Antes de tudo, é necessário conhecer as leis do trabalho esotérico gnóstico, se é que de verdade queremos uma transformação radical e definitiva.
Em nome da verdade, diremos que se por algum lado temos de começar a trabalhar sobre nós mesmos, tem que ter relação com a mente e com o sentimento.
Seria absurdo começar a trabalhar com o centro motor, por exemplo. Como sabemos, este trabalho se relaciona com os hábitos, costumes e ações deste centro. Obviamente, isto seria começar com um faquirismo absurdo.
A propósito de faquires, na Índia há alguns que levantam um braço e o mantêm levantado por tempo indefinido, até que chega a ficar rígido. Há outros que permanecem firmes em um só lugar, durante vinte ou trinta anos, até converterem-se em verdadeiras estátuas.
Mas, depois de tudo, o que ganham estes faquires? Desenvolver um pouco a força da vontade, isso é tudo.Não podemos pensar que vão criar o Corpo da Vontade Consciente; é claro que não. Não se pode criar um corpo fora da Nona Esfera.
Se fosse possível criar um corpo em ausência da Nona Esfera, teríamos nascido do ar, das águas de um lago, de uma rocha, e não seríamos filhos de um homem e uma mulher, mas em verdade somos filhos de um homem e uma mulher. Portanto, a criação sempre se realiza na Nona Esfera, isso é óbvio.
Nenhum faquir poderia criar o Corpo da Vontade Consciente longe da Nona Esfera. Nada ganham, pois, os que se dedicam ao faquirismo, exceto desenvolver um pouco a força da vontade, e isso é tudo.
Portanto, começar pelo centro motor seria absurdo.
Ainda mais absurdo seria começar a trabalhar com o centro sexual, sem ter uma informação correta do corpo de doutrina gnóstico. Pois quem começa nestas condições não sabe o que está fazendo, não tem consciência clara sobre o trabalho na Forja dos Ciclopes, pode cair, é óbvio, em erros gravíssimos.
Recordemos que o primeiro centro é o intelectual, o segundo, o motor; o terceiro, o emocional; o quarto, o instintivo; e o quinto, o sexual. Existem também o sexto, que é a emoção superior, e o sétimo, o mental superior.Mas, se começássemos com os centros inferiores da máquina orgânica, cairíamos no erro. Nestes estudos, antes de tudo, devemos começar pelos centros intelectual e emocional.
Necessitamos em verdade mudar nossa forma de pensar, do contrário andaremos pelo caminho do erro. De que serviria a vocês assistir essas aulas, se não mudam sua forma de pensar? Aqui são dados muitos exercícios esotéricos e orientação doutrinária. Mas se vocês não mudam a forma de pensar, de nada lhes servirá o que aqui lhes é dado.
Dizemos que há que dissolver o ego, se sacrificar pela humanidade, criar os corpos existenciais superiores do Ser, etc. Mas, se vocês continuam pensando como antes, com os mesmos hábitos mentais de outros tempos, de que serve tudo o que estão escutando aqui?
Dizemos que é necessário desintegrar o Ego, mas vocês continuam com seus velhos hábitos mentais, com suas formas e sistemas caducos de pensar. Então, de que serve a informação que lhes estamos dando?
Nas Sagradas Escrituras, se fala muito claramente, e precisamente muito próximo de João Batista, do vinho velho e do vinho novo. Como disse o Cristo, ninguém colocaria vinho novo em odres velhos, porque os odres velhos se romperiam. Assim, para vinho novo, são necessários odres novos.
O Grande Cabir Jesus disse também que ninguém pensaria em remendar roupa velha com retalhos de roupa nova, como cortar um terno novo para remendar um terno velho. Isto seria um absurdo, não é verdade?
Assim também este novo ensinamento é como o vinho novo, necessita odre novo. Que odre é esse? A mente. Se não abandonamos as formas caducas de pensar, se continuamos pensando com os hábitos que tínhamos antes, simplesmente estamos perdendo o tempo.
É necessário mudar a forma de pensar. Para vinho novo, necessitamos um odre novo. Precisamos mudar completamente nossa forma de pensar, a fim de receber este ensinamento. Este é o ponto crítico da questão.
Porque se recebemos este ensinamento e o acrescentamos a forma de pensar que tínhamos antes, a nossos velhos hábitos mentais, nada estamos fazendo, estamos enganando a nós mesmos. Querer engatar o carro do ensinamento gnóstico a nosso velho carro carcomido pelo tempo, cheio de lixo e imundície, é enganar a nós mesmos.
