Estudo psíquico do homem

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“Qualquer tentativa de liberação, por grandiosa que seja, se não leva em conta a necessidade de dissolver o Ego, está condenada ao fracasso.” (Samael Aun Weor)

A Observação de Si Mesmo

“Inquestionavelmente, assim como existe o ‘país exterior’ no qual vivemos, também existe em nossa intimidade o ‘país psicológico’.

As pessoas nunca ignoram a cidade ou a comarca onde vivem; infelizmente, acontece que desconhecem o lugar psicológico onde estão situadas.

Em um dado instante, qualquer um sabe em que bairro se encontra, mas no terreno psicológico não acontece o mesmo. Normalmente as pessoas nem remotamente suspeitam, em um momento dado, o lugar de seu ‘país psicológico’ onde se meteram.

Assim como no mundo físico existem bairros de pessoas decentes e cultas, assim também acontece na “comarca psicológica” de cada um de nós; não há dúvida de que existem bairros muito elegantes e formosos.

Assim como no mundo físico existem colônias ou bairros com ruelas perigosíssimas, cheias de assaltantes, assim também acontece o mesmo na comarca psicológica em nosso interior.” (Samael Aun Weor: A Grande Rebelião)

Observar e observar-se a si mesmo são duas coisas completamente diferentes; entretanto, ambas exigem atenção.

Na observação, a atenção é orientada para fora, para o mundo exterior, através das janelas dos sentidos.

Na auto-observação de si mesmo, a atenção é orientada para dentro, e para isto os sentidos da percepção externa não servem, motivo este mais que suficiente para que seja difícil ao neófito a observação de seus processos psicológicos íntimos.

O ponto de partida da ciência oficial, em seu lado prático, é o observável. O ponto de partida do trabalho sobre si mesmo é a auto-observação, o auto-observável.

Inquestionavelmente, estes dois pontos de partida citados nos parágrafos acima nos levam a direções completamente diferentes.

Alguém poderia envelhecer engarrafado nos dogmas intransigentes da ciência oficial, estudando fenômenos externos, observando células, átomos, moléculas, sóis, estrelas, cometas, etc., sem experimentar dentro de si mesmo nenhuma mudança radical.

O tipo de conhecimento que transforma interiormente alguém jamais poderia ser atingido mediante a observação externa.

O verdadeiro conhecimento que realmente pode originar em nós uma mudança interior fundamental tem por base a auto-observação direta de si mesmo.

É urgente dizer a nossos estudantes gnósticos que se observem a si mesmos, em que sentido devem se auto-observar e as razões para isso.

A observação é um meio para modificar as condições mecânicas do mundo. A auto-observação interior é um meio para mudar intimamente.

Como consequência ou corolário de tudo isso, podemos e devemos afirmar de forma enfática que existem dois tipos de conhecimento, o externo e o interno, e que a menos que tenhamos em nós mesmos o centro magnético que pode diferenciar as qualidades do conhecimento, esta mistura dos dois planos ou ordens de ideias poderia levar-nos à confusão.

Sublimes doutrinas pseudoesotéricas, com um fundo marcadamente científico, pertencem ao terreno do observável; entretanto, são aceitas por muitos aspirantes como conhecimento interno.

Encontramo-nos, pois, diante de dois mundos, o exterior e o interior. O primeiro destes é percebido pelos sentidos de percepção externa; o segundo só pode ser percebido mediante o sentido de auto-observação interna.

Pensamentos, ideias, emoções, anseios, esperanças, desenganos, etc., são interiores, invisíveis para os sentidos ordinários, comuns, e entretanto são para nós mais reais que a mesa da sala de jantar ou as poltronas da sala.

Certamente, vivemos mais em nosso mundo interior que no exterior; isto é irrefutável, irrebatível.

Em nossos ‘Mundos Internos’, em nosso ‘mundo secreto’, amamos, desejamos, suspeitamos, bendizemos, maldizemos, sofremos, gozamos, somos defraudados, premiados etc.

Inquestionavelmente, os dois mundos, interno e externo, são verificáveis experimentalmente. O mundo exterior é o observável. O mundo interior é o auto-observável em si mesmo e dentro de si mesmo, aqui e agora.

Quem realmente quer conhecer os ‘Mundos Internos’ do planeta Terra, do sistema solar ou da galáxia em que vivemos deve conhecer previamente seu mundo íntimo, sua vida interior, particular, seus próprios ‘Mundos Internos’.

“Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.”

Quanto mais se explore este ‘mundo interior’ chamado ‘Si Mesmo’, tanto mais se compreenderá que se vive simultaneamente em dois mundos, em duas realidades, em dois âmbitos, o exterior e o interior.

Do mesmo modo que é indispensável aprender a caminhar no ‘mundo exterior’, para não cair em um precipício, não extraviar-se nas ruas da cidade, selecionar suas amizades, não associar-se com pessoas perversas, não comer veneno, etc., assim também, mediante o trabalho psicológico sobre si mesmo, aprendemos a caminhar no ‘Mundo Interior’, o qual é explorável mediante a auto-observação de si mesmo.

Realmente, o sentido de auto-observação de si mesmo se encontra atrofiado na raça humana decadente desta época tenebrosa em que vivemos.

À medida que perseveramos na auto-observação de nós mesmos o sentido de auto-observação íntima irá se desenvolver progressivamente.

Só assim nos conheceremos na íntegra e realmente. Só assim descobriremos os motivos secretos de nossas ações. Só assim conheceremos isso que se denominou ‘ESSÊNCIA’, ‘EGO’ e ‘PERSONALIDADE’…

A Essência ou Consciência

“Antes de tudo se faz necessário conhecer o caminho que nos leva à AUTORREALIZAÇÃO ÍNTIMA DO SER. Indubitavelmente, é urgente compreender a necessidade de cristalizar em nós isso que se chama ‘ALMA’.

Jesus, o Cristo, disse: “Em paciência possuireis vossas almas”; mas antes de tudo convém entender o que é isto que se chama Alma. Certamente, tenho que lhes dizer que a Alma é um conjunto de leis, princípios, virtudes, poderes, etc. As pessoas possuem a ESSÊNCIA, o material psíquico para fabricar Alma, ou, melhor diríamos, para cristalizar a Alma, mas ainda não possuem a Alma. (Samael Aun Weor: Estudo Gnóstico Sobre a Alma)

Urge, antes de tudo, saber o que é isso que se chama Consciência, pois são muitas as pessoas que nunca se interessaram por saber nada sobre a mesma.

