade, mas unicamente aquilo que podemos perceber. Não entendi. Não consegui perceber a mensagem…

Samael Aun Weor: Certamente, saber escutar é mais difícil que saber falar, porque temos dentro de nós um péssimo “Secretário” que faz o papel de tradutor. Ele está cheio de preconceitos, prejuízos, teorias, conceitos etc. O que escuta, ele traduz exatamente com os seus critérios, com certeza não se escuta o conferencista, mas sim o Ego Tradutor, que é um péssimo secretário que carregamos em nosso interior.

Se a Mente se abrir ao “novo” verá o presente como ele é e não através da lente psicológica do passado, dos prejuízos, conceitos ou temores. Poderia, facilmente, entender o conferencista. Mas, como lhes digo, todos nós carregamos dentro um tradutor, que é o Ego, ele traduz de acordo com o seu próprio critério. Portanto, é muito difícil poder escutar sabiamente a alguém.

P: Seguindo um pouco a pergunta do nosso companheiro, vêm à minha mente as palavras de Aristóteles que nos dizem que não existe, no conhecimento, nada que não entre primeiro pelos sentidos. Então, se nós, ou por falta de instrução ou por má profundidade em relação ao tema tratado neste caso, não temos compreendido, ou temos compreendido muito pouco, quero dizer que não temos posto, realmente, nossa Mente em funcionamento? Ou a teoria de Aristóteles não tem sentido algum?

SAW: Aristóteles, inquestionavelmente criou o seu conceito, ele fundou a “Divina Entelekheia”, ou seja, o sistema indutivo, que vai do conhecido ao desconhecido. Sem dúvida, Aristóteles fundou a sua Escola, mas não poderíamos aceitá-la como autoridade absoluta, porque também existiu um Platão. É bem certo que Aristóteles foi discípulo de Sócrates, também é verdade que Platão também o foi. E não há dúvida de que Platão, em oposição ao sistema indutivo aristotélico, criou o Sistema Dedutivo Neoplatônico, que vai do desconhecido ao conhecido.

O Sistema Aristotélico relaciona-se unicamente com a Mente Sensual, quer através de seus silogismos, prossilogismos ou polissilogismos etc., para levar o homem ao conhecimento da Verdade. Isso é impossível porque a Mente Sensual elabora os seus conceitos mediante as percepções externas e nada mais. Logo, ela não pode saber por si mesma nada que escape aos cinco sentidos.

O Sistema Dedutivo Neoplatônico é superior, deseja a experiência do Real partindo do Ontológico ou meramente Psicossomático e Intelectual. Platão preocupa-se em abrir a Mente do ser humano, e isso pode-se ver através do estudo analítico de suas obras, tais como A República, Crítias etc. Assim é que, precisamos abrir a Mente Interior se quisermos conhecer o Real. E só poderemos abri-la através da Doutrina da Aniquilação Budista.

A morte do Ego é condição básica para o despertar da Consciência Objetiva. Agora, poderíamos explicar por que as religiões de tipo ortodoxo se preocupam, de forma específica, pela eliminação dos nossos defeitos psicológicos. Se eliminarmos os nossos erros, poderemos despertar a Consciência.

P: De acordo com a sua resposta, o senhor nos fala de um conhecimento meramente pragmático, ou passando do pragmático para se chegar a uma conclusão de uma idéia, que é o objetivo direto da nossa Mente. Creio que se não passarmos pelo pragmático, calculo que é muito difícil conseguir o objetivo da nossa Mente, que é a ideia.

SAW: É óbvio, e não podemos negar jamais, que o conhecimento tem de entrar pelos cinco sentidos, mas quero enfatizar aqui, nesta palestra, que não poderemos ficar definitivamente na Mente Sensual e sim que necessitamos ir mais longe, passar além da Mente Intermediária; necessitamos abrir a Mente Interior, porque qualquer doutrina, seja do tipo budista ou cristão nos dizem que devemos eliminar nossos defeitos psicológicos. E se assim procedemos, abrimos a Mente Interior, permitindo-nos a experiência direta com a Verdade.

Eu não nego que os cinco sentidos são úteis, o que digo é diferente, é que não devemos de modo algum ficar presos dentro da Mente Sensual. Os conhecimentos passam primeiro pelos cinco sentidos, mas existem técnicas, por exemplo, a meditação, que nos fazem conscientes dos nossos conhecimentos e que nos permitem levar nossos conhecimentos à experiência direta do Real. Mas esses conhecimentos devem ser filtrados através da meditação, passando além da Mente Interior para chegarem à Consciência.

Por meio das técnicas de meditação, conseguimos nos fazer consciente de nossos próprios conhecimentos, mas se ficarmos dentro da Mente Sensual, não nos tornaremos conscientes dos conhecimentos. Chegar a experimentar a Verdade de tal conceito ou de tal teoria só é possível quando os conhecimentos passam através da Mente Central e da Mente Interior até à Consciência. Essa é a crua realidade dos fatos, mas se ficarmos dentro do processo das teorias, jamais chegaremos a experimentar a Verdade. Necessitamos estar conscientes do que estudamos e isso é tudo…

P: Dizia o senhor que a Mente Interior é capaz de perceber diretamente a Verdade e por outra parte não nega que o conhecimento entra pelos cinco sentidos. Então, como é possível que tenha alguém que seja capaz, por simples inspiração, chegar ao conhecimento ou utilizando os métodos dedutivo ou indutivo, sem perceber nada pelos sentidos?

SAW: Essa pergunta é muito interessante. Temos de voltar às Escolas Aristotélica e Neoplatônica. A primeira, indutiva, baseia-se na Divina Entelekheia, parte do conhecido ao desconhecido; a segunda é dedutiva, parte do desconhecido ao conhecido. Isto significa que a Mente Interior pode chegar pelos dois caminhos. Se tomarmos um conjunto de conhecimento e o submetermos à rigorosa meditação com o propósito de nos tornar conscientes de todos os seus postulados, obviamente passaremos da Mente Sensual à Mente Intermediária e à Mente Interior, mais ainda, podemos levar até a Consciência Superlativa e Transcendental do Ser. Mas se quisermos os famosos “Intuitos” de que nos fala Kant, bastaria nos colocar em estado passivo, tanto no sentido meramente intelectual, como o emocional, para que através dos Centros Superiores do Ser esses mesmíssimos Intuitos do Ser, cheguem à Mente Interior através da Consciência.

O mais interessante de tudo isso é perceber que a Mente Interior é o veículo funcional da Consciência. Isso é possível e a condição para isso é a de cultivar, de forma eficiente, a Técnica da Meditação Interior Profunda. Porque se nos contentarmos somente com a lógica formal, analítica e até com a lógica dialética, ficaremos presos dentro das batalhas da antítese e da tese, características básicas da Mente Sensual, não passando daí e nunca experimentando a verdade de qualquer teoria ou de qualquer conceito, hipótese etc.

Por isso, é importante desenvolvermos a técnica da meditação, e assim poderíamos, mediante o sistema indutivo, chegar à Mente Interior, partindo do conhecido ao desconhecido, como também podemos usar o sistema dedutivo, mediante a meditação, nos colocando em estado passivo, receptivo, de onde viriam os “Intuitos” da Mente Interior e conheceríamos a Verdade.

P: Pergunto se alguma pessoa conseguir abrir a Mente Interior é capaz de conhecer um fenômeno e todas as circunstâncias que o tenham originado, sem tê-los estudado através do cinco sentidos.

SAW: Nos evangelhos das diferentes religiões, cristãs, budistas, muçulmanas, hindus, como queiram, nunca faltaram santos, místicos etc., que se denominaram “Iluminados”. Tais sujeitos sabiam muito mais que qualquer um de nós, os intelectuais, assombrando as pessoas de suas épocas. Se lermos cuidadosamente a história de qualquer religião do mundo, ficaremos cientes desses casos. Poderíamos aqui nos comportar como verdadeiros céticos, mas fatos são fatos e ante eles temos de nos render…

P: A psicologia moderna é aceita como ciência, enquanto a parapsicologia não é considerada. Qual é o seu conceito nesse sentido?

SAW: Andam juntas e paralelas. Este é um terreno um pouquinho espinhoso, porque acontece que nos últimos tempos, dentro das diversas Escolas, têm havido certas brigas entre a psicologia e a parapsicologia . Alguns têm classificado a parapsicologia como pseudociência, que não tem um verdadeiro valor científico etc., o que é um absurdo. Tanto o sábio como também aquele que aspira ao real conhecimento acadêmico percebem a importância da psicologia e da parapsicologia. Não podemos subestimar, de forma alguma, nenhuma linha do saber; se amamos a cultura, a ciência, como pessoas sérias não devemos subestimar nenhuma linha do saber…

P: Em minha opinião, o problema radical da parapsicologia é que não está perfeita  e que as investigações realizadas nesse campo carecem de validade científica. O senhor não acredita também nisso?

