O Homem Exterior, o Homem Interior e o Tesouro da Fé

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Querem saber algo sobre a Fé? Pois bem, ocorre que as pessoas confundem crença com fé, e este equívoco é de ordem geral: confundem, sempre, “alhos com bugalhos” e é difícil poder tirar dessa gente essa besteira (supor que fé é o mesmo que crença).

A crua realidade dos fatos, para o meu modo de ver e de entender as coisas, é que, antes de tudo, aquele que quiser chegar a ter Fé de verdade deve se desdobrar em dois: no Homem Exterior e no Homem Interior. Enquanto não se consiga se desdobrar psicologicamente, pois, segue-se vivendo como Homem Exterior.

E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. (Mateus 8:26)
E ele disse-lhes: “Por que temeis, homens de pouca fé?” Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. (Mateus 8:26)

O Homem Exterior vai tirar de onde a Fé? Há que se dar nascimento, em si mesmo, ao Homem Interior. O novo homem deve nascer dentro de si mesmo. Esse Homem Interior não é outra coisa que o Homem Psicológico.

O Homem Interior está colocado em um nível superior ao do Homem Exterior. É necessário “renascer” (como disse Jesus) “da água e do espírito”, e todos os evangelhos do Grande Cabir Jesus, vão a isso: ao renascimento do Homem Interior. Ele quer que surja o Homem Interior em cada pessoa, isso é que o Grande Cabir deseja.

As mensagens de Jesus não estão dirigidas ao Homem Exterior, pois Ele não veio disposto a perder tempo miseravelmente, dando conhecimentos exclusivos para o Homem Exterior. Os ensinamentos de Jesus têm um só objetivo: que se renasça da água e do espírito. Ele quer que em nós renasça o Homem Interior, que nos desdobremos em dois.

Obviamente, o Homem Interior nasce dentro de nós em um nível superior, em uma oitava superior. O Homem Exterior, o homem comum e corrente, está colocado sempre em um nível de tipo inferior, e isso é ostensível.

Assim, pois, Jesus não se interessa muito que continue o homem de nível inferior, senão que renasça em nós o Homem Interior. Ele quer que renasçamos da água e do espírito, quer que cheguemos ao Segundo Nascimento, quer o desdobramento do homem.

Quando se desdobra em si mesmo, quando se dividiu em Homem Superior e Homem Inferior, então tem uma experiência direta sobre o Real.

O Homem Exterior, realmente, vive no mundo externo e unicamente pode saber sobre as coisas do mundo externo. O Homem Interior é distinto: vive em um mundo interior e conhece a vida exterior completamente, e também a vida de tipo interior. É que o homem que renasceu da água e do espírito é diferente.

Quando isso acontece, o próprio Homem Exterior se submete à vontade do Homem Interior e atua em consonância com as leis dos mundos internos (já é um homem diferente).

É claro que para que renasça em nós o Homem Interior, necessita-se, ante tudo, reconhecer nossa própria nulidade e miséria psicológica. É claro que as pessoas comuns e correntes estão acostumadas a viver de acordo com as regras deste mundo: sentem-se perfeitíssimas e cheias de virtudes, melhores que o fulano de tal, que a dona beltrana etc.

"Porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível." (Mateus 17:20)
“Porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível.” (Mateus 17:20)

Sempre se queixam de que não reconhecem seus méritos: se trabalham em uma fábrica, pois consideram necessário que lhes paguem bem, que lhes aumentem seu salário conforme os preços aumentam. Não ponto sem nó, aspiram sempre a um ascenso. Se são simples soldados no exército, pois querem chegar a ser cabos, querem ser sargentos, querem ir progredindo pouco a pouco, e lá em seu interior, sonham em chegar a ser generalíssimos, generais de divisão.

Por quê? Porque se consideram dignos de mérito, creem que merecem todo, e se trabalham em algum sentido, se fazem algum esforço, exigem seu pagamento, e se não lhes pagam, então protestam. Como? Não é justo – dizem -, eu trabalhei, lutei, tenho tais e tais méritos, e, sem embargo, não souberam me pagar, não souberam reconhecer meus esforços… Assim é o Homem Exterior!

Porém, para que nasça o Homem Interior, deve-se tornar diferente e eis aí o difícil. Só chegando a reconhecer que não se vale nada, mesmo tendo trabalhado muito duro na vida, acaba com a psicologia anormal do Homem Exterior.

Precisa-se chegar a compreende que se é um imbecil, no sentido mais completo da palavra, E isso que estou dizendo não são meras poses de comediante, tampouco fingidas mansidões ou atitudes pietistas, ou brincadeira de muito mau gosto. Não, senhores, em verdade quando alguém examina a própria existência, quando se revisa sua própria vida, chega-se a descobrir que é um idiota, que não vale nada.

Porém, enquanto se crê que vale algo, não pode nascer dentro de si mesmo o Homem Interior. Enquanto se crê que se vale muito, seguirá sendo o que sempre foi: o homem da rua (comum e corrente), o senhor que está por trás do balcão do armazém, o boticário que prepara receitas ou o vendedor de artigos de primeira necessidade, porém, jamais o Homem Interior.

