A maravilhosa lenda da princesa maia Sac-Nicté foi contada e recontada por gerações e gerações dos descendentes maias, até os dias de hoje. Vemos sua história contada em Pueblos y Leyendas, de H. Almendros e traduzida pela equipe GnosisOnline, em honra ao grande mestre da Luz Judas Iscariotes e a seu discípulo, Armando Cosani Sologúren, desde as terras maias até os dias em que o Salvador pisou na Terra Santa, para a Glória do Altíssimo Pai de Todos…
Citada diversas vezes por Judas no livro de Cosani (O Voo da Serpente Emplumada), essa história é comovente, maravilhosa, inspiradora, e nos faz refletir sobre o mistério do Amor. A “lenda” fala da história de amor entre Sac-Nicté (que em maia significa Branca Flor) e seu amado príncipe Canec (ou Kanek, que significa Serpente Negra). Essa história é o equivalente europeu de Romeu e Julieta e o do casal árabe Laila e Majnun. Referem-se esses contos à eterna busca da Alma por seu reflexo espiritual, para que o Amor Autêntico seja encarnado. Eis aí o Mistério dos Mistérios, preconizado pela Santa Gnose: “Encarnar Deus por meio da vivência do Amor Supremo”. Leia, caríssimo Buscador, a verdadeira história da princesa maia Sac-Nicté:
Todos aqueles que viveram na terra do Mayab ouviram falar do doce nome da bela princesa Sac-Nicté, que significa Branca Flor, ou Flor Pura.
Assim era a princesa Sac-Nicté, que nasceu na altiva cidade de Mayapán, quando a paz unia como irmãs as três grandes cidades da terra do Mayab; quando na valorosa Mazapán e na maravilhosa Uxmal e em Chichén Itzah, altar da sabedoria, não havia exércitos, porque seus reis haviam feito o pacto de viver como irmãos.
Todos os que têm vivido no Mayab ouviram falar do nome do príncipe Canec, que quer dizer Serpente Negra.
O príncipe Canec era valoroso e tenaz de coração, e quando teve três vezes sete anos foi coroado rei da cidade de Chichén Itzah. Naquele mesmo dia o rei Canec a princesa Sac-Nicté e naquela noite o valoroso e duro rei já não dormiu. E desde então se sentiu triste para toda a vida.
A princesa Sac-Nicté tinha três vezes cinco anos quando viu o príncipe Canec se sentar no trono de Itzah, seu coração tremeu de alegria ao vê-lo, e pela noite dormiu com a boca iluminada de um sorriso luminoso. Quando despertou, Sac-Nicté sabia que sua vida e a vida do príncipe Canec correriam como dois rios que correm juntos a beijar o mar.
Assim aconteceu e assim cantam aquela história os que a sabem e não esquecem.
O dia em que o príncipe Canec se fez rei dos itzaes, foi ao templo da santa cidade de Itzmal para apresentar-se ante seu deus. Suas pernas de caçador tremeram quando desceu os vinte e seis degraus do templo e seus braços de guerreiro estavam caídos. O príncipe Canec havia visto ali a princesa Blanca Flor.
A grande praça do templo estava cheia de gente que havia chegado de todo o Mayab para ver o príncipe. E todos que estavam próximos viram o que se passou. Viram o sorriso da princesa e viram o príncipe fechar os olhos e apertar o peito com as mãos frias.
Ali estavam também os reis e os príncipes das demais cidades. Todos olhavam, porém não compreenderam que a partir daquele momento as vidas do novo rei e da princesa haviam começado a correr juntos como dois rios, para cumprir a vontade dos altos deuses. Isso não o compreenderam.
Porque deve-se saber que a princesa Sac-Nicté havia sido destinada por seu pai, o poderoso rei de Mayapán, para o jovem Ulil, príncipe herdeiro do reino de Uxmal. Terminou o dia em que o príncipe Canec se tornou rei de Chichén Itzah e iniciou-se a contagem dos trinta e sete dias que faltavam para o casamento do príncipe Ulil e da princesa Sac-Nicté.
Vieram mensageiros de Mayapán ante o jovem rei de Chichén Itzah e lhe disseram: “Nosso rei convida seu amigo e aliado para as festas de casamento de sua filha”. E o rei Canec disse, com os olhos avermelhados: “Dizei a vosso senhor que estarei presente”.
E vieram mensageiros de Uxmal ante o rei Canec e lhe disseram: “Nosso rei Ulil pede ao grande rei dos Itzaes que vá sentar-se à mesa de suas festas com a princesa Sac-Nicté”. E o rei Canec, com a fronte cheia de suor e as mãos tensas: “Dizei a vosso rei que me verá nesse dia”.