SAW: Tenho citado aqui, hoje, fenômenos parapsicológicos com o objetivo de falar de fatos concretos e sentir as diferenças. Inquestionavelmente, a parapsicologia, por si mesma, pode ser considerada atualmente por muitos psicólogos como uma espécie de pseudociência, obviamente existem muitos psicólogos que não a têm como ciência séria. Mas eu pergunto: se os psicólogos, através dos séculos, não fizessem seus estudos analíticos, suas observações, teríamos hoje, por acaso, a psicologia se tornado uma ciência séria? Isso custou muito trabalho, para chegar a ter a matéria psicológica perfeita.

Dentro do terreno meramente da parapsicologia, também há muito que se aperfeiçoar. Para a parapsicologia chegar a se converter, diríamos, numa matéria sólida, necessitamos continuar a observar os fenômenos extrassensoriais e documentá-los com os elementos sérios de juízos que existem, não somente na parte ocidental do mundo como também na oriental. Vale a pena que nos aprofundemos nos textos sânscritos, que estudemos todos os fenômenos dos dervixes da Turquia, que investiguemos profundamente a Grande Tartária, onde existem documentos extraordinários sobre os fenômenos parapsicológicos.

Com tais observações e documentos, estou seguro de que a parapsicologia contemporânea pode se tornar numa matéria formidável de estudo. Em todo caso, os fatos que até agora a parapsicologia tem apresentado são extraordinários…

P: Se os fenômenos parapsicológicos que até o momento têm sido observados resultaram contundentes e definitivos, por que então lhes negam a validade, inclusive científica?

SAW: Inquestionavelmente, os fenômenos parapsicológicos não podem ser negados. Por exemplo, um sujeito em estado hipnótico descreve o que está acontecendo a cinco quilômetros de distância. Se isso realmente é comprovado, trata-se de um fenômeno que ninguém pode negá-lo. A materialização que se conseguiu, por exemplo, de alguma coisa num laboratório, como é o caso de Eusapia Palladino ou de William Crookes, são coisas que não podem ser negadas. De maneira que os fenômenos extrassensoriais no fundo são parapsicológicos e podem enriquecer a parapsicologia cada vez mais.

Agora, o que falta saber é de que ângulo iremos classificar esses fenômenos. Poderíamos colocá-los num terreno meramente psicológico ou de um ponto de vista exclusivamente materialista? A psicologia é grandiosa, é uma ciência extraordinária, mas não podemos negar também que a parapsicologia avança a passos gigantescos e que um dia chegará a ser constituída em uma cátedra preciosa…

Distintos cavalheiros e damas, como se faz muito tarde, agradeço por terem assistido a essa palestra de uma forma muito amável e eu os convido aos nossos Estudos Gnósticos onde estaremos para recebê-los. Temos lá umas 70 obras de material didático suficiente para os seus estudos.

Paz inverencial!

Samael Aun Weor

4 COMENTÁRIOS

  1. conheço um homem que ele tem a capacidade de ver agua debaixo da terra. esse homem já marcou mais de 11.000 poços, e sem errar. ele não cobra pelo trabalho, mais aceita receber ajuda, pois ele pensa dessa forma “já que foi Deus que deu esse dom, não posso cobrar”. já vi ele marcando poços. ele diz a profundidade, a qualidade da agua, se a obstaculos …. segundo a gnose, o que acontece com ele?

  2. Esta foi umas das melhores páginas sobre
    este assunto,que eu li até hoje na internet.Parabens,continuem,pois estamos precisando muito falar e fazer sobre isto.
    Manomando Francisco de Mello.(Nando)
    Se alguém souber mais orações preces rezas
    deste tipo,por favor me enviem.
    [email protected]

  3. “Vem à minha memória neste instante uma experiência notável de parapsicologia. Um sujeito passivo, em transe cataléptico, pôde projetar fora de si, a uns metros, o seu corpo bioplástico. Alguém que estava na sessão científica sacou o revólver e disparou contra tal corpo, que tinha se tornado visível e tangível a poucos metros, defronte do sujeito em estado de catalepsia.”

    De onde vem isso? se foi uma sessão científica, deve ter fontes.

  4. SERIA O CORPO BIOPLÁSTICO O MESMO UTILIZADO PELOS SUPOSTOS ESPÍRITOS NOS TRABALHOS DE EFEITOS FÍSICOS(MATERIALIZAÇÃO)?
    TEMOS ALGUMA EXPLICAÇÃO PURAMENTE CIENTÍFICA PARA ESSES FENÔMENOS?

    RUBENS

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