Antes de tudo, trata-se de preparar o recipiente para receber o vinho do ensinamento gnóstico. Este recipiente é a mente. Só assim, com um recipiente novo, transformado, com um recipiente verdadeiramente magnífico, pode-se receber este vinho do ensinamento gnóstico. Isto é o que quero que todos os irmãos vão compreendendo.
Necessitamos que as emoções negativas sejam eliminadas de nós, porque essas emoções negativas não permitem uma mudança de fundo. É impossível nos transformar, se ainda possuímos dentro de nós emoções negativas. Temos que erradicar de nosso coração as emoções de tipo negativo, pois são verdadeiramente prejudiciais, em todos os sentidos.
Uma pessoa que se deixa levar pelas emoções negativas torna-se mentirosa em tudo. Conheço o caso de um senhor que atualmente se encontra à beira da morte. Este bom homem teve uma embolia cerebral.
Qual o motivo? Muito claro, alguém o informou (mal) de que sua irmã havia sido vítima de uma fraude. Esta informação foi depois examinada e constatou-se que era falsa. Este senhor chamou sua irmã e acreditou numa mentira difamante que ela lhe contou. Levou tudo tão a sério que teve uma embolia cerebral; agora encontra-se à beira da morte. Vejam vocês este caso. Portanto, as emoções negativas levam-nos ao fracasso.
A irmã ainda estava convencida de que foi vítima de uma fraude. É óbvio que caluniava um inocente, mas ela estava certa de que foi vítima. Investiguei pessoalmente o caso e me dei conta de que ela mesma estava se autoenganando. Estava mentindo para si mesma, vítima das emoções negativas, e ainda caluniando outra pessoa, de forma inconsciente.
De modo que, já disse e repito: as emoções negativas tornam as pessoas mentirosas. Observem como as pessoas mentem, levadas pelas emoções negativas. Emitem falsos julgamentos e depois se arrependem, mas é tarde, já os emitiram.
Portanto, devemos eliminar de nossa natureza as emoções negativas.
A mentira, certamente, é uma conexão falsa. O normal é que a energia do Pai, a vida do Ancião dos Dias, isto é, de nosso Ser interior profundo, flua através da organização cósmica interior até chegar à mente. Mas se fazemos uma conexão falsa, sua energia já não pode fluir. É como se interrompêssemos a passagem da energia. A eletricidade não chegaria à lâmpada, às lâmpadas que nos iluminam. A mentira é uma conexão falsa.
Geralmente, quando uma pessoa se enche de emoções negativas, torna-se mentirosa; esta é a realidade dos fatos.
Se compreendemos verdadeiramente tudo isso e começamos por mudar nossa forma de pensar e de sentir, isto prontamente refletirá em nossas ações. Uma vez que alguém mude sua forma de pensar, de sentir e de agir, então está perfeitamente pronta para trabalhar com os mistérios do sexo.
O erro de alguns missionários é querer que as pessoas comecem de uma vez a trabalhar com o Maithuna, na Nona Esfera, sem conhecer sequer o corpo de doutrina; isto é absurdo. As pessoas que não mudam sua forma de pensar, que continuam com seus mesmos hábitos, que continuam com suas mesmas formas de sentir, que são vítimas das emoções negativas, não compreendem os mistérios do sexo e os profanam.
Por isso, Paracelso insiste em que primeiro há que se conhecer a ciência, para depois começar a trabalhar na Nona Esfera. E nisto tem razão Felipe Teophrastus Bombastus de Hohenheim, Auréola Paracelso. Comecemos então por mudar nossa forma de pensar e de sentir.
Muitos recebem aqui ensinamentos esotéricos, lhes são dados, mas continuam pensando como antes, como pensavam há vinte anos. Que aconteceu então? Estamos perdendo tempo! O conhecimento é dado às pessoas para que se autorrealizem, para que se transformem, mas continuam pensando como antes.
Obviamente, se anda muito mal. Conheço irmãozinhos gnósticos que estão há vinte ou trinta anos nos ensinamentos gnósticos e ainda pensam como pensavam no passado. São muito ilustrados, manipulam muito bem as ideias, mas se alguém examina detidamente suas vidas, seus costumes, verá que são os mesmos que tinham antes.
Há irmãos muito judiciosos, missionários que falam muito bem sobre a Gnose, que lidam com o corpo de doutrina de uma forma extraordinária, mas tenho estado observando-os e agem como quando não eram gnósticos, agem como agiam há trinta anos.
