Conceito gnóstico de Alma

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Antes de tudo, meus caros irmãos, faz-se necessário conhecer o caminho que leva à Autorrealização Íntima do Ser.

Indubitavelmente, é urgente compreender a necessidade de cristalizar em nós isso que se chama Alma. Jesus Cristo disse: “Em paciência possuireis vossas almas”. Mas, antes de tudo, convém entender que coisa é essa que se chama Alma.

Certamente, devo dizer-lhes que a Alma é um conjunto de virtudes, leis, princípios, poderes etc. As pessoas possuem a Essência, o material psíquico para fabricar Alma, ou, melhor diríamos, para cristalizar Alma. Mas ainda não possuem a Alma.

Obviamente, quem quiser possuir isso que normalmente se denomina Alma, deverá desintegrar os elementos psíquicos indesejáveis que carregamos em nosso interior: ira, cobiça, luxúria, preguiça, gula, inveja, orgulho etc.

Virgílio, o poeta de Mântua, disse: Ainda que tivéssemos mil línguas para falar e um palato de aço, não conseguiríamos enumerar todos os nossos defeitos cabalmente. No Tibete, estes defeitos são denominados de agregados psíquicos. Tais agregados se parecem muito com os “elementares” dos quais falam as diversas organizações de tipo ocultista. São a viva personificação de nossos erros.

 

Diz-se que Jesus de Nazaré expulsou do corpo de Maria Madalena sete demônios. Indubitavelmente, eles representam os sete defeitos capitais, que se multiplicam incessantemente. Essa afirmação do evangelho crístico quer dizer que o Cristo Íntimo expulsou de Maria Madalena os diversos agregados psíquicos inumanos que ela possuía.

Cada um desses agregados está organizado de forma similar à personalidade humana. Possui os três cérebros: o intelectual, o emocional e o motor-instintivo-sexual. Cada agregado parece realmente uma pessoa. Se dizemos que dentro de nossa pessoa humana há muitas pessoas vivendo, não estamos exagerando, assim é!

Todos esses agregados combatem entre si mutuamente, lutam pela supremacia, cada um deles quer ser o dono, o senhor… E aquele que consegue se impor, aquele que consegue controlar os cinco cilindros da máquina orgânica em um dado momento, se crê o único. Momentos depois, no entanto, é deslocado e outro ocupa o seu lugar.

Assim, na realidade e de verdade, qualquer pessoa não é a mesma sequer durante meia hora. Isso parece incrível, mas é assim. Vocês mesmos que estão aqui sentados escutando, começaram com um agregado e se sentaram para escutar, e ninguém está muito alerta… Mas se vocês prestarem atenção no que ocorreu em seu interior até este preciso momento, descobrirão que agora são diferentes, que não são os mesmos que aqui chegaram e se sentaram, são diferentes. Por quê? Porque o agregado que controlava a máquina orgânica e que começou a escutar foi substituído por outro que é quem agora está escutando.

Se dissesse que vocês são os mesmos que começaram, estaria abusando de sua mente e da minha própria. Assim, na realidade e de verdade, os agregados psíquicos estão continuamente mudando. Tão logo é um que controla os centros capitais do cérebro como é outro; não permanecem os mesmos nunca.

Enquanto isso, a Essência, que é o mais digno, que é o mais decente que temos em nosso interior, que é a própria Consciência, indubitavelmente encontra-se enfrascada nesses múltiplos agregados, processando-se em razão de seu próprio condicionamento.

Cada um de vocês é legião. Recordemos o que o Mestre Jesus perguntou ao possesso do evangelho bíblico: Qual é o teu nome? E o possuído respondeu: Meu nome é Legião.

Qual é o nome de cada um dos aqui presentes? Legião! Vocês não têm uma verdadeira individualidade, não a conseguiram. A Consciência em cada um de vocês dorme terrivelmente. Por que? Porque se processa em razão de seu próprio engarrafamento, se encontra em estado de hipnose; isso não pode ser negado.

E quanto a Alma em si mesma, conseguiram cristalizá-la? Se dissesse que vocês não têm uma Alma imortal, estaria mentindo também; estou consciente disso. Obviamente, cada um de vocês tem a sua Alma imortal, mas não a possui.

Alguém poderia ter um belo diamante e guardá-lo em algum cofre de segurança. Possivelmente, gozaria pensando que tem tal jóia, mas se estivesse empenhada, não a possuiria. Saberia que tem uma jóia, mas não ignoraria que na verdade não a possui. Muitas vezes, alguém recebe uma boa herança e sabe que a tem… Porém, uma coisa é ter e outra possuir.

Onde está a Alma de vocês? Viaja pela Via-Láctea. Movimenta-se por toda esta galáxia. Mas vocês, que estão aqui sentados, não a possuem. Sabem que a têm, mas uma coisa é saber que se tem e outra coisa é possuir. Assim, vale a pena possuí-la.

Mas como chegaria alguém a possuir a sua Alma? Desintegrando definitivamente os agregados psíquicos, porque a Alma e os agregados psíquicos são incompatíveis, são como o óleo e a água, não podem se misturar.

Se não conseguimos desintegrar os agregados psíquicos, viva personificação de nossos defeitos de tipo psicológico, perdemos a Alma.

De que serviria – disse Jesus – a um homem ganhar todos os tesouros do mundo, se viesse a perder a sua Alma? De nada lhe serviria. É possível perder a Alma? Sim, é possível. Quem entra nos mundos infernos perde sua Alma.

Triste é perder esse tesouro. Haveria alguma maneira de não o perder? Sim, repito, cristalizando a Alma em nós mesmos aqui e agora.

Quando alguém quebranta completamente e desintegra o agregado psíquico da Luxúria, ou os agregados, porque são muitos, cristaliza na Essência que carrega dentro de si essa preciosa virtude da Alma conhecida como Castidade.

Quando alguém consegue destruir, aniquilar, o agregado psíquico do Ódio, cristaliza então nele a preciosa virtude do Amor.

Quando alguém consegue reduzir a poeira cósmica o agregado psíquico do Egoísmo, cristaliza nele a preciosa virtude do Altruísmo ou do Cristocentrismo.

Quando alguém consegue aniquilar o agregado psíquico do Orgulho, então cristaliza nele a inefável virtude da Humildade.

Ao chegar a esta parte da nossa conferência, quero dizer que lamentavelmente muitos textos de tipo ocultista ou esoterista levam as pessoas ao orgulho místico, e isso é grave.

Conotados autores, mui veneráveis, afirmam que nós somos deuses, que cada um de nós é um deus. Obviamente, tais declarações provocam em nós o orgulho místico, o qual causa muito dano na senda da autorrealização, porque alguém, presumido, convencido de que é um deus, pode se transformar num mitômano.

Inquestionavelmente, não é possível se converter num verdadeiro iluminado quando se tem orgulho.

Não poderia jamais pensar num deus embriagado, num deus fornicário, adúltero, brigão, egoísta, invejoso, ciumento, luxurioso, etc., e cada um de nós é na realidade tudo isto.

Deixa-me triste encontrar sempre nos textos ocultistas, sem citar neste momento organizações, algumas mui veneráveis, esta tremenda afirmação nociva de que somos deuses.

É melhor ser sérios e ater-nos à realidade dos fatos, ver o que somos e não forjar ilusões. Comemos, bebemos, fornicamos, adulteramos, odiamos, criticamos, somos ciumentos, etc. Imaginam, por acaso, um deus assim? Melhor é dizer que somos uns vis gusanos do lodo da terra; estar convencidos do que somos. E se queremos nos convencer, basta que sejamos sinceros com nós mesmos.

Se examinamos cuidadosamente a nossa existência, descobrimos que de verdade não somos uma das sete maravilhas do mundo… Fazendo esse exame sobre nós mesmos e sobre a nossa própria vida trará maravilhosas conseqüências, porque nos permitirá saber o que somos e entender que não somos mais do que uns pobres pecadores, vis gusanos do lodo da terra. Assim, desta forma, seguiremos pelo caminho da simplicidade e da humildade.

Quando alguém desintegra, na realidade e em verdade, esse agregado psíquico do Orgulho, cristaliza em si obviamente a Humildade, que é a virtude mais preciosa.

Tenha-se em conta de que não somente existe o Orgulho baseado nas posições sociais, na riqueza, na linhagem familiar etc. Há um Orgulho muito pior, mais nocivo que todas essas formas que acabo de citar.

É o Orgulho místico; julgar-nos santos, sábios, sentir-nos deuses, supor que ninguém é maior que nós etc. Isso é grave porque na realidade e em verdade o orgulho nunca permitirá que se tenha uma correta relação com as partes mais elevadas do Ser. Quando alguém não pode se relacionar com as partes mais elevadas do Ser, tampouco pode gozar da Iluminação. Terá que viver atido aos livros, a ler, a escutar os conferencistas e jamais chegará à experiência mística do REAL.

Portanto, primeiro que tudo, é urgente, ao entrar nestes estudos, que consigamos eliminar de nós mesmos o Orgulho místico, que é o mais perigoso.

Se conseguirmos, aflorará em nós a preciosa virtude da Humildade.

Cada vez que eliminamos um agregado psíquico, cristaliza-se uma virtude, um poder, uma lei, uma faculdade, um dom, etc. Assim é como pouco a pouco vamos cristalizando Alma em nós. Essa Alma que normalmente vive lá na Via-Láctea, viajando, irá se cristalizando em nós.

Contudo, temos de afirmar também que se a água não ferve a cem graus não cristaliza em nós o que deve ser cristalizado e não se desintegra o que deve ser desintegrado. Com isto de a água ferver a cem graus estou falando ao estilo de parábolas. Quero dizer que precisamos passar por grandes crises emocionais para desintegrar cada defeito de tipo psicológico.

Sei do caso de uma irmã gnóstica que está trabalhando de uma forma terrível sobre si si mesma. Conseguiu até adoecer do coração. Essa irmã passa por tremendos e supremos arrependimentos, chora, geme, sofre, não se julga mais do que ninguém e, no entanto, é um Boddhisattwa caído, é o Boddhisattwa de um anjo.

Oxalá muitos imