O grande deus do vulcão Vesúvio

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O VM Samael Aun Weor afirmava para seus discípulos que todos os rios, montanhas, jogos de cavernas, mares, oceanos, arquipélagos, florestas, lagos etc. são regidos por REIS E RAINHAS. Os vulcões são coordenados por gigantes reis do fogo e seu poder é terrível. Seu regente-mor, o arcanjo do fogo e do planeta Marte, é o Arcanjo Samael. Um discípulo do grande mestre da Mente Cósmica, de nome Zan, ou Zanoni, teve uma experiência com um desses seres, experiência cujo grand finale resultou quase fatal (texto retirado do impressionante livro ZANONI). Leiamos:

Uma coluna de fogo se precipitava por diferentes correntes, maiores e menores, saindo da negra cumeeira, e os ingleses, à medida que subiam, começavam a ter essa sensação de solenidade e terror, que inspira a atmosfera que rodeia o Gigante das Planícies do Antigo Hades (o Vesúvio).

Era já noite, quando, deixando as mulas, resolveram continuar a subir a pé, acompanhados do seu guia e de um camponês que levava uma grande tocha.

O guia era um homem conservador e vivaz, como o é a maior parte dos seus compatriotas que exercem tal profissão; e Mervale, cujo gênio era muito sociável, gostava de divertir-se e de instruir-se sempre quando se lhe oferecia ocasião.

– Ah, excelência – disse o guia –, a gente do seu país sente uma forte paixão pelo vulcão. Deus lhes dê longa vida! Pois eles nos trazem muito dinheiro. Se tivéssemos de viver só com o que nos dão os napolitanos, em breve morreríamos de fome.

– É verdade, os napolitanos não são muito curiosos – disse Mervale. Lembra-te, Glyndon, com que desprezo nos disse aquele velho conde: “Suponho que vá ao Vesúvio… Eu nunca lá estive; para que ir lá? Para passar frio e fome, cansar-me e expor-me ao perigo, e tudo isso para ver fogo, que tem igual aspecto em um braseiro como na montanha?”

– Ha ha… o velho tinha razão.

– Mas não é só isso, excelência – falou o guia. Alguns cavalheiros julgam-se capazes de subir a montanha sem o nosso auxílio. Esses homens mereciam ser jogados na cratera.

– É necessário ser muito ousado para andar sozinho por estes locais, e parece-me que não se encontram muitos que se atrevam a isso.

– Fazem-no às vezes os franceses, senhor. Porém, em outra noite – em minha vida nunca passei por tanto susto –, acompanhei uma expedição de vários ingleses, e uma senhora esqueceu no alto da montanha uma carteira em que havia feito alguns esboços. Ofereceu-me uma boa quantia de dinheiro, se quisesse ir buscar essa carteira e lha levasse a Nápoles.

Pela tarde, subi à montanha e achei, efetivamente, o livrinho no mesmo lugar onde fora esquecido; quando, porém, dei o primeiro passo para voltar, vi uma figura que me pareceu subir da cratera mesma.

O ar era tão pestilento, que parecia impossível que uma criatura humana fosse capaz de respirá-lo e viver. Fiquei tão surpreendido que, por alguns instantes, parei, imóvel como uma estátua, até que aquela figura, passando por cima da cinza quente, veio pôr-se em frente a mim. Virgem Maria, que cabeça!

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– Muito feia não é?

– Não! – retrucou o guia –, era, pelo contrário, um semblante muito belo, porém tão terrível, que o seu aspecto não tinha nada de humano.

– E que disse essa salamandra ? – perguntou Mervale.

– Nada! Nem sequer pareceu ter reparado em mim, apesar de eu estar tão perto dele como agora estou do senhor; mas os seus olhos se dirigiram ao céu, como se observasse atentamente alguma coisa nas alturas. Ele passou rapidamente para meu lado, cruzou uma corrente de lava ardente, e, em breve, desapareceu na outra banda da montanha.