Têm os velhos costumes que tinham quando não conheciam estes ensinamentos. Continuam com os mesmos velhos costumes. Que estão fazendo estes irmãos? Pois é óbvio que estão se autoenganando miseravelmente.
Portanto, temos que começar por mudar a forma de pensar e depois a forma de sentir. Colocar o vinho novo, o vinho gnóstico, em odres novos, não em odres velhos.
Uma mente decrépita, cheia de hábitos velhos, hábitos de vinte ou trinta anos atrás, não está preparada para receber o vinho da Gnose. Uma mente assim precisa forçosamente passar por uma mudança total, do contrário se está perdendo o tempo miseravelmente.
O que é que queremos com tudo isso? Despertar Consciência, não é verdade? Esta é a verdade, isto é o que queremos; despertar!
No mundo oriental, não se ignora que as pessoas estão adormecidas, ninguém ignora. Mas no mundo ocidental as pessoas acreditam que estão despertas e, no entanto, fazem coisas que não querem fazer. Lançam-se à guerra, porém não querem ir à guerra, mas sempre vão, ainda que não queiram. Por que? Porque estão hipnotizadas.
Por exemplo, sabemos que se mandarmos um sujeito hipnotizado matar alguém, ele vai e mata. Isto já está até previsto no código penal de todos os países da Terra. Assim também acontece com as pessoas de todas as latitudes, estão hipnotizadas, mas acreditam que estão despertas.
Dizem-lhes que chegou a hora de ir à guerra e vão à guerra. Não querem ir, mas vão, porque estão hipnotizadas. E o hipnotizado, hipnotizado está. Isto é gravíssimo, mas tremendamente certo.
Precisamos sair do sono hipnótico, isto é verdade. Mas vamos ver como saímos do sono hipnótico. Se estamos satisfeitos com nossos hábitos mentais, com nosso sistema de raciocinar, com nossos hábitos sentimentais, com nossos diferentes costumes, adquiridos pela hereditariedade e pela família, então, ainda que estejamos aqui nesta sala escutando os ensinamentos, simplesmente estamos perdendo o tempo.
Perguntem a vocês mesmos para que vieram. Com que objetivo estão reunidos nesta sala? Se estão aqui por mera curiosidade, valeria mais que não tivessem vindo. Se de verdade lhes anima o desejo de mudar, mas continuam muito satisfeitos com suas velhas normas de pensar, simplesmente estão se autoenganando.
Se é que vocês querem engatar o carro da Gnose a seu trem envelhecido pelo tempo e carcomido até o tutano dos ossos, estão fazendo um jogo muito bobo e que não conduz a nada. Assim, não nos enganemos a nós mesmos. Se queremos mudar, sejamos sérios e mudemos a nossa forma de pensar.
Cada um tem uma forma de pensar, cada um acha que sua maneira de pensar é a mais correta. Mas na realidade as diferentes formas de pensar, de cada um ou de todos em seu conjunto, de correto não têm nada, visto que estão hipnotizados. Como pode pensar corretamente uma pessoa que está hipnotizada? Mas vocês acreditam que estão pensando corretamente, eis aqui o erro. Seus hábitos mentais não servem.
Se é que querem mudar, aqui têm um ensinamento novo, aqui têm o vinho da gnose. Mas, por favor, tragam odres novos para esse vinho, não odres velhos. O vinho novo arrebenta os odres velhos.
Interessa-me dar-lhes o ensinamento, meus irmãos, mas dá-lo seriamente. Por isso, convido-os a mudar vossa maneira de pensar.
Por acaso vocês refletiram sobre o que é a consciência? Com o que poderíamos comparar a consciência? A um foco de luz, que se pode dirigir a uma parte ou outra, isso é óbvio. Devemos aprender a colocar a consciência onde deve ser colocada. Onde estiver nossa consciência, ali estaremos nós.
Vocês que me escutam agora, estão seguros que a consciência de cada um está aqui? Se está aqui, obrigado. Mas estamos certos de que está aqui? Pode ser que esteja agora em casa, pode ser que esteja no bar, pode ser que esteja no mercado e que somente estamos vendo aqui a personalidade ou fachada de tal ou qual irmão. Assim, onde estiver a consciência, ali estaremos nós.
A consciência é algo que devemos aprender a colocar inteligentemente, onde deve ser colocada. Se colocarmos nossa consciência em um bar, ela atuará em função do bar. Se a colocarmos em uma casa de prostituição, ali estará e se a colocarmos em um mercado, teremos um bom ou um mau negociante. Onde quer que esteja a consciência, ali estaremos nós.