Qualquer pessoa comum jamais ignoraria que um boxeador, ao cair nocauteado sobre o ringue, perde a Consciência. É claro que, ao voltar a si, o desventurado pugilista adquire novamente a Consciência. Assim, qualquer um compreende que existe uma clara diferença entre a personalidade e a Consciência.

Ao vir ao mundo todos temos uns três por cento de Consciência e uns noventa e sete por cento repartíveis entre subconsciência, infraconsciência e inconsciência.

O que torna bela e adorável toda criança recém-nascida é sua Essência (esse três por cento de Consciência); esta constitui em si mesma sua verdadeira realidade.

O crescimento normal da Essência em toda criatura é certamente muito residual, incipiente…

O corpo humano cresce e se desenvolve de acordo com as leis biológicas da espécie; entretanto, tais possibilidades são por si mesmas muito limitadas para a Essência…

Inquestionavelmente, a Essência só pode crescer por si mesma, sem ajuda, em pequeníssimo grau…

Falando francamente e sem rodeios, diremos que o crescimento espontâneo e natural da Essência só é possível durante os primeiros três, quatro ou cinco anos de idade, quer dizer, na primeira etapa da vida…

As pessoas pensam que o crescimento e desenvolvimento da Essência se realiza sempre de forma contínua, de acordo com a mecânica da evolução, mas o gnosticismo universal ensina claramente que isso não ocorre assim…

A fim de que esta fração de Essência, os três por cento de Consciência desperta, cresça mais, algo muito especial deve acontecer, algo novo há que realizar…

Quero referir-me de forma enfática ao trabalho sobre si mesmo. O desenvolvimento da Essência é possível unicamente à base de trabalhos conscientes e padecimentos voluntários…

É necessário compreender que estes trabalhos não se referem a questões de profissão, bancos, carpintarias, alvenarias, reparação de linhas férreas ou assuntos de escritório…

Este trabalho é para toda pessoa que desenvolveu a personalidade; trata-se de algo psicológico…

Existem vários tipos de energia dentro de nós mesmos que devemos compreender – primeira: energia mecânica; segunda: energia vital; terceira: energia psíquica; quarta: energia mental; quinta: energia da vontade; sexta: energia da Consciência; sétima: energia do Espírito puro.

Por muito que multipliquemos a energia estritamente mecânica dentro de nosso organismo, jamais conseguiríamos despertar a Consciência.

Por mais que incrementássemos as forças vitais dentro de nosso organismo, nunca chegaríamos a despertar a Consciência.

Muitos processos psicológicos se realizam dentro de nós mesmos sem que para isto intervenha para nada a Consciência.

Por maior que seja a disciplina da mente, a energia mental não conseguirá nunca despertar os diversos funcionalismos da Consciência.

A força da vontade, ainda que multiplicada até o infinito, não consegue despertar Consciência.

Todos estes tipos de energia se escalonam em distintos níveis e dimensões que nada têm que ver com a Consciência.

A Consciência só pode ser despertada mediante trabalhos conscientes e esforços retos.

A pequena porcentagem de Consciência que a humanidade possui, em vez de ser incrementada, costuma ser desperdiçada inutilmente na vida.

É óbvio que, ao identificar-nos com todos os acontecimentos de nossa existência, desperdiçamos inutilmente a energia da Consciência.

Devíamos ver a vida como um filme, sem identificar-nos jamais com nenhuma comédia, drama ou tragédia; assim pouparíamos energia da Consciência.

A Consciência em si mesma é um tipo de energia com elevadíssima frequência vibratória.

Não devemos confundir a Consciência com a memória, pois são tão diferentes uma da outra como é a luz dos faróis do automóvel com relação à rodovia por onde andamos.

Muitos atos se realizam dentro de nós mesmos sem participação alguma disso que se chama Consciência.

Em nosso organismo ocorrem muitos ajustes e reajustes sem que a Consciência participe dos mesmos.

O centro motor de nosso corpo pode dirigir um automóvel ou controlar os dedos que tocam um teclado de um piano sem a mais insignificante participação da Consciência.

A Consciência é a luz que o inconsciente não percebe. O cego tampouco percebe a luz física solar, mas ela existe por si mesma.

Necessitamos abrir-nos para que a luz da Consciência penetre nas trevas espantosas do “mim mesmo”, do “si mesmo”.

Agora compreenderemos melhor o significado das palavras de João no Evangelho: “A luz veio às trevas, mas as trevas não a compreenderam”.

Mas seria impossível que a luz da Consciência pudesse penetrar dentro das trevas do “Eu mesmo”, se previamente não usássemos o sentido maravilhoso da auto-observação psicológica.

Necessitamos franquear a passagem da luz para iluminar as profundidades tenebrosas do “Eu” da psicologia.

Alguém jamais se auto-observaria se não tivesse interesse em mudar. Tal interesse só é possível quando alguém ama de verdade os ensinamentos esotéricos.

A Consciência desperta nos permite experimentar de forma direta a realidade.

Infelizmente, o animal intelectual equivocadamente chamado Homem, fascinado pelo poder formulativo da lógica dialética, esqueceu-se da dialética da Consciência.

Inquestionavelmente, o poder para formular conceitos lógicos resulta no fundo terrivelmente pobre.

Da tese podemos passar à antítese e, mediante a discussão, chegar à síntese, mas esta última em si mesma continua sendo um conceito intelectual que de modo algum pode coincidir com a realidade.

A dialética da Consciência é mais direta, nos permite experimentar a realidade de qualquer fenômeno em si mesmo e por si mesmo.

Os fenômenos naturais de modo algum coincidem exatamente com os conceitos formulados pela mente.

A vida se desenvolve de instante em instante, e, quando a capturamos para analisá-la, a matamos.

Quando tentamos inferir conceitos ao observar tal ou qual fenômeno natural, de fato deixamos de perceber a realidade do fenômeno e só vemos no mesmo o reflexo das teorias e conceitos antiquados que de modo algum têm a ver com o fato observado.

A alucinação intelectual é fascinante, e queremos à força que todos os fenômenos da natureza coincidam com a nossa lógica dialética.