E quando o rei dos Itzaes estava só, mirando as estrelas na água para conversar com elas, apareceu outra embaixada na metade da noite. Apareceu um anão escuro e velho e lhe disse ao ouvido: “A Flor Branca vos está esperando entre as folhas verdes; vais deixar que outro a arranque?”
E o anão desapareceu, pelo ar ou por baixo da terra, ninguém o viu além do rei, e ninguém mais soube dele.
Na grande Uxmal preparava-se o casamento da princesa Branca Flor e o príncipe Ulil, de Mayapán, a princesa foi com seu pai e com todos os grandes senhores em comitiva que encheu o caminho de cânticos.
Além da porta de Uxmal, o príncipe Ulil e muitos nobres e guerreiros saíram para receber a princesa e quando a viu, viu-a chorando.
Toda a cidade estava adornada de cintas, de plumas de faisão, de plantas e de arcos pintados de cores brilhantes. E todos dançavam e estavam alegres, porque ninguém sabia o que estava para acontecer.
Já era o terceiro dia e a lua era grande e redonda como o sol, era o dia propício para as bodas do príncipe, segundo a regra do céu.
De todos os reinos, dos próximos e dos distantes, haviam chegado a Uxmal reis e filhos de reis e todos trouxeram presentes e oferendas para os noivos. Alguns vieram com veados brancos, de cornos e cascos de ouro, outros vieram com grandes conchas de tartaruga cheias de plumas de quetzal radiante. Chegaram guerreiros com azeites odoríferos e colares de ouro e esmeraldas, vieram músicos com pássaros ensinados para cantar com música celestial.
De todas as partes chegaram embaixadores com ricos presentes… menos o rei Canec de Chichén Itzah.
Esperaram-no até o terceiro dia, porém nem chegou nem enviou mensagem alguma, todos estavam cheios de estranheza e inquietude, porque não sabiam…
Porém o coração da princesa sabia e esperava…
Na noite do terceiro dia das festas preparou-se o altar do matrimônio e o grande senhor dos Itzaes não chegava, já não o esperavam os que nada sabiam.
Vestida estava de cores puras e adornada de flores a princesa Blanca Flor ante o altar, e já próximo o homem que a teria por esposa. Esperou Sac-Nicté, sonhando com os caminhos pelos quais haveria de aparecer o rei que ela colocou no coração. Esperava a Branca Flor do Mayab, enquanto Canec, o triste rei, o jovem e forte caçador, buscava desesperado na sombra o caminho que há de seguir para cumprir a vontade do Alto.
Na festa das bodas da princesa Sac-Nicté com o príncipe Ulil, esperou-se por três dias a chegada do senhor de Chichén Itzah.
Porém, o rei Canec chegou à hora em que deveria chegar. Saltou de pronto no meio de Uxmal, com sessenta de seus guerreiros principais e subiu ao altar onde ardia o incenso e cantavam os sacerdotes; chegou vestido de guerra e com o signo de Itzah sobre o peito.
“Itzalán! Itzalán!”, gritaram, como em campo de combate.
Ninguém se levantou contra eles, tudo aconteceu em um momento. O rei Canec entrou como o vento agitado e arrebatou a princesa em seus braços diante de todos. Ninguém pôde impedi-lo, quando quiseram vê-lo já não estava mais lá. Só ficou o príncipe Ulil ante os sacerdotes e junto ao altar.
Perderam a princesa ante seus olhos, que foi arrebatada pelo rei, que passou como um relâmpago. Assim terminaram as festas de casamento.
Mas de pronto roncaram os caracóis e soaram os címbalos, e a ira do príncipe Ulil gritou pelas ruas a convocar guerreiros.
O rei Canec havia ido desde sua cidade de Chichén até a grande Uxmal sem que ninguém o visse. Foi pelos caminhos ocultos perfurados na pedra, sob o solo, nesta santa terra dos maias, estes caminhos que se veem agora de vez em quando, e que antes só os conheciam aqueles que deveriam conhecê-los.
Assim chegou sem ser visto o rei Canec para roubar sua doce pombinha, o raio de lua de seu coração…
Porém, já se afiam outra vez as armas no Mayab e se levantam os estandartes de guerra. Uxmal e Mayapán se juntam contra Itzah!
Ah! A vingança cairá sobre Chichén, que já está débil e cansada do suave dormir e dos jogos alegres. Pelos caminhos há a poeira das marchas e no ar há gritos e ressoam os sonoros címbalos e troveja o caracol da guerra. O que será de ti, cidade de Chichén, débil e adormecida na felicidade de teu príncipe?!?
Eis como os Itzaes deixaram suas casas e seus templos de Chichén e abandonaram a bela cidade recostada à borda da água azul. Todos se foram chorando, uma noite, com a luz da aurora, todos se foram em fila, para salvar as estátuas dos deuses e a vida do rei e da princesa, luz e glória do Mayab.
Diante dos filhos de Itzah ia o rei Canec, caminhando pelos caminhos abertos no meio das montanhas, ia envolto em um manto branco e sem coroa de plumas em sua fronte. A seu lado ia a princesa Sac-Nicté, ela levantava a mão e assinalava o caminho e todos iam atrás.
Um dia, chegaram a um lugar tranquilo e verdejante, junto a uma lagoa quieta, distante de todas as cidades, e ali fixaram assento do reinado e edificaram as casas simples da paz, criando assim Petén, a cidade cheia de glória e alegria dos povos maias.
Salvaram-se assim os Itzaes pelo amor da princesa Sac-Nicté, que entrou no coração do último príncipe de Chichén para salvá-lo do castigo e fazer sua vida pura e branca.
Solitária e calada ficou Chichén Itzah no meio do bosque sem pássaros, porque todos voaram atrás da princesa Sac-Nicté.
Chegaram a ela numerosos e enfurecidos os exércitos de Uxmal e Mayapán e não encontraram nem os ecos nos palácios e nos templos vazios. A ira então ateou fogo na formosa cidade e Chichén Itzah ficou desolada e morta como está hoje, abandonada desde aquele tempo antigo, junto à água azul do Poço da Vida. Ficou só e morta, perfumadas as ruínas de um aroma suave que é como um sorriso ou uma branca luz da lua.
Na primavera brota a flor branca no Mayab e adorna as árvores e enche o ar de suspiros perfumados. E o filho da terra maia a espera e a saúda com toda a ternura de seu coração, e sua voz lembra ao ver o nome da princesa Sac-Nicté, a Branca Flor do Mayab.
(Tradução e revisão do texto: Ali Onaissi)
Caro Alli, muito grato por este maravilhoso texto.
História pra tocar o coração, serve para nos mostrar o verdadeiro valor do amor e que o destino de duas almas gêmeas quando se encontram, é permanecerem juntas até o final de suas vidas na terra. Parabéns GnosisOnline.
É uma história que nos toca deliciosamente o coração! Proporciona epifanias!… Enquanto lia, senti isso: não poderei ser feliz jamais se não encontrar-me com o Pai, nem ajudar meus irmãos… Não poderei deixar de realizar a Obra, não importa as adversidades!… Sinto-me como o vento que não pode ser detido, ou um rio, cujo curso não pode ser desviado… Meu dever é estar onde for preciso; meu lugar é o mundo todo, sou cosmopolita… “Ainda que andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo…” (Salmo 23, de Davi) Ah! Quão belo é o Amor! Este belo e magnífico menino de fronte harmoniosa e bondosa, rosto dourado, risonho, sereno, sublime… Um olhar seu aplaca a tempestade e apaga o incêndio; reacende a ternura e aquece a Alma!… Rosa divina do Coração, Chama que jamais se apagará, ilumine e acalente a todos ao seu redor…! Alimente e dê vida, aqueça, abrigue e dê força àqueles que necessitem…
Sábias palavras buscadora, que este sentimento do amor, do verdadeiro amor, do nosso Ser, por nós mesmos, pelo próximo, pela natureza, pelo homem, mulher, idoso ou criança, nos ilumine a cada dia e nos ajude a nos manter firmes nas mais variadas adversidades. Abração.
História muito boa mesmo.
Aconselho a todo buscador sincero não só a história como também o livro (O Vôo da Serpente Emplumada), pois é mui bom. Todo adorador da verdade deve lê-lo.
Que a regeneração chegue a todos.
Paz.
Sim, estou o lendo, graças ao grande trabalho com o 3º fator deste site de nos disponibilizar esta obra gratuitamente. Gnosisonline e mantenedores, nossos agradecimentos são pífios mediante a tal sacrifício, que com ele, possamos realmente ganhar força para nos mudarmos interiormente e começarmos a Grande Obra, pelo nosso bem e o bem dos que estão ao nosso redor.
Fiquei feliz em ler essa história, pois fazem mtos anos q li e reli “O voo da serpente emplumada” e sempre me ficava a dúvida, a curiosidade. Agora esclarecida…. Obrigada e parabéns!
Mélany, obrigado pelas palavras elogiosas.
Pedimos que baixe o livro e divulgue-o, por favor…
o nosso destino esta em nossas mãos e temos que fazer sempre uma escolha.