O Homem Interior nasce dentro de si como resultado de suas próprias reflexões. Se quiser que nasça o Homem Interior dentro de si mesmo, tem de dar-se ao luxo de destruir o que se é: um saco de reações mecânicas, absurdas, um saco de preconceitos, de simpatias e de antipatias mecânicas, de luxúrias etc. Total: um cretino.

Se a pessoa se á conta disso, e nada mais do que isso, quita-se o vestido da vaidade, e se dedica de verdade ao que deve ser dedicado: a destruição de si mesmo.

Isto é algo que soa muito feio para as pessoas que se amam muito. Ninguém que tenha o Eu do Amor-Próprio poderá gostar destas palavras que estou dizendo aqui. Porém, é assim: quando alguém trabalha de verdade, sinceramente, está erradicando de sua psique o que deve erradicar (sua imbecilidade, su idiotice, seu cretinismo, suas ínfulas de grandeza, sua autoimportancia etc.).

À medida que os elementos indesejáveis que alguém leva em seu interior se reduzem a cinzas, a Essência (a Consciência) vai se liberando (isso é ostensível) e vai surgindo nele a Fé. Essa Consciência liberada é Fé, porém Fé de verdade. Não falo de crenças (essas crenças não servem para nada), falo de Fé verdadeira, que é sapiência.

Obviamente, à medida que a Essência é libera, aumenta a sapiência. Quando a totalidade do Ego é destruída, aniquilada, a Essência (o Homem Interior) fica completamente autoconsciente.

Esse Homem, nascido da água e do espírito, tem Fé verdadeira, é o homem de Fé. Não a fé cega, não a aquela crença do carvoeiro, nem o que os dogmas de tal ou qual religião nos ensinaram. Não, eu estou é me referindo à fé do Homem Consciente, desprovido de Ego, ao que indubitavelmente, por experiência direta, vívida, pode vivenciar os Mistérios da Vida e da Morte, pode vivenciar isso que está além do corpo, dos desejos e da mente, isso que não é do tempo, isso que é a Verdade.

Assim, pois, enquanto não nos tenhamos dividido em dois homens (o exterior, comum e corrente, e o interior, profundo), não seremos homens de Fé. Seremos homens de crenças, porém não de Fé.

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“Para se submeter a essa Vontade interior profunda, deve-se reconhecer a própria nulidade e miséria”

Entretanto, ao repetir isso de Fé, temo muito que creiam que se trata da fé do carvoeiro, ou das crenças. Quando digo “Fé”, refiro-me à sapiência, ao conhecimento. Se o Homem Interior tem o direito de conhecer (por experiência mística direta) a Verdade, se tem o direito de experimentar os Mistérios da Vida e da Morte, se tem o direito de investigar os enigmas do universo, pois então a Fé é Conhecimento autêntico, não é crença.

Quem quiser chegar, em verdade, a ser Homem de Fé, tem de dar nascimento (em si mesmo) ao Homem Interior, ou seja, tem de se desdobrar em dois: no Homem Interior, colocado naturalmente no nível de uma oitava mais elevada, e no Homem Exterior, colocado em um nível mais baixo, no mundo em que vivemos.

Porém, enquanto continuarmos vivendo simplesmente como homens do nível inferior (neste mundo tridimensional de Euclides), não será possível ter Fé, tampouco será possível conhecer, de alguma forma, os Mistérios da Vida e da Morte, conhecer o Real.

Necessitamos nos dividir em dois, nos desdobrarmos. Quando alguém se desdobra, chega a reconhecer que dentro de si mesmo nas profundezas do Homem Interior, há uma autoridade colocada em outra oitava ainda mais elevada, e se submete a essa autoridade e então aumenta a Fé.

Quando alguém se submete a essa autoridade (colocada, dentro de si mesmo, em uma oitava ascendente), ou seja, quando alguém se desdobrou em dois e o Homem Interior se submete, e (por sua vez) o Homem Externo se submete ao Homem Interior, tudo em geral fica submetido a uma autoridade íntima, que não é outra senão da própria Particularidade, a de seu próprio Logoi, a de sua própria Mônada (falando desta vez ao estilo de Leibnitz), a de seu Pai que está em segredo.

Quanto mais se obedecer a essa Autoridade, tanto nos Céus como na Terra, ou seja, tanto no espaço psicológico quanto aqui, no espaço tridimensional de Euclides, pois tanto mais aumenta a Fé.

Ante tudo, precisa-se dar conta de que não vale nada, e submeter-se à Autoridade interior, profunda (não falo de uma autoridade exterior, claro está, senão da Vontade íntima). Se nos se submetermos a essa Autoridade íntima, se a obedecemos, a Fé aumentará.