A dialética da Consciência se fundamenta nas experiências vividas e não no mero racionalismo subjetivo.

Todas as leis da natureza existem dentro de nós mesmos, e, se não as descobrimos em nosso interior, jamais as descobriremos fora de nós mesmos.

O homem está contido no Universo e o Universo está contido no homem.

Real é aquilo que alguém experimenta em seu interior; só a Consciência pode experimentar a realidade.

A linguagem da Consciência é simbólica, íntima, profundamente significativa, e só os despertos a podem compreender.

Quem queira despertar Consciência deve eliminar de seu interior todos os elementos indesejáveis que constituem o “Ego”, o “Eu”, o “mim mesmo”, dentro dos quais se acha engarrafada a Essência.

Dissolver o Eu psicológico, desintegrar seus elementos indesejáveis, é urgente, inadiável, impostergável… Este é o sentido do trabalho sobre si mesmo.

Nunca poderíamos libertar a Essência sem desintegrar previamente o Eu psicológico…

Na Essência está a Religião, o Buda, a Sabedoria, as partículas de dor de nosso Pai que está nos céus, e todos os dados de que necessitamos para a Autorrealização Íntima do Ser.

Ninguém poderia aniquilar o Eu psicológico sem eliminar previamente os elementos inumanos que levamos dentro…

Necessitamos reduzir a cinzas a crueldade monstruosa destes tempos; a inveja que desgraçadamente se converteu em mola secreta da ação; a cobiça insuportável que tornou a vida tão amarga; a asquerosa maledicência; a calúnia que origina tantas tragédias; as bebedeiras, a imunda luxúria que cheira tão mal, etc., etc., etc.

À medida que todas essas abominações vão se reduzindo a poeira cósmica, a Essência, além de emancipar-se, crescerá e se desenvolverá harmoniosamente…

Inquestionavelmente, quando o Eu psicológico morre, resplandece em nós a Essência.

A Essência livre nos confere beleza íntima; de tal beleza emanam a felicidade perfeita e o verdadeiro amor…

A Essência possui múltiplos sentidos de perfeição e extraordinários poderes naturais…

Quando “morremos em nós mesmos”, quando dissolvemos o Eu psicológico, gozamos dos preciosos sentidos e poderes da Essência…

Os Diferentes Eus

Quando alguém descobre as causas verdadeiras de todas as suas misérias e amarguras, é óbvio que se pode fazer algo…

Se se consegue acabar com o “mim mesmo”, com “minhas bebedeiras”, com “meus vícios”, com “minhas paixões e emoções”, que tanta dor me causam ao coração, com “minhas preocupações” que me destroem os miolos e me adoecem etc., é claro que então advém isso que não é do tempo, isso que está além do corpo, dos afetos e da mente, isso que realmente é desconhecido para o entendimento e que se chama: “Felicidade”. (Samael Aun Weor: A Grande Rebelião)

O mamífero racional, equivocadamente chamado Homem, realmente não possui uma individualidade definida.

Inquestionavelmente, esta falta de unidade psicológica no humanoide é a causa de tantas dificuldades e amarguras.

O corpo físico é uma unidade completa e trabalha como um todo orgânico, a menos que esteja doente.

Porém, a vida interior do humanoide de modo algum é uma unidade psicológica.

O mais grave de tudo isso (a despeito do que digam as diversas escolas do tipo pseudoesotérico e pseudo-ocultista) é a ausência de organização psicológica no fundo mesmo de cada indivíduo.

Certamente, em tais condições, não existe trabalho harmonioso como um todo na vida interior das pessoas.

O humanoide, quanto a seu estado interior, é uma multiplicidade psicológica, uma soma de Eus.

Os ignorantes ilustrados desta época tenebrosa rendem culto ao “Eu”, o endeusam, o põem nos altares, o chamam “alter ego”, “Eu Superior”, “Eu Divino” etc.

Os sabichões desta idade negra em que vivemos não querem se dar conta de que “Eu superior” ou “Eu inferior” são duas seções do mesmo Ego pluralizado…

Como superior e inferior são duas seções de uma mesma coisa, não é demais estabelecer o seguinte corolário: “Eu superior” e “Eu inferior” são dois aspectos do mesmo Ego tenebroso e pluralizado.

O denominado “Eu divino” ou “Eu superior”, “alter ego”, ou algo do estilo, é certamente uma trapaça do mim mesmo, uma forma de autoengano.

Quando o Eu quer continuar aqui e no além se autoengana com o falso conceito de um Eu divino imortal…

Nenhum de nós tem um “Eu” verdadeiro, permanente, imutável, eterno, inefável etc.

Nenhum de nós tem na verdade uma verdadeira e autêntica Unidade de Ser; infelizmente nem sequer possuímos uma legítima individualidade.

O Ego, o Eu, nunca é algo individual, unitário, unitotal. Obviamente o Eu é ‘Eus’.

No Tibet Oriental os ‘Eus’ são denominados “agregados psíquicos” ou simplesmente ‘valores’, sejam estes positivos ou negativos.

Se pensamos em cada Eu como uma pessoa diferente, podemos assegurar de forma enfática o seguinte: “Dentro de cada pessoa que vive no mundo existem muitas pessoas”.

Inquestionavelmente, dentro de cada um de nós vivem muitíssimas pessoas diferentes, algumas melhores, outras piores…

Cada um desses Eus, cada uma dessas pessoas, luta pela supremacia, quer ser exclusivo, controla o cérebro intelectual ou os centros emocional e motor cada vez que pode, enquanto outro não o substitui…

A Doutrina dos Muitos Eus foi ensinada no Tibete Oriental pelos verdadeiros Clarividentes, pelos autênticos Iluminados…

Cada um de nossos defeitos psicológicos está personificado em tal ou qual Eu. Como temos milhares, e até milhões de defeitos, evidentemente vive muita gente em nosso interior. Em questões psicológicas pudemos evidenciar claramente que os sujeitos paranoicos, ególatras e mitômanos por nada na vida abandonariam o culto do querido ego.

Inquestionavelmente, tais pessoas odeiam mortalmente a Doutrina dos Muitos Eus.

Quando alguém quer de verdade conhecer a si mesmo, deve auto-observar-se e tratar de conhecer os diferentes Eus que estão metidos dentro da personalidade.