A consciência, infelizmente, está aprisionada. Um eu de luxúria poderá levá-la a uma casa de prostituição. Um eu de bebedeira poderá carregá-la para um bar. Um eu cobiçoso a levará a um mercado. Um eu assassino a levará à casa de um inimigo.
Vocês acham correto não saber controlar a consciência? Entendo que é absurdo levá-la a lugares onde não deve estar, isso é óbvio.
Infelizmente, repito, nossa consciência está enfrascada, aprisionada, entre os diversos elementos inumanos que carregamos em nosso interior. Precisamos quebrar todos esses elementos dentro dos quais está engarrafada a consciência. Mas faríamos isso se não mudássemos nossa forma de pensar?
Se estamos satisfeitíssimos com os nossos velhos hábitos caducos e extemporâneos que temos na mente, nos preocuparíamos em despertar a consciência? É claro que não. Se queremos mudar, vamos mudar a partir de agora mesmo, mudando nossos hábitos mentais, nossa forma de pensar.
Quando alguém muda de verdade, origina mudanças interiores. Quando alguém muda sua forma de pensar, pode então pensar em mudar totalmente em seu interior. Mas se continuam existindo hábitos inconvenientes na mente, como alguém pode dizer que vai provocar uma mudança em sua consciência interior? Isso não é possível, seria contraditório que pensássemos uma coisa e fizéssemos outra. Não é possível.
Assim, precisamos nos tornar donos de nossa própria consciência, colocá-la onde deve ser colocada, situá-la onde deve situar-se, aprender a colocá-la em um lugar e aprender a tirá-la. É um dom maravilhoso, mas é um dom que não estamos usando sabiamente.
Realmente, a única coisa digna que temos dentro de nós é a consciência. Os diferentes agregados psíquicos que temos de modo algum são dignos. A única coisa digna, a única coisa real, que vale a pena em nós, é a consciência. Mas ela está adormecida, não sabemos controlá-la. Os agregados psíquicos levam-na para onde querem. Realmente, não sabemos usá-la, e isso é lamentável.
Se queremos uma transformação, uma mudança de base, devemos também ir aprendendo o que é isso que se chama consciência.
No mundo oriental, nos foi dito que antes de que surja em nós o Bodhisatva, deve surgir o Bodhicitta. Mas, o que é isso que se chama Bodhisatva? Alguns de vocês saberão e outros não. Blavatsky diz que aquele que possui os corpos causal, mental, astral e físico é um Bodhisatva. Quer dizer, a alma humana, ou alma causal, vestida com tais corpos, é um Bodhisatva.
Ela faz uma plena diferenciação entre um Mestre em si, que é Atman-Buddhi, ou seja, o Íntimo e a Alma Consciência, e o Bodhisatva, que é a Alma Humana revestida com os corpos existenciais superiores do Ser.
Mas o Budismo Mahayana é mais exigente, não reconhece como Bodhisatva senão aqueles que se sacrificaram pela humanidade através de sucessivos Mahavantaras.
O budismo mahayana diz que há dois tipos de seres. Uns seriam os budas pratyekas e os aspirantes a budas pratyekas, que são os Srávakas. Estes não se sacrificam pela humanidade, jamais, nunca. Lutam por se transformar e se transformam, mas nunca dão suas vidas por seus irmãos e jamais tampouco encarnam o Cristo Íntimo. Os outros são verdadeiramente os Bodhisatvas, aqueles que renunciaram à felicidade do Nirvana por amor à humanidade.
Aqueles que em diferentes Mahavantaras entregaram seu sangue pela humanidade. Que podendo viver felizes no Nirvana, renunciaram a qualquer felicidade por seus irmãos na Terra. Eles são os únicos que verdadeiramente podem encarnar o Cristo.
Mas voltemos à questão do Bodhicitta. Que é o Bodhicitta? É a consciência desperta, já desenvolvida, convertida em Embrião Áureo, é a verdadeira armadura argentada que pode nos proteger das potências das trevas, que nos dá a sapiência e a experiência.
Antes de que surja o Bodhisatva no interior de alguém, surge o Bodhicitta, isto é, a consciência desperta e desenvolvida. Vejam quanto vale esse dom que se chama consciência.
É uma lástima que a humanidade tenha a consciência engarrafada no ego. É claro que enquanto as pessoas continuam pensando como pensam, sentindo como sentem e com os mesmos velhos costumes rançosos, não poderão despertar a consciência, que continuará hipnotizada. Como conseqüência ou corolário, diremos que em pessoas assim nunca surgirá o Bodhicitta.
Quando surge em alguém, no aspirante, o Bodhicitta, que é a consciência desenvolvida e desperta, então logo aparece o Bodhisatva. Obviamente, o Bodhisatva vai se formando dentro do clima psicológico do Bodhicitta. É grandioso o Bodhicitta…
De fato, meus caros irmãos, é verdadeiramente maravilhoso quando alguém muda sua forma de pensar. Porque estão, e só então, trabalhará para o despertar da consciência. Então, somente então, fará um trabalho sério que o conduza ao nascimento do Bodhicitta. Antes, não é possível.
Vivemos em um mundo doloroso. Todos vocês estão cheios de dor, de sofrimento. Felicidade não existe neste mundo, é impossível. Enquanto houver ego, tem que haver dor. Enquanto continuarmos com nossa forma rançosa de pensar não poderemos ser felizes. Enquanto formos vítimas das emoções negativas, qualquer tipo de felicidade torna-se impossível.
Na verdade, precisamos chegar à felicidade. Não poderemos alcançá-la se não despertarmos a consciência, e nunca despertaremos a consciência se continuarmos com a forma de pensar que temos atualmente.
Assim, primeiro vejamos como estamos pensando. Mudemos esta forma antiquada de pensamento. Preparemos odres novos para o vinho novo que é a Gnose e assim trabalharemos de verdade, seriamente.
Este mundo, em si mesmo, é produto da lei de originação. Este mundo é sustentado pelas leis de causa e efeito, que são as leis do Karma, também chamadas de leis de ação e consequência. Tal ação, tal consequência. Este é um mundo bastante complexo, um mundo de associações, combinações múltiplas, dualismo incessante, luta de opostos, etc. Nestas circunstâncias, não é possível haver felicidade neste mundo.
Cada um de nós tem que pagar seu Karma, estamos cheios de dívidas. Obviamente, este Karma nos traz muitas amarguras, muita dor, não somos felizes.
Muitos pensam que poderiam chegar à felicidade através da mecânica da evolução. É um conceito falso, pois a mecânica é mecânica. A lei da evolução e também a da involução constituem o eixo mecânico desta maquinaria que se chama natureza. Há evolução no grão que germina, na planta que se desenvolve e por fim dá frutos. Há involução na planta que entra em decrepitude e por último se converte em lenha seca.
Há evolução na criança que se forma no útero materno, na criatura que nasce, cresce, se desenvolve e vive à luz do sol. Mas existe involução no ser humano que envelhece e declina, que entra em decrepitude e ao final morre. Isto é completamente mecânico.
A própria lei do Karma, em certo sentido, também é mecânica. É mecânica no sentido causativo, vista à luz das doze nidanas.
Precisamos nos libertar precisamente da lei do Karma. Precisamos nos livrar deste movimento mecânico da natureza. Precisamos nos libertar e isto não acontecerá através da evolução mecânica.
Qualquer evolução mecânica se processa de acordo com as leis de causa e efeito, das leis das associações, das combinações múltiplas, etc. O que é mecânico, é mecânico.
Precisamos nos libertar da lei da evolução e também da lei da involução.
Precisamos dar o grande salto, para cair no Vazio iluminador.
Obviamente, existe um contraste entre a teoria da relatividade, predicada por Einstein, e o Vazio Iluminador. O relativo é relativo. A maquinaria da relatividade funciona com a luta dos opostos, com o dualismo. Na luta das antíteses há dor.
Se queremos a autêntica felicidade, devemos sair da mecânica da relatividade.. Dar o grande salto, repito, para cair no seio do Vazio Iluminador.
Em minha mocidade, eu experimentei o Vazio Iluminador. Tinha apenas dezoito anos quando pude dar o grande salto, passar além do tempo, e vivenciar isso que não é do tempo, isso que poderíamos chamar a experiência do prajnaparamita, em seu mais cru realismo.
Não é demais enfatizar o fato de que pude repetir tal experiência foi repetida três vezes. Então soube o que era o Sunyata, pude vivê-lo.
No Vazio Iluminador, não existe o dualismo conceitual de nenhuma espécie. A maquinaria da relatividade não funcionaria no Vazio Iluminador. A lei das combinações mútuas e associações mecânicas não seria possível no Vazio Iluminador, toda a teoria da relatividade de Einstein ficaria sem efeito no Vazio Iluminador.
Indubitavelmente, a experiência do Vazio Iluminador só é possível em estado se samadhi, ou, como se diz também, em estado de prajnaparamita.
No Vazio Iluminador não existem formas de nenhuma espécie, pode-se dizer que ali se passa além do universo e dos deuses.
No Vazio Iluminador encontramos a resposta para aquela frase: “se todas as coisas se reduzem à unidade, à que se reduz a unidade”? Tal resposta não é possível para a mente humana, ou pelo menos para a mente que funciona de acordo com a lógica formal. Mas no Vazio Iluminador não é necessária tal resposta, pois ela é uma realidade patente: se todas as coisas se reduzem à unidade, a unidade também se reduz a todas as coisas.
Então, quem penetra neste estado de, diríamos, maha-samadhi, vive em todas as coisas, desprovido de tudo, e isto por si só é grandioso, sublime, e inefável.
Submergir-se definitivamente em Sunyata, isto é, o Vazio Iluminador definitivo, somente é possível mediante o grande salto e a condição definitiva de haver passado pela aniquilação budista total. Do contrário, não serve.
Naquela época, em minha mocidade, eu ainda não havia passado pela aniquilação budista e, à medida em que me aproximava da Grande Realidade, a consciência se expandia de maneira desmesurada. É óbvio que nesta situação, não havendo passado pela aniquilação budista, senti terror indizível, motivo pelo qual regressei ao universo da relatividade de Einstein.
Repito, por três vezes experimentei o Vazio Iluminador. E no Sunyata soube que há algo além do vazio… O quê? Isso que se chama Talidade, a Grande Realidade. Soube isto com uma intuição de tipo transcendental.
Porque no terreno da intuição, dentro do mundo da intuicionalidade, há distintos graus de intuição. Inquestionavelmente, o grau intuicional mais elevado é o das mentes filosófico-religiosas ou filosófico-místicas. Este tipo de intuição corresponde ao prajnaparamita.
Esta faculdade permitiu-me saber que além do mundo do Vazio Iluminador se encontra a Grande Realidade. Quero afirmar, de forma enfática, que este caminho da Gnose conduz à Grande Realidade. A Grande Realidade, ou a Talidade, Sunyata, prajna paramita, está além deste universo da relatividade, isto é, além da própria mecânica da relatividade e além, muito além do Vazio Iluminador. Isto é, a Talidade transcende esses dois opostos, que são a mecânica da relatividade e o Vazio Iluminador.
O Vazio Iluminador não é a última palavra, é a antessala da Talidade, da Grande Realidade.
Não estou falando com vocês de forma meramente teórica. Em passados Mahavântaras experimentei a Talidade, e, como a conheço, tenho que dar testemunho vivo dela.
O importante para nós é passar por um suprema aniquilação, a fim de que a consciência, convertida em Bodhicitta e totalmente desperta, possa dar o grande salto para cair no do Vazio Iluminador. Um passo a mais e chegamos à Talidade.
Mas, como lhes digo, devemos começar por mudar nossa forma de pensar, para trabalhar corretamente sobre nós mesmos, desintegrando realmente os elementos psíquicos indesejáveis que temos dentro de nós. Não poderemos conseguir o despertar da consciência, o desenvolvimento do Bodhicitta, se antes não mudarmos a nossa forma de pensar.
É necessário saber meditar, compreender o que é a técnica da meditação.
O objetivo da meditação é muito simples. O que é que queremos através da meditação? Tranqüilidade, tranquilizar-nos. Pareceria supérfluo o que estamos dizendo. Vocês poderiam objetar dizendo que poderíamos tranquilizar-nos com uma garrafa de vinho, isso é claro. Poderiam objetar dizendo que poderíamos tranquilizar-nos ouvindo uma sinfonia de Beethoven. Mas, na realidade, conseguir a tranquilidade é mais difícil do que vocês podem imaginar.
Ninguém poderia ter tranquilidade mental e ter sua mente em santa paz, se não eliminou de seu centro intelectual o pensar caduco e extemporâneo. Ninguém poderá ter paz em seu coração, se não houver previamente eliminado de si mesmo as emoções negativas e prejudiciais.
Quando um gnóstico, um arhat gnóstico, põe-se a meditar, o que procura é tranquilidade. Neste instante, propõe-se a trabalhar sobre algum elemento inumano que tenha descoberto em si mesmo mediante a auto-observação. Se descobriu a ira, se dedicará a compreender o agregado psíquico da ira para dissolvê-lo com a ajuda da Divina Mãe Kundalini, que deverá invocar. Talvez descobriu que tem o agregado psíquico do ódio, então se proporá a desintegrar tal agregado para que surja em sua substituição o amor.