Para se submeter a essa Vontade interior profunda, deve-se reconhecer a própria nulidade e miséria. Se a pessoa crê que vale algo, não se submete, e se não se submete, tampouco aumentará a Fé. Para que a Fé se multiplique, a pessoa necessitará se submeter a essa Autoridade superior, interior e profunda: a Vontade do Ser, à Vontade de sua Mônada particular. A mesma Vontade (esta pessoal, que temos) obviamente deve-se submeter a essa Vontade interior profunda que se formou graças ao desdobramento humano.

Então, quando a pessoa se submeter a essa Vontade interior profunda, pois, marchará bem, porque essa Vontade interior profunda por sua vez se submeterá à autoridade interior do Ser, e tudo cambiará:a Fé se multiplicará e o Homem Exterior, aqui no mundo exterior, aqui no mundo tridimensional, trabalha em consonância com as leis interiores e com a Vontade do Ser.

Já será algo diferente já não será simplesmente um robô como as pessoas comuns e correntes, que não são senão robôs programados para tal ou qual profissão, para tal ou qual ofício etc.

Assim, portanto, ter Fé é importante, porém ninguém poderia chegar a tê-la se não se deu nascimento ao Homem Interior, se não chegou a se desdobrar em dois, se não se chegou a eliminar de sua psique os elementos indesejáveis que ali leva, posto que assim é como surge a chisparada da Fé, que não é crença senão conhecimento e sapiência. Distinga-se entre conhecimento e crença, pois são diferentes.

Creio que você estão me entendendo. Vocês têm algo a perguntar, com respeito à Fé ou com respeito à crença?

Pergunta: Mestre, o conhecimento dos cinco centros e a destruição dos Egos é elemento básico ou mecanismo para adquirir a Fé e para conseguir o desdobramento?
Samael Aun Weor: “Mecanismos” para adquirir a Fé? A Fé não se adquire com mecanismos, a Fé se adquire à base de trabalhos conscientes e padecimentos voluntários. Nenhum esforço mecânico pode nos transformar. Somente podem nos transformar os esforços conscientes. A Fé não se adquire senão desintegrando o Ego, e o Ego não se desintegra, repito, senão à base de trabalhos conscientes e padecimentos voluntários. Isto se aparta dos mecanismos, nada tem a ver com os mecanismos.

Samael Aun Weor, conferência O Homem Exterior, o Homem Interior e o Tesouro da Fé

4 COMENTÁRIOS

  1. Ola a todos .
    Estar sempre com consciência total no aqui agora é uma raridade, procuro aprender esta maneira de viver . No cotidiano muitas coisas pra distrair nossa atençao. Estou trabalhando para adquirir este estado e me manter assim, alerta.
    Estou tentando.
    Nao me julgo melhor que ninguém, meu conhecimento é limitadissimo.
    Mas vou aprender, vou conseguir conhecer meu eu interior, tenho fé que vou conseguir.
    O medo de situaçoes em astral ainda me atrapalha muito, estou tentando me interiorizar com meditaçao, tentando desintegrar o medo ( este é o que mais atrapalha ), imagino que meditar vai ajudar a melhorar na conexao.
    E entao da proxima vez quando se repetir uma oportunidade em astral, tentarei dialogar, mesmo com medo, apenas ser mais prudente. Consciente que estou protegido, uma vez que ja pedi proteçao a Deus antes de ‘’tentar’’ uma projeçao astral.
    Ainda estou sem sucesso.
    Continuo tentando, seguindo esta linha de raciocinio.

    • Olá nicola

      Vale ressaltar, minha pobre pessoa que nada vale) ao q disse o V.M Mestre, que vc deve sempre manter um elo de ligação com seu pai interno pra vc fortalecer sua alma, sua fé e ele proteger seu intimo e lhe dar coragem ante as adversidades do trabalho esotérico.
      Procure, para estar alerta sempre, intensificar o trabalho da auto-observação…Unir essa prática com a recordação de si sempre. E fazer o trabalho básico de morrer em si mesmo…buscar melhor ainda trabalhar na Morte em Marcha que falara o V.M Rabolu. Procure trabalhar seu medo com a morte dos defeitos, e ver a viagem astral como algo natural.
      Se te acontecer algum ataque no astral procure fazer a conjuração de júpiter(procure-a na internet), há as conjurações que podem te ajudar a se proteger no físico e no astral, como o cântico do belilin; as conjurações vc pode estudar o que os V.Mestres Samael e Rabolu falaram, isso tem disponibilizado aqui na internet. No mais procure vencer o medo do sobrenatural, e para isso a técnica da morte em marcha vai lhe ajudar muito( técnica essa passada pelo Mestre Rabolu, Discípulo do Mestre Samael); vença seu medo do sobrenatural e coloque mais ânimo no seu trabalho psíquico…Certo?
      Abraços Força Paz

  2. Este é o maior e melhor tapa na cara que podemos receber. Entender que enquanto achamos que valemos alguma coisa, não valemos nada. E quando entendemos que valemos nada, podemos começar a trilhar o caminho pra começar a ter valor interno.

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