Se algum de nossos leitores não compreende ainda esta Doutrina dos Muitos “Eus”, isto se deve exclusivamente à falta de prática em matéria de auto-observação.

À medida que alguém pratica a auto-observação interior, vai descobrindo por si mesmo muitas pessoas, muitos Eus que vivem dentro de nossa própria personalidade.

Quem nega a Doutrina dos Muitos Eus, quem adora um Eu divino, indubitavelmente jamais se auto-observou seriamente. Falando desta vez em estilo socrático, diremos que essas pessoas “não só ignoram, mas também ignoram que ignoram”.

Certamente jamais poderíamos conhecer-nos a nós mesmos sem a auto-observação séria e profunda.

Enquanto um indivíduo qualquer continue considerando-se como uno, é claro que qualquer mudança interior será mais que impossível…

O pobre animal intelectual, equivocadamente chamado de Homem, é semelhante a uma casa em desordem onde, em vez do dono, existem vários criados que querem sempre mandar e fazer o que lhes dá vontade…

O maior erro do pseudoesoterismo e pseudo-ocultismo barato é supor que os outros possuem ou que se tem um Eu permanente e imutável “sem princípio e sem fim…”

Se esses que assim pensam despertassem a Consciência, ainda que fosse por um instante, poderiam evidenciar claramente por si mesmos que o humanoide racional nunca é o mesmo por muito tempo…

O mamífero intelectual, do ponto de vista psicológico, está mudando continuamente.

Pensar que uma pessoa que se chama Luiz é sempre Luiz é algo assim como uma brincadeira de muito mau gosto…

Esse sujeito a quem se chama Luiz tem em si mesmo outros Eus, outros Egos que se expressam através de sua personalidade em diferentes momentos, e embora Luiz não goste da cobiça, outro Eu nele (chamemo-lo de Pepe) gosta da cobiça, e assim sucessivamente.

Nenhuma pessoa é a mesma de forma contínua; realmente, não se necessita ser muito sábio para dar-se conta cabal das inumeráveis mudanças e contradições de cada indivíduo…

Supor que alguém possui um Eu permanente e imutável equivale desde logo a um abuso para com o próximo e para consigo mesmo.

Dentro de cada pessoa vivem muitas pessoas, muitos Eus, isto o pode verificar por si mesmo e de forma direta qualquer pessoa desperta, consciente…

Negar a “Doutrina dos Muitos” é fazer-se de bobo, enganar a si mesmo, pois de fato seria o cúmulo dos cúmulos ignorar as contradições íntimas que cada um de nós possui.

“Vou ler um jornal”, diz o Eu do intelecto ; “ao diabo com tal leitura”, exclama o Eu do movimento, “prefiro ir dar um passeio de bicicleta”. “Que passeio e que pão quente”, grita um terceiro em discórdia, “prefiro comer, tenho fome”.

Se pudéssemos nos ver em um espelho de corpo inteiro tal e qual somos, descobriríamos por nós mesmos, de forma direta, a “Doutrina dos Muitos”.

A personalidade humana é só uma marionete controlada por fios invisíveis.

O Eu que hoje jura amor eterno à Gnose é mais tarde substituído por outro Eu que nada tem a ver com o juramento; então o sujeito se afasta.

O Eu que hoje jura amor eterno a uma mulher é mais tarde substituído por outro que nada tem a ver com esse juramento; então o sujeito se enamora de outra, e o castelo de cartas vai ao chão.

O animal intelectual equivocadamente chamado homem é como uma casa cheia de muita gente.

Não existe ordem nem concordância alguma entre os múltiplos Eus, todos eles lutam entre si e disputam a supremacia. Quando algum deles consegue o controle dos centros capitais da máquina orgânica, se sente o único, o dono; entretanto ao final é derrubado.

Considerando as coisas deste ponto de vista, chegamos à conclusão lógica de que este mamífero intelectual não tem verdadeiro sentido de responsabilidade moral.

Inquestionavelmente, o que a máquina diga ou faça em um dado momento depende exclusivamente do tipo de Eu que nesse instante a controla.

Os sete demônios que o Grande Mestre Jesus, o Cristo, expulsou do corpo de Maria Madalena são os sete pecados capitais: ira, cobiça, luxúria, inveja, orgulho, preguiça, gula.

Obviamente cada um desses sete demônios é “cabeça de legião”, por isto devemos estabelecer como corolário que o Cristo Íntimo pôde expulsar do corpo de Madalena milhares de Eus.

Refletindo sobre todas essas coisas, podemos inferir claramente que a única coisa digna que possuímos em nosso interior é a Essência, que infelizmente se encontra engarrafada dentro de todos esses múltiplos Eus da Psicologia Revolucionária.

É lamentável que a Essência funcione sempre em virtude de seu próprio engarrafamento.

Inquestionavelmente, a Essência ou Consciência, que é o mesmo, dorme profundamente.

A Personalidade Humana

“A personalidade é pura energia, ninguém nasce com uma personalidade. A personalidade é filha de seu tempo: nasce em seu tempo, morre em seu tempo, não há nenhum amanhã para a personalidade do morto.

Quando retornamos, quando regressamos, quando nos reincorporamos em um novo corpo, temos que criar uma nova personalidade.

A personalidade é energia, mas esta se torna na realidade falsa quando certos Eus penetram em seu interior e se desenvolvem na mesma; por exemplo: o Eu da vaidade, o Eu dos ciúmes, os Eus das preocupações, os Eus do intelectualismo, os Eus mecânicos…vêm a utilizar essa energia, vêm a apoderar-se dela, a localizar-se dentro da personalidade, tornando-a falsa…” (Samael Aun Weor: A Falsa Personalidade)

Um homem nasceu no ano de 1900; viveu sessenta e cinco anos e morreu. Mas, onde se encontrava antes de 1900, e onde poderá estar depois de 1965?

A ciência oficial nada sabe sobre tudo isto. Esta é a formulação geral de todas as questões sobre a vida e a morte.

Axiomaticamente podemos afirmar: o homem morre porque seu tempo termina. Não existe nenhum amanhã para a personalidade do morto.

Cada dia é uma onda do tempo, cada mês é outra onda do tempo, cada ano é também outra onda do tempo e todas estas ondas encadeadas em seu conjunto formam a Grande Onda da vida.

O tempo é circular, e a vida da personalidade humana é uma curva fechada.

A vida da personalidade humana se desenvolve em seu tempo, nasce em seu tempo e morre em seu tempo. Jamais pode existir além de seu tempo. Isto do tempo é um problema que tem sido estudado por muitos sábios. Fora de toda dúvida, o Tempo é a Quarta Dimensão.

A geometria de Euclides só é aplicável ao mundo tridimensional. Mas o mundo tem sete dimensões, e a quarta é o tempo.

A mente humana concebe a eternidade como a prolongação do tempo em linha reta. Nada pode estar mais equivocado que essa concepção, porque a Eternidade é a quinta dimensão.

Cada momento da existência se sucede no tempo e se repete para o homem que morre, mas começa outra existência. Um tempo termina e outro começa. A morte está intimamente vinculada ao eterno retorno.

Isto quer dizer que temos que retornar a este mundo depois de mortos, para repetir o mesmo drama da existência. Mas, se a personalidade humana perece com a morte, quem ou o que é que retorna?

É necessário aclarar, de uma vez e para sempre, que o Eu é que continua depois da morte, que o Eu é quem retorna, que o Eu é quem regressa a este vale de lágrimas.

É necessário que nossos leitores não confundam a lei do retorno com a teoria da reencarnação ensinada pela Teosofia moderna.

A citada teoria da reencarnação teve sua origem no culto de Krishna, que é uma religião védica indiana, infelizmente retocada e adulterada pelos reformadores.

No culto autêntico original de Krishna, os heróis, os guias, aqueles que já possuem individualidade sagrada, são os únicos que se reencarnam.

O Eu pluralizado retorna, regressa, mas isto não é reencarnação. As massas, as multidões, retornam, mas isso não é reencarnação.

A ideia do retorno das coisas e dos fenômenos, a ideia da repetição eterna, é muito antiga, e podemos encontrá-la na sabedoria Pitagórica e na antiga cosmogonia da Índia.

O eterno retorno dos dias e das noites de Brahma, a repetição incessante dos Kalpas etc., estão invariavelmente associados de forma muito íntima à sabedoria Pitagórica e à Lei de Recorrência Eterna ou Eterno Retorno.

Gautama, o Buda, ensinou muito sabiamente a doutrina do eterno retorno e a roda de vidas sucessivas, mas sua doutrina foi muito adulterada por seus seguidores.

Todo retorno implica certamente a fabricação de uma nova personalidade humana. Esta se forma durante os primeiros sete anos da infância.

O ambiente de família, a vida da rua e a escola dão à Personalidade humana infantil sua tintura original característica.

O exemplo dos mais velhos é definitivo para a Personalidade infantil.

A criança aprende mais com o exemplo que com o preceito. A forma equivocada de viver, o exemplo absurdo, os costumes degenerados dos mais velhos dão à personalidade da criança esta tintura cética e perversa da época em que vivemos.

Nesses tempos modernos o adultério se tornou mais comum que a batata e a cebola, e, como é apenas lógico, isto origina cenas dantescas dentro dos lares.

Atualmente muitas crianças têm que suportar cheios de dor e ressentimentos os chicotes e pancadas do padrasto ou madrasta. É claro que desta forma a personalidade da criança se desenvolve tendo como referência a dor, o rancor e o ódio.

Existe um ditado popular que diz: “O filho alheio cheira mal em todas as partes”. Naturalmente nisto também há exceções, mas estas podem ser contadas nos dedos das mãos, e sobram dedos…

As discussões entre o pai e a mãe por questões de ciúme, o choro e os lamentos da mãe aflita ou do marido oprimido, arruinado e desesperado, deixam na personalidade da criança uma marca indelével de profunda dor e melancolia que jamais se esquece durante toda a vida.

Nas casas elegantes as orgulhosas senhoras maltratam suas empregadas quando estas vão ao salão de beleza e pintam o rosto. O orgulho das senhoras se sente mortalmente ferido.

A criança que vê todas essas cenas de infâmia se sente profundamente ferida, e logo se coloca do lado de sua mãe soberana e orgulhosa, ou do lado da infeliz empregada vaidosa e humilhada, e o resultado pode ser catastrófico para a personalidade infantil.

Desde que se inventou a televisão se perdeu a unidade da família. Em outros tempos o homem chegava da rua e era recebido por sua mulher com muita alegria. Hoje em dia a mulher já não sai para receber seu marido à porta, porque está ocupada vendo televisão.

Dentro dos lares modernos o pai, a mãe, os filhos, as filhas, parecem autômatos inconscientes diante da tela da televisão. Agora o marido não pode comentar com sua mulher absolutamente nada dos problemas do dia, do trabalho etc., porque esta parece sonâmbula vendo o filme de ontem, as cenas dantescas de Al Capone, o último baile da nova onda etc.

As crianças criadas neste novo tipo de lar ultramoderno só pensam em canhões, pistolas, metralhadoras de brinquedo, para imitar e viver a seu modo todas as cenas dantescas do crime tal como as que viram na tela da televisão.

É lastimável que este invento maravilhoso seja utilizado com propósitos destrutivos. Se a humanidade utilizasse este invento de forma dignificante, para estudar as ciências naturais, para ensinar a verdadeira Arte Régia da Mãe Natureza, para dar sublimes ensinamentos às pessoas, então a televisão seria uma bênção para a humanidade, poderia ser utilizada inteligentemente para cultivar a personalidade humana.

É, sob todas as luzes, absurdo nutrir a personalidade infantil com música arrítmica, sem harmonia, vulgar. É estúpido nutrir a personalidade das crianças com contos de ladrões e polícia, cenas de vícios e prostituição, dramas de adultérios, pornografia, etc.

Podemos ver o resultado de semelhante proceder nos “rebeldes sem causa”, os assassinos prematuros etc.

É lamentável que as mães chicoteiem seus filhos, lhes deem pancadas, os insultem com palavras baixas e cruéis. O resultado de semelhante conduta é o ressentimento, o ódio, a perda do amor, etc.

Na prática verificamos que as crianças que se desenvolvem entre pancadas, chicotes e gritos se convertem em pessoas vulgares e carentes de todo sentido de respeito e veneração.

É urgente compreender a necessidade de estabelecer um verdadeiro equilíbrio dentro dos lares.

É indispensável saber que a doçura e a severidade devem equilibrar-se mutuamente nos dois pratos da balança da justiça.

O pai representa a Severidade. A mãe representa a Doçura. O pai personifica a Sabedoria, a mãe simboliza o Amor.

Sabedoria e Amor, Severidade e Doçura, se equilibram mutuamente nos dois pratos da Balança Cósmica.

Os pais e as mães de família devem equilibrar-se mutuamente para o bem dos lares.

É urgente, é necessário que todos os pais e mães de família compreendam a necessidade de semear na mente infantil os Valores Eternos do Espírito.

É lamentável que as crianças modernas já não possuam o Sentido de Veneração. Isto se deve às histórias de cowboys, ladrões e policiais. A televisão, o cinema etc., têm pervertido a Mente das crianças.

A Psicologia Revolucionária do Movimento Gnóstico faz, de forma clara e precisa, distinção profunda entre o Ego e a Essência.

Durante os primeiros três ou quatro anos de vida, só se manifesta na criança a beleza da Essência. Então a criança é terna, doce, bela em todos os seus aspectos psicológicos.

Quando o Ego começa a controlar a terna Personalidade da criança, toda essa beleza da Essência vai desaparecendo e em seu lugar afloram então os defeitos psicológicos próprios de todo ser humano.

Assim como devemos fazer distinção entre Ego e Essência, também é necessário distinguir Personalidade e Essência.

O ser humano nasce com a Essência, mas não nasce com a Personalidade. Esta última é necessário criá-la.

Personalidade e Essência devem desenvolver-se de forma harmoniosa e equilibrada.

Na prática temos podido verificar que, quando a Personalidade se desenvolve exageradamente às custas da Essência, o resultado é o charlatão, o velhaco.

A observação e a experiência de muitos anos nos permitiram compreender que, quando a Essência se desenvolve totalmente sem atender no mínimo ao cultivo harmonioso da Personalidade, o resultado é o místico sem intelecto, sem personalidade, nobre de coração, porém inadaptado e incapaz.

O desenvolvimento harmonioso de Personalidade e Essência tem como resultado homens geniais.

Na Essência temos tudo que nos é próprio, na personalidade tudo o que é emprestado.

Na Essência temos nossas qualidades inatas; na Personalidade temos o exemplo dos mais velhos, o que aprendemos no lar, na escola, na rua.

A Essência se alimenta com ternura, carinho sem limites, amor, música, flores, beleza, harmonia etc. A Personalidade deve alimentar-se com o bom exemplo dos mais velhos, com o sábio ensinamento da escola etc.

É indispensável que as crianças entrem na escola na idade de sete anos, passando primeiro pelo chamado “kinder” ou “jardim de infância”.

As crianças devem aprender as primeiras letras brincando, assim o estudo se torna para eles atrativo, delicioso, feliz.

A “Educação Fundamental” ensina que, desde o jardim de infância, deve-se dar atenção especial a cada um dos três aspectos da Personalidade Humana, conhecidos como Pensamento, Movimento e Emoção. Assim a personalidade da criança se desenvolve de forma harmoniosa e equilibrada.

A questão da criação da Personalidade da criança e seu desenvolvimento é de grande responsabilidade para pais de família e professores.

A qualidade da Personalidade Humana depende exclusivamente do tipo de Material Psicológico com o qual foi criada e alimentada.

No que diz respeito à “Personalidade”, “Essência”, “Ego” ou “Eu”, existe entre os estudantes de psicologia muita confusão.

Alguns confundem o Ego ou Eu com a Essência.

São muitas as escolas pseudo-esotéricas ou pseudo-ocultistas que têm como meta de seus estudos a vida impessoal. É necessário esclarecer que não é a Personalidade o que temos que dissolver.

É urgente saber que necessitamos desintegrar o Ego, o Mim Mesmo, o Eu, e reduzi-lo a uma nuvem de poeira cósmica.

O Ego, embora continue além do sepulcro, tem entretanto um princípio e um fim.

A Personalidade é apenas um veículo de ação, um veículo que foi necessário criar, fabricar.

No mundo existem Calígulas, Átilas, Hitleres etc. Todo tipo de Personalidade, por mais perversa que tenha sido, pode transformar-se radicalmente quando o Ego ou Eu se dissolve totalmente.

Isto da dissolução do Ego ou Eu confunde e incomoda a muitos pseudoesoteristas. Estes estão convencidos de que o Ego é divino, eles creem que o Ego ou Eu é o mesmo Ser, a Mônada Divina etc.

É necessário, é urgente, é indispensável compreender que o Ego ou Eu nada tem de divino.

O Ego ou Eu é o Satã da Bíblia, um feixe de recordações, desejos, paixões, ódios, ressentimentos, adultérios, herança de família, raça, nação  etc.

Muitos afirmam de forma estúpida que existe em nós um Eu superior, ou Divino, e um Eu inferior.

Superior e inferior são sempre duas seções de uma mesma coisa. Eu superior, Eu inferior, são duas seções do mesmo Ego.

O Ser Divino, a Mônada, o Íntimo, nada têm a ver com nenhuma forma do Eu.

O Ser é o Ser, e isso é tudo. A razão de Ser do Ser é o próprio Ser.

A Personalidade em si mesma é só um veículo e nada mais. Através da Personalidade podem manifestar-se o Ego ou o Ser, tudo depende de nós mesmos.

É urgente dissolver o Eu, o Ego, para que só se manifeste, através de nossa Personalidade, a Essência psicológica de nosso verdadeiro Ser.

É indispensável que os educadores compreendam plenamente a necessidade de cultivar harmoniosamente os três aspectos da personalidade humana.

Um perfeito equilíbrio entre Personalidade e Essência, um desenvolvimento harmonioso do pensamento, emoção e movimento, e uma ética revolucionária constituem as bases da Educação fundamental.