à medida em que vamos desintegrando todos esses agregados psíquicos que carregamos em nosso interior, a consciência irá despertando.
Na Gnose sempre se fala da importância do sexo, mas só trabalharemos com êxito na Forja Acesa de Vulcano sob a condição de, primeiro mudar nossa forma de pensar, para que tenhamos uma rica informação, e depois tornar-nos mais conscientes dos ensinamentos.
Não queremos de modo algum eludir os mistérios sexuais. Espero que vocês entendam que o caminho que conduz à Talidade é (sublinhem isto) completamente, absolutamente sexual.
Não resta dúvida de que um solteiro, ou uma solteira, podem dissolver, à base de muita compreensão, uns cinquenta por cento dos agregados psíquicos, sempre e quando se apela à Mãe Divina Kundalini durante a meditação.
Mas há elementos psíquicos muito pesados, que correspondem ao mundo das 96 leis, e estes não se desintegram a não ser com o movimento elétrico da suástica em ação, que gera determinado tipo de eletricidade sexual transcendente.
Obviamente, a mulher-serpente, ou seja, a princesa Kundalini, a Divina Mãe Cósmica, é reforçada com este tipo de eletricidade. Então, com seu poder elétrico, pode desintegrar atomicamente os elementos psíquicos mais pesados, dentro dos quais está engarrafada a consciência.
Assim, pouco a pouco, chega o instante em que a consciência fica completamente liberada, desperta, pronta para dar o grande salto e cair no Vazio Iluminador, que é a antessala da grande realidade.
Em todo este mundo nos criticam muito porque damos ênfase ao sexo, e muitos dizem que há outros caminhos que podem conduzir à Grande Realidade. É óbvio que cada um é livre para pensar como quiser, mas, em nome da verdade, por experiência mística direta, acumulada no fundo de minha consciência através de sucessivos mahavântaras, posso dizer-lhes que o caminho que conduz diretamente à Grande Realidade, à Talidade, além do Vazio Iluminador e da mecânica da relatividade, é absolutamente sexual, 100%.
Aqueles que discordam desta questão revelam, com esse proceder psicológico, desconhecimento da crua realidade. É óbvio que quem tem verdadeira experiência nestas questões, através de sucessivos mahavântaras, sabe muito bem que é assim. Não é possível escapar definitivamente da mecânica da relatividade por outra porta ou por outro caminho que não seja o direto, o que leva à Grande Realidade.
Sunyata é um termo budista muito interessante, nos indica perfeitamente a experiência mística, vivida, daquele que não só experimentou o Vazio Iluminador, como também chegou além, muito além, à Talidade, à Grande Realidade.
Dentro do terreno exclusivamente esotérico-místico, búdico-crístico, discordo de muitos budistas ortodoxos. Repito, dentro do terreno exclusivamente místico-budista, discordo de muitos místicos budistas ortodoxos que põem o Vazio Iluminador como o máximo.
Nós, os gnósticos, vamos além da mecânica da relatividade, além desta maquinaria da teoria da relatividade de Einstein, fundamentada no dualismo conceitual, e ainda além do Vazio Iluminador.
Nós queremos a Grande Realidade, a experiência vivida, Sunyata. A vívida experiência do prajna paramita. Graças a Deus, temos em nosso interior a Consciência. É precisamente o dom mais precioso, lástima que esteja aprisionada no ego. Mas, se conseguirmos libertar a consciência, então estaremos prontos para o grande salto, para o salto supremo.
Uma consciência liberta é uma consciência que pode mergulhar na grande realidade da vida livre em seu movimento. Esta grande realidade é felicidade inesgotável, além do corpo, das emoções e da mente. É uma felicidade impossível de descrever com palavras.
Todos queremos a felicidade e não temos a felicidade. Necessitamos ser felizes, mas não é possível sermos felizes em um mundo de combinações. Não é possível sermos felizes dentro desta maquinaria da relatividade.
Lembremos que o ego é cego, que o ego é um livro de muitos tomos e está sujeito às leis de causa e efeito.
É hora de pensarmos em nos libertar do Karma, de nos livrar deste mundo doloroso, desta maquinaria tão infernal. É hora de pensarmos na verdadeira felicidade da Grande Realidade.
Por isso, os convido a mudar sua forma de pensar. Porque se vocês mudarem, poderão trabalhar sobre si mesmos para despertar a consciência. Mas, se não mudarem sua forma de pensar, se somente querem esta doutrina para engatá-la a seu velho trem decrépito e degenerado, estarão perdendo tempo.
Quero a felicidade para vocês, a verdadeira bem-aventurança do Ser.
Precisamos que vocês aprendam a meditar, no mais profundo, que saibam meditar. Quando alguém chega a uma verdadeira concentração, chega à verdadeira felicidade. Se eu não tivesse tido, em minha mocidade, a experiência do Vazio Iluminador, não estaria falando com vocês agora da forma que estou falando. Esta experiência vivida jamais se apagou de minha consciência, nem de meu coração.
É possível que em uma prática de meditação profunda a consciência de um ser humano possa escapar do ego e experimentar a felicidade do Vazio Iluminador. É óbvio que, se consegue, trabalhará com prazer sobre si mesmo, trabalhará com ardor, pois terá experimentado, seriamente, em ausência do ego, isso que é a Verdade, isso que não é do tempo, isso que está além do corpo, das emoções e da mente.
Aqui lhes ensinei uma forma simples de meditar, porque há um tipo de meditação que é dedicado à autoexploração do ego, com o propósito de desintegrá-lo e reduzi-lo a cinzas. Também há outro tipo de meditação que tem por objetivo chegar um dia à experiência do real. Oxalá vocês possam conseguir, para que prossigam animados interiormente e trabalhem sobre si mesmos. Contudo, entendo que é necessário ter algum mantra que sirva.
O mantra que vou lhes dar é muito simples:
Gate, gate, paragate, parasamgate, bodhi suaha.
Este mantra pronuncia-se assim: gaaateee, gaaateee, paaarrraaagaaateee, parasamgaaateee, booodhiii suaaahaaa… Em nossos corações yem que ficar gravado.
Este mantra se pronuncia suavemente, profundamente, e no coração. Pode também usar-se como verbo silencioso, porque há dois tipos de verbo, verbo articulado e verbo silencioso. O verbo silencioso é poderoso.
Este mantra abre o Olho de Dagma. Este mantra, profundo, um dia os levará a experimentar o Vazio Iluminador, na ausência do ego. Então saberão o que é o Sunyata, então vocês entenderão o que é o prajnaparamita.
Perseverança é o que se necessita, com este mantra vocês poderão chegar muito longe.
Convém experimentar a Grande Realidade alguma vez, isso nos enche de ânimo para lutar contra nós mesmos. Esta é a vantagem do Sunyata, esta é a maior vantagem que existe com relação à experiência do Real.
E para aproveitar a meditação e o mantra devidamente, vamos entrar por um momento em meditação com o mantra. Portanto, rogo a todos os irmãos entrar em meditação.
Relaxamos o corpo completamente e depois nos entregamos totalmente a nosso Deus interior profundo, sem pensar em nada, unicamente recitando o mantra completo, com a mente e o coração.
A meditação deve ser profunda, muito profunda, os olhos fechados, o corpo relaxado,, completamente entregues a nosso Deus interior.
Não se deve admitir nenhum pensamento nestes instantes, a entrega a nosso Deus deve ser total, somente o mantra deve ressoar em nossos corações. Apaguem as luzes, relaxem o corpo.
Relaxamento completo e entrega total a nosso Deus interior profundo. Não pensem em nada de nada de nada…
Recitarei o mantra, o repetirei muitas vezes para que não se esqueçam:
gaaateee, gaaateee, paaarrraaagaaateee, parasamgaaateee, booodhiii suaaahaaa…
Continuem repetindo em seus corações, não pensem em nada… Entreguemo-nos a nosso Deus…
Sintam-se como um cadáver, como um defunto…
favor me enviar textos pertinentes ao assunto. Obrigada
..Excelente material, muito bom trabalho!
Se ver claramente uma debilidade coletiva por q as pessoas não reativa e induzidas a realidades ilusória simplimente porque não há dentro das pessoas uma individualidade uma forma correta de ver o mundo o nosso maior inimigo e nosso próprio olhos nosso sentido já q são treinados a ver o mundo de uma forma falsa
Penso logo existo talvez seja falsa essa frase já q existir está relacionado com a verdade e a verdade e algo q está além da formalidade do pensamento
Os gregos como os grandes pensadores realmente chegaram ao ponto exato de como devemos pensar.
A imaginação e uma ferramenta pra se conciliar com o pensamento lógico.
A maioria das verdades científica não foram descoberto com o simples pensamento racional.mas sim com o pensamento indutivo e imaginativo.
São essa as faculdades da consciência que permeia as realidades além da dualidade dos oposto.