Copan – O deus Murciélago

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Muitos povos do continente americano conheciam a importância ecológica dos morcegos, esse mamífero injustiçado e temido. Em todo o planeta há mais de mil espécies de morcegos, a gigantesca maioria é de insetívoros (chegam a comer mais de mil mosquitos, mariposas e outros insetos por dia), e há também uma boa porcentagem dos que se alimentam de pólen e néctar de flores e os que se alimentam exclusivamente de frutas (sendo que espalham as sementes por todos os lados).

Os morcegos perfazem perto de 25% de todos os mamíferos do mundo, portanto são vitais para a manutenção do equilíbrio da Natureza. São raros os morcegos que se alimentam de sangue, e graças a esses pequenos vampiros, muitas pessoas cultivam um medo terrível dessa maravilhosa espécie, que são os únicos mamíferos voadores. Na verdade, o único cuidado que se deve ter com os morcegos são justamente algumas enfermidades, como a raiva.

No entanto, os indígenas americanos de todos os rincões e épocas sabiam que existe uma “força espiritual” impressionante e que os gnósticos chamam de Raio Elemental dos Morcegos. Especialmente os maias reverenciavam uma presença divina nos morcegos.

Havia uma deidade principal que rege os pequenos elementais (que são as almas dos morcegos). Essa Divindade era chamada pelos maias como CAMA ZOTZ ou simplesmente ZOTZ. Era o poderoso e terrível Deus Morcego (em espanhol, Dios Murciélago). Para os gnósticos, o principal “Anjo dos Morcegos”, de nome Zotz, é um Anjo da Morte, que tem ligação com o planeta Saturno e tem poderes divinos para curar ou desencarnar os doentes.

Zotz, o Anjo Supremo do Raio dos Morcegos e Senhor da Vida e da Morte, era muito reverenciado, tanto no México quanto na América Central, onde diversas cavernas eram usadas para rituais de cura e desencarne.

Recentemente, foi encontrado um gigantesco templo maia em Petén, na Guatemala, dedicado ao Deus Zotz

O VM Samael Aun Weor, supremo líder das instituições gnósticas modernas, ensina em dois de seus preciosos livros (Os Mistérios Maias e Mistérios Maiores) sobre o Deva que rege o Raio dos Morcegos:

(Os Mistérios Maias) Também chama-se Tzinacan, que quer dizer morcego, ou Zotz. Está muito bem representado por um peitoral maravilhoso que simboliza a alma, o Homem Causal, o homem verdadeiro, o homem real. O peitoral dirige-se para cima, chegando a conectar-se com os ouvidos, indicando-nos que o homem verdadeiro deve aprender a escutar o Verbo, a palavra, o Logos.

A figura diz-nos que é uma Divindade, um Verbo encarnado. As gônadas estão muito formadas, indicando claramente que o poder está no sexo, em lugar de um falo aparece um rosto para recordar que o homem causal forma-se com o mercúrio, que é a alma metálica do esperma sagrado e que o homem verdadeiro é precisamente o resultado da transmutação sexual.

O Deus Morcego tem poder sobre a vida e sobre a morte.

Está pousado sobre uma pedra, não totalmente cúbica, dando-nos a entender o trabalho para adquirirmos a pedra filosofal.

O nome Camazotz vem da língua quiche e é formado por duas palavras: Kame, Morte, e Zotz, Morcego

O Deus Morcego é um Anjo da Morte que habita o Plano Causal. Nós o encontramos desenhado em estelas, códices e utensílios maias, com a libré do Deus do Ar.

Em Chiapas existe o povoado de Tzinacatán habitado por tactziles (pessoas da família maia) e no Vale de Toluca, o povoado de Tzinacántepec. No Popol Vuh, o morcego é um anjo que baixou do céu para decapitar os primeiros homens maias feitos de madeira, o morcego celeste aconselhou aos deuses Ixbalanqué e Hunab Ku procedimentos para se saírem vitoriosos da prova da Caverna do Deus Morcego.

Os templos náhuas em forma de ferradura estavam dedicados ao culto de Deus Morcego, seus altares eram de ouro puro e orientados para o Leste. Os mestres náhuas o invocavam para pedir-lhe cura para os seus discípulos ou para os seus amigos profanos, pois o Deus Morcego tem poderes sobre a vida e a morte.

À invocação assistiam apenas os iniciados, os quais no interior do templo formavam cadeias, alternando nelas homens e mulheres sem tocarem as mãos nem o corpo. As extremidades da cadeia começavam perto de ambos os lados do altar, e todos permaneciam de cócoras com as costas contra a parede.

No altar, flores recém-colhidas e aos seus lados, sobre duas pequenas colunas talhadas em basalto, dois braseiros de barro pintados de vermelho, símbolo da vida e da morte. Nos braseiros ardiam madeira de cipreste (símbolo da imortalidade), cujo aroma mesclava-se com a fumaça do copalli, resinas olorosas e caracóis brancos marinhos moídos.

O mestre vestia a libré do Deus do Ar e maxtlat ao redor da cintura. De frente, levantava as mãos com as palmas estendidas e vocalizava 3 vezes o mantra ISIS, dividindo em duas longas sílabas, assim:

IIIIIISSSSSS… IIIIIIISSSSSSS… IIIIIISSSSSS…

Depois, com uma faca de obsidiana com punho de jade e ouro, abençoava os concorrentes, e em silêncio fazia a invocação do ritual:

“SENHOR DA VIDA E DA MORTE, INVOCO-TE PARA QUE DESÇAS PARA SANAR NOSSAS DOENÇAS”.

Silêncio imponente, somente interrompido pelo crepitar do defumador, subitamente, um bater de asas e um aroma de rosas e de nardos espalhavam-se por todo o templo. Dos braseiros saía uma chama que queria alcançar o céu; o mestre e os assistentes prosternavam-se até tocarem o solo com suas frontes.

O Deus Morcego baixava ataviado com a libré do Deus do Ar ou em forma de pássaro-morte. Eram as Provas Funerais do Arcano 13. Treze degraus tinham os templos e 13 mechas tem a barba do Ancião dos Dias.

Dentro do recinto, onde levantava-se o templo maior de Tenochtítlan, existiu um templo circular dedicado ao Sol.

Nas câmaras secretas desse templo de Mistérios existiu o Tzinacalli (Casa do Morcego), espaçoso salão com aspecto interior de sombria caverna, onde tinham lugar os rituais de iniciação para alcançar os altos graus de cavaleiro ocelotl (jaguar) e cavaleiro guautli (águia).

Sobre o lintel da pequena porta, dissimulada no muro interno do fundo da caverna, a qual dava passagem para o Templo, pendia um espelho grande de obsidiana, e diante dessa portinha ardia no chão uma fogueira de pinheiro.

O candidato era levado ao tzinacalli, onde era deixado até altas horas da noite. Haviam-lhe indicado que caminhasse através da escuridão em direção à luz de uma fogueira, e lá aguardasse e falasse ao guardião do umbral:

“SOU UM FILHO DA GRANDE LUZ… TREVAS, AFASTAI-VOS DE MIM…”

Sobre a cabeça do candidato os morcegos começavam a chiar e a esvoaçar. A lenha do primeiro ia aos poucos se apagando, ficando dela apenas o rescaldo, cujo fogo refletia no espelho.

De repente, ruidoso bater de asas, um alarido aterrador e uma sombra com asas de morcego e forma humana, maxtlal em torno da cintura, emergia da escuridão e com sua pesada espada ameaçava decapitar o intrépido invasor dos seus domínios.

Infeliz do candidato que retrocedesse aterrorizado! Uma porta que até então permanecera habilmente dissimulada na rocha abria-se silenciosamente e no portal aparecia um estranho assinalando-lhe o caminho dos profanos, de onde o candidato havia vindo.

Mas se o candidato tinha presença de espírito suficiente e resistia impávida a investida de Camazotz ( o Deus dos Morcegos), a pequena porta oculta diante dele, abria-se suavemente e um Mestre vinha-lhe ao encontro para descobrir, oculta entre as sombras da caverna, a esfinge do candidato modelada em papel de amate, a qual era incinerada enquanto os demais mestres davam ao candidato as boas-vindas, convidando-o a entrar no Templo.

Esse ritual simboliza a morte das paixões da personalidade do iniciado, em sua passagem das sombras para a luz.

Através das provas da ordália a que eram submetidos, os candidatos à iniciação nos antigos Mistérios, a alma animal destes retratava-se às vezes como morcego, a alma deles estava cega e privada de poder, por falta de luz espiritual: o Sol.

Como vampiros, os depravados e avaros jogam-se sobre suas presas para devorar as substâncias vivas nelas existentes, e depois deambular preguiçosamente, regressando às sombrias cavernas dos sentidos, onde ocultam-se da luz do dia e todos que vivem nas sombras da ignorância, da desesperação e do mal. O mundo da ignorância é governado pelo medo, pelo ódio, pela cobiça, pela luxúria. Em suas sombrias cavernas vagueiam os homens e as mulheres que somente se movem no vaivém de suas paixões.

Somente quando o homem realiza as verdades espirituais da vida, escapa desse subterrâneo, dessa maldita caverna de morcegos, onde Camazotz, que muitas vezes mata apenas com a sua presença, permanece oculto espreitando as suas vítimas. O sol da verdade levanta-se no homem, ilumina seu mundo, quando este eleva sua mente desde a obscuridade da ignorância e do egoísmo, para a luz do altruísmo e da sabedoria.

Símbolo desse estado de consciência no homem são os olhos de águia que sobre os puros pés de Coatlícue procuram ver em direção ao infinito.

PRÁTICA: Recomendamos a escolha de um lugar privado para as suas práticas. Um pequeno escritório ou mesa. Uma toalha branca sobre a mesa. Uma pequena cruz de madeira ou de metal. Suas velas de cera ou de parafina. Escolha uma quinta-feira de 9 às 10 horas, ou de 10 às 11 horas da noite.

Três dias antes de fazer a invocação ao Deus Morcego ou Camazotz com quem tem de enfrentar o estudante que queira avançar na senda, deve se alimentar exclusivamente de frutas, legumes, pão preto e leite. Não tema invocá-lo. A alma purificada pelo amor e a sincera devoção ao seu Deus Interno não devem temer nada nem a ninguém, senão ao próprio temor.

Depois de sua invocação, informe-se detidamente, detalhadamente, sobre o que experimentou, viu ou ouviu, durante a prática, e guarde para você mesmo estas experiências de sua vida.

(Mistérios Maiores) As almas, durante o sonho, podem viajar a qualquer parte e voltar ao corpo graças ao Cordão Prateado. Os Anjos da Morte, quando estão oficiando, assumem a aparência esquelética, e depois de seu trabalho assumem formosa presença, realmente são Anjos.

O Deus Morcego mora no centro do Éden. É um Anjo da Morte; assim como tem poder para matar, também tem para sanar.

Os astecas formavam uma cadeia em forma de ferradura para invoca-lo; os elos dessa cadeia eram soltos, ninguém se tocava as mãos nem o corpo nem se abriam pelos lados do altar, os assistentes ao rito permaneciam cheios de respeito, de cócoras, aconchegados.

O mantra ISIS era vocalizado por todos em duas sílabas e alongando o som de cada letra assim:

Iiiiissssss… Iiiiisssss… Iiiiisssss…

Sustentando o som de cada letra o máximo possível. O “S” vibra como o som do grilo (chapulín) ou como o guizo da serpente cascavel, tão sagrada entre os astecas. Essa é a sutil voz com que se podem fazer maravilhas e prodígios. O mantra era vocalizado muitas vezes seguidas. O sacerdote jogava em um braseiro um incenso de caracóis marinhos reduzidos a um pó branco; os caracóis e o fogo sagrado se acham associados internamente. Os braseirinhos eram postos sobre uma mesa, no altar ardiam duas luzes, símbolos da vida e da morte; o sacerdote, voltado com o rosto em direção aos assistentes, abençoava com uma faca afiada, e com todo coração chamava o Deus Morcego… era assim que o terrível Hierarca da Morte assistia. Esse rito pode ser praticado hoje nos santuários gnósticos.

O Deus Morcego pode sanar os enfermos se a Lei do Carma permitir. Qualquer grupo de pessoas pode praticar esse rito para sanar enfermos graves. Os astecas praticavam esse rito em um templo de ouro maciço, o qual ainda existe em Jinas (Nota do Tradutor: Quarta Dimensão).

O Deus Morcego assiste às provas funerais do Arcano 13. Quando Jesus chegou ao Arcano 13, vagou entre os sepulcros dos mortos, os terríveis espectros da morte o assediaram nos terrores da noite horrível, os cadavéricos fantasmas da morte lhe recordaram coisas horríveis do passado. Jesus teve de vencer o Supremo Conselho dos Anjos da Morte, a luta foi terrível, porém Ele venceu, não teve temor. Então, o Ancião dos Dias, como um sopro terrível, entrou n’Ele, assim o Filho e o Pai são Unos, e isso se realiza no Arcano 13, esse processo sempre é igual em todo aquele que recebe a Coroa. Isso pertence à Segunda Iniciação dos Mistérios da Fé e da Natureza.

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.

Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

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