A Integração com o Ser: Uma Meta da Essência Humana

Pergunta: Poderia dizer-me o que é o Ser?
Samael Aun Weor: O Ser é o Ser, e a razão de Ser do Ser é o próprio Ser. O Ser é o Divino, a faísca imortal de todo ser humano, sem princípio nem fim, terrivelmente divino. Os seres humanos ainda não possuem essa faísca dentro de seus corpos, mas, se nos santificamos e eliminamos o Eu pecador, o Mefistófeles, é claro que um dia a faísca poderá entrar em nossos corpos. Agora os convido a compreender o que é o SER. (Samael Aun Weor: Desfazendo Mistérios)

Se negássemos os princípios inteligentes da natureza, a mecânica deixaria de existir, porque não é possível a existência da mecânica sem mecânicos. Se alguém considerasse possível a existência de qualquer máquina sem autor, gostaria que o demonstrasse, que colocasse os elementos químicos sobre a mesa do laboratório para que aparecesse um rádio, um automóvel, ou simplesmente um célula orgânica.

Indubitavelmente, esses princípios inteligentes da natureza só poderiam ser negados pelos estúpidos, por aqueles que pretendem que qualquer máquina orgânica seja capaz de surgir do acaso. Nunca seriam rechaçados pelos homens verdadeiramente sábios no sentido mais completo da palavra.

Não quero defender um Deus antropomórfico, ao estilo de Jeová Judaico, com a doutrina do “olho por olho, dente por dente”. Sabemos que este tipo de dogmatismo traz como consequência ou corolário, e por oposição, a reação de tipo ateísta e materialista.

É necessário entender que qualquer abuso é prejudicial para a humanidade. Nos tempos antigos rendeu-se culto aos Deuses, quer dizer, aos princípios inteligentes da Natureza e do Cosmos, ao Demiurgo Arquiteto do Universo, o qual não é um sujeito humano, nem divino; pelo contrário, é Unidade Múltipla Perfeita, o Logos platônico.

Desgraçadamente, na Roma augusta dos césares e até na Grécia de outrora, houve um processo de degeneração religiosa. Quando se abusou do culto aos Deuses, surgiu por reação o monoteísmo, com seu Deus antropomórfico. Muito mais tarde, este monoteísmo, com seu Deus antropomórfico, produziu, por reação, o materialismo atual.

De maneira que o abuso do politeísmo acarreta o antropomorfismo monoteísta, a crença no Deus antropomórfico bíblico. Por sua vez, o abuso do monoteísmo origina o ateísmo materialista. Essas são as fases religiosas pelas quais passam os povos.

Francamente, em nome da verdade, considero que chegou o momento de eliminar esse antropomorfismo monoteísta que originou tantas más consequências. Hoje não existiria o ateísmo materialista se os cleros religiosos não houvessem abusado de tal culto. Este culto surgiu, pois, por reação.

Infelizmente, o ateísmo materialista nasceu por reação contra o antropomorfismo monoteísta, e, por sua vez, a crença em um Deus antropomórfico surgiu como resultado do abuso politeísta; quando se degeneraram os cultos aos Deuses do Universo, surgiu então, por simples reação, o monoteísmo.

Necessitamos reconhecer os princípios inteligentes da Natureza e do Cosmos. Porém, repito, não estamos defendendo um Deus antropomórfico. Parece-me que reconhecer Princípios Inteligentes resiste a qualquer análise científica.

Observemos, por exemplo, um formigueiro. Aí vemos os princípios inteligentes em plena atividade: como trabalham essas formigas, como fazem seus palácios, como se governam, etc. O mesmo acontece com uma colmeia de abelhas: sua ordem é assombrosa.

Dotemos cada uma das formigas, ou cada uma das abelhas, de uma Mônada pitagórica ou de um Jiva hindu, e é lógico que de fato toma sentido todo o formigueiro, toda a colmeia, porque todas as criaturas vivem de um princípio monádico.

Nós não estamos rendendo culto a nenhum Deus antropomórfico, unicamente queremos que se reconheça inteligência na natureza. Não nos parece absurdo que a natureza esteja provida de inteligência. A ordem existente na construção da molécula e do átomo nos está demonstrando com claridade meridiana os princípios inteligentes.

Estamos na época precisa para revisar princípios. Se não estamos de acordo com o materialismo é porque este não resiste a uma análise de fundo, é puro lixo, isso é óbvio. A criação do homem através de processos mecânicos é mais incoerente que o Adão surgido instantaneamente do lodo da terra. Tão absurda uma como outra.

Reconheçamos que há inteligência em toda esta mecânica da natureza, no movimento dos átomos ao redor de seu centro de gravitação, no movimento dos mundos ao redor de seus sóis.

Quando estudamos com rigor científico a Bíblia hebraica, encontramos uma chave transcendental na palavra “Elohim”, que nos convida à reflexão.

Certamente Elohim se traduz como “Deus” nas diversas versões autorizadas e revisadas deste livro sagrado.

É um fato sem controvérsias, não somente do ponto de vista esotérico como também do linguístico, que o termo Elohim é um nome feminino com uma terminação plural masculina.

A tradução correta, stricto sensu, do nome Elohim é “Deuses e Deusas”.

“E o Espírito dos Princípios Masculino e Feminino pairava sobre a superfície do informe, e a criação aconteceu.”

Inquestionavelmente, uma religião sem Deusas está a meio caminho do completo ateísmo.

Se queremos de verdade o equilíbrio perfeito da vida anímica, devemos render culto a “Elohim”, os Deuses e as Deusas dos antigos tempos, e não ao Jeová antropomórfico rechaçado pelo Grande Cabir Jesus.

Muitos se equivocam ao crer que o Divino Redentor do mundo, Jesus o Cristo, rendeu culto ao Jeová antropomórfico do Judaísmo. O Divino Rabi da Galileia em realidade adorou seu divino Macho-Fêmea (Jah-Hovah), o Pai-Mãe interior.

O Bendito, crucificado no Monte do Calvário, clamou com Grande Voz dizendo: “Meu Pai, em tuas mãos encomendo meu espírito”. “Ram-Io”, “Isis”, sua Divina Mãe Kundalini, o acompanhou na Via-Crúcis.

Todas as nações têm seu primeiro Deus, ou Deuses, como Andróginos; não poderia ser de outro modo, posto que consideravam seus distantes progenitores primitivos, seus antecessores de duplo sexo, como Seres Divinos e Deuses Santos, o mesmo que fazem hoje os chineses.

“E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; os criou macho e fêmea”. (Gn. 1: 21)

Com efeito, a concepção artificiosa de um Jeová antropomórfico, exclusivista, independente de sua própria obra, sentado lá no alto em um trono de tirania e despotismo, lançando raios e trovões contra este triste formigueiro humano, é o resultado da ignorância, mera idolatria intelectual.

Esta concepção errônea da Verdade infelizmente se apoderou tanto do filósofo ocidental como do religioso filiado a qualquer seita desprovida completamente dos elementos gnósticos.

O que os gnósticos de todos os tempos rejeitaram não é o Deus desconhecido, Uno e sempre presente na natureza, ou a natureza in ab scondito, mas o Deus do dogma ortodoxo, a espantosa Deidade vingativa da lei de Talião.

O culto idolátrico do Jeová antropomórfico em vez do Elohim é certamente um poderoso impedimento para se obter os estados de Consciência supranormais.

Nós, antropólogos gnósticos, em vez de rir incrédulos (como os antropólogos profanos) ante as representações de Deuses e Deusas dos diversos panteões (asteca, maia, olmeca, tolteca, inca, chibcha, druida, egípcio, hindu, caldeu, fenício, mesopotâmico, persa, romano, tibetano etc.), caímos prosternados aos pés destas Divindades, porque nelas reconhecemos o “Elohim” Criador do Universo.

Com justa razão dizia Madame Blavatsky que “há tantos Deuses no Céu como homens na Terra”.

Cada um de nós tem sua própria Divindade, seu próprio Ser, sua própria Mônada particular e individual.

Nós, como seres humanos, falando essencialmente, como almas, somos o resultado dos distintos desdobramentos de nossa própria Chispa Virginal.

O Ser em cada um de nós, para aprofundar um pouco mais nesta questão, o Divino que o homem leva dentro, é a Multiplicidade dentro da Unidade.

Isto quer dizer que nosso Ser, como Unidade, por sua vez se desdobra em múltiplas partes, cada uma delas com suas particulares funções e faculdades. Nosso Ser, em realidade, parece um exército de crianças inocentes. Cada parte do Ser individual, portanto, é autoconsciente e até autônoma.

Feliz de quem alcance a integração do Ser.

A morte do Ego e a Ressurreição do Ser em nós devem ocorrer durante a vida.

O Ser e o Ego são incompatíveis.

O Ser e o Ego são como a água e o óleo, nunca se misturam.

Assim, podemos concluir dizendo que dois estados psicológicos se abrem diante do Gnóstico definido:

– o do SER, transparente, cristalino, impessoal, real e verdadeiro.

– o do EU, conjunto de agregados psíquicos personificando defeitos, cuja única razão de existir é a ignorância…

7 COMENTÁRIOS

  1. Olá. Já frequentei durante anos um curso de Gnose e apesar de ter saido continuo a praticar no dia a dia os ensinamentos.
    No entanto sinto-me completamente desenquadrado das outras pessoas, não sinto empatia ou interesse nas suas conversas ou problemas mundanos e quando me manifesto noto que as pessoas não entendem a minha mentalidade. Sinto-me muito só, isolado sem pertencer a lado nenhum. Sei que devemos tolerar e compreender os outros, mas como fazer isso sem violarmos os nossos principios e ficarmos presos? E como nos enquadrarmos num mundo que pensa de maneira diferente? Muito obrigado pela atenção.

    • Viver neste mundo sem se perder nele, é o lema do Buscador da Verdade.
      Viva de forma saudável na sociedade, ame, trabalhe, conviva… mas sempre lembrando do Trabalho Interno, sempre relacionando suas reações ante os fatos do dia a dia com a não identificação e, acima de tudo, com o estar de tocaia sobre o aparecimento do Ego, a qualquer instante… O Buscador da Verdade está sempre de TOCAIA, observando como, quando e onde o EGO se expressa.
      O Ego quando se expressa, quando se manifesta, é motivo de grande alegria para o Iniciado, pois lhe foi mostrado o que deve ser eliminado…
      O mundo serve somente para isso, nada mais. Aqui é uma ESCOLA!!!

    • Ola amigo essa sensacao de estar so e normal para quem ta realizando o trabalho realmente com as praticas de gnose criamos uma auto selecao mas o inportante e ter a compreencao de tudo alimnetar as virtudes e ver tudo como uma grande escola aprender se lapidar e voltar ao pai e o objetivo

  2. Este curso não é um curso ministrado em faculdades, aliás, este curso visa dar as dicas, o caminho, para o Ser humano despertar suas faculdades superiores. O objetivo deste curso de Gnosis não dar no final um belo Diploma pra enfeitar uma parede, mas sim entregar chaves, ferramentas, ensinamentos para que qualquer pessoa possa por sí mesma conhecer os mistérios da Natureza, conhecer a si próprio, conhecer, despertar sua verdadeira CONSCIÊNCIA.

  3. Saudações.
    Grande parte das frases ditas pela boca de Jesus no mundo,na sua maioria,não foram ditas por ele mesmo,e sim,através do cristo,que possuiu a sua alma;portanto estava nele.
    Por isso ele(cristo)se dizia o filho(cristal)que estava no pai(a grande rocha solar)e o pai que estava nele(corpo de silício e cristalizado com o pó de aton)
    Portanto,quando disse:
    “EM PACIÊNCIA,POSSUIREIS VOSSAS ALMAS”,não foi o mestre,e sim,o filho,que possuiu e irá possuir as nossas almas;ele é o puro e tri…cristal leitoso…
    Quando ele se referia ao dizer:”PAI,POR QUE ME ABANDONASTE” era por ter ali,naquele instante,o cristo ter se retirado(isso acontece,com á retirada do espirito santo,que é sangue do cristo)pois ele disse:”EI QUE VIREI COM O FOGO E COM O SANGUE”ou seja,com á sublimação da alma,através da alquimia e trâsmutação(fogo)e com o espirito de deus(o sangue)e quando chorava,ali estava o mestre nazareno,o filho do homem,pois como uma rocha,o cristo tem poder,mas não tem emoções,e como um puro cristal,pode refletir o que lhe por na frente,mesmo por Pilatos…que lhe impôs uma imagem(rei judeu)e ele disse “TU O DIZES” e Erodes,que lhe impôs a imagem como o filho de deus,e ele,”O MESTRE”,disse “EU” SOU”…não foi Satã.
    Assim seja

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