A curiosidade deu-me audácia, e eu resolvi ver se podia aguentar a atmosfera que havia respirado aquele visitante; porém, não havia dado mais que uns trinta passos em direção ao lugar onde ele aparecera primeiramente, e vi-me obrigado a recuar sem demora, por causa de um vapor que esteve a ponto de asfixiar-me. Cáspita! Desde então, cuspo sangue.

– Apostaria qualquer coisa pela minha suposição de que pensa que esse Rei do Fogo havia de ser Zanoni – murmurou Mervale, rindo, para o seu amigo.

A pequena caravana havia chegado agora quase ao alto da montanha; e soberbo era o espetáculo que se oferecia às suas vistas.

Do fundo da cratera saía um vapor, intensamente escuro, que enchia o espaço e cobria grande parte do céu; no centro da nuvem via-se uma chama da forma e cor singularmente belas.

Podia comparar-se esse aspecto a uma crista de gigantescas plumas, coroada de brilhantes, formando um belo e alto arco de várias cores, às quais as sombras da noite davam encantadores matizes, enquanto que o todo ondeava como a plumagem do capacete de um guerreiro.

O resplendor da chama, luminoso e carmesim, iluminava o terreno escuro e escabroso que pisavam, e cada pedra e cada fenda produziam uma sombra particular.

Uma atmosfera sufocante e sulfurosa aumentava a sensação de terror que inspirava aquelas paragens.

Porém, quando se apartava a vista da montanha, para dirigi-la para o lado do oceano, que não se enxergava, o contraste era extraordinário, o céu, naquela região, aparecia sereno e azul, e salpicado de estrelas que brilhavam tranquilamente, como os olhos do Divino Amor.

Era como se os mundos dos opostos princípios do Mal e do Bem se apresentassem em um só quadro à vista do homem!

Glyndon –  com o seu entusiasmo e a sua imaginação de artista – sentia-se preso e arrebatado por vagas e indefiníveis emoções, em que o prazer se misturava com a dor.

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Apoiado ao ombro do amigo, o artista olhava em torno de si e escutava, com profunda sensação de terror e admiração, o murmúrio que se ouvia debaixo dos seus pés, semelhante a rodas de máquina e pelas vozes do mistério da Natureza, trabalhando em seus mais negros e inescrutáveis recessos.

De repente, como uma bomba arrojada por um morteiro, uma enorme pedra, lançada pela boca da cratera foi voando pelos ares à altura de centenas de metros, e caindo, com forte estrondo, sobre a rocha, saltou em milhares de pedaços, que foram rolando estrepitosamente pelos flancos da montanha.

Um desses fragmentos, o maior, veio cair no estreito espaço que havia entre os ingleses e o guia, a uns três pés de distância dos primeiros.

Mervale lançou um grito de espanto, e Glyndon, quase perdendo o fôlego, tremia da cabeça aos pés.

– Diabos! – exclamou o guia. Vamos descer, excelências, descer! Não devemos perder um instante; sigam-me tão perto quanto possível!

Ao dizer isso, começou o guia, bem como o camponês, correndo com toda a velocidade que o terreno permitia.

Mervale, sempre mais pronto em suas resoluções do que o seu amigo, imitou o seu exemplo; e Glyndon, mais confuso que alarmado, seguiu em último lugar.

Não tinham andado, porém, muitos metros, quando, com um ruidoso e repentino sopro, a cratera vomitou uma enorme coluna de vapor, que os perseguiu, e alcançando-os, em um instante os envolveu, ao mesmo tempo que mergulhava tudo na mais espantosa escuridão.

A uma grande distância, ouviam-se os gritos do guia, abafados pelo ruído do vulcão e pelos rumores da terra debaixo dos pés dos excursionistas.

Glyndon deteve-se. Encontrava-se já separado do seu amigo e do guia. Estava só, com a escuridão e o terror.

O vapor adiantava-se, ameaçador, até a base da montanha.

Outra vez apareceu ainda que confusamente, a forma do fogo crispado, lançando uma luz indecisa sobre o caminho escabroso.

Glyndon recuperou coragem e avançou. Ouvia a voz de Mervale, que o chamava, mas não podia distinguir-lhe a forma. O som lhe serviu de guia.

Aturdido e mal podendo respirar, o artista andava tão depressa como lhe era possível, quando, de repente, lhe chegou ao ouvido um novo ruído de alguma coisa que rolava lentamente!

Glyndon parou e, virando a cabeça para ver o que era, notou que uma torrente de fogo baixava pelo caminho que ele seguia; e já formava ali um largo córrego, perseguindo-o e prestes a alcançá-lo.

Sentia, a cada instante, o bafo abrasador daquele terrível inimigo tocar-lhe o rosto!

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Abandonando o caminho, o inglês dirigiu-se para um lado e agarrou-se desesperadamente, com as mãos e os pés, a uma rocha que, à sua direita, quebrava o ardente e perigoso nível do solo.

A torrente ígnea vinha também ali; o jovem, no último esforço, subiu para a rocha.

A massa ardente passou primeiro ao pé desta; porém, em seguida, fazendo uma pequena volta, cercou a pedra por três lados. Formando uma larga e intransponível barreira de fogo líquido, que lhe tapava o único ponto que ficava livre para a fuga.

E agora não tinha outra opção senão permanecer ali ou retroceder até a cratera e depois procurar, sem o auxílio de um guia, algum outro caminho por onde pudesse descer.

Por um instante, abandonou-o a coragem; ele se pôs a chamar, com voz desesperada, por Mervale e pelo guia.

Ninguém, porém, lhe respondeu; e o inglês, vendo-se assim só e abandonado a seus próprios recursos, revestiu-se de coragem e sentiu-se novamente possuído de energia, dispondo-se a lutar contra o perigo.

Desceu da rocha e, tornando atrás, aproximou-se da cratera tanto quanto lhe permitia a sufocante atmosfera que o rodeava; depois, olhando com calma e atenção a vertente da montanha, viu um caminho, pelo qual podia andar, desviando-se da direção que o fogo havia tomado.

Pôs-se a caminhar, mas apenas tinha feito cerca de sessenta passos, parou de repente, sentindo-se tomado de um invencível e inexplicável horror, como nunca experimentara até ali.

Tremia convulsivamente e os seus músculos não queriam obedecer à sua vontade; parecia-lhe que estava paralisado e que fora tocado pela morte. Esse medo era tanto mais inexplicável quanto o caminho parecia ser limpo e seguro.

O fogo do vulcão e o que havia deixado atrás iluminavam a estrada até uma longa distância. Não se via obstáculo algum, nenhum perigo parecia ameaçá-lo naquele instante.

Enquanto permanecia dessa maneira como encantado e cravado no solo, o seu peito respirava com dificuldade, e grossas gotas de suor rolavam-lhe pela testa; os olhos, como se quisessem sair das órbitas, olhavam fixamente, a certa distância, uma coisa que gradualmente ia tomando uma forma colossal – uma espécie de sombra que se assemelhava um tanto a uma figura humana, porém de uma estatura muito maior – vaga, escura, disforme mesmo, e que diferia, sem que o jovem pudesse dizer por que ou em que, não somente nas proporções, como também em sua estrutura, das regulares formas de um homem.

O resplendor do vulcão, que parecia ser cortado por aquela gigantesca e espantosa aparição, lançava, não obstante, a sua luz, vermelha e firme, sobre outra figura que estava de pé, ao lado da primeira, quieta e imóvel; e era talvez o contraste dessas duas coisas – o Ser (Zanoni) e a Sombra – que impressionara o jovem com a diferença que havia entre eles, o homem e o super-humano.

Mas foi apenas por um instante rápido que Glyndon viu a aparição.

Uma segunda erupção de vapores sulfúreos, mais rápida e mais densa do que a primeira, tornou a encobrir a montanha; e, fosse a impressão produzida por esse fenômeno ou talvez o excesso de medo, o certo é que Glyndon, depois de fazer um esforço desesperado, caiu, sem sentidos, no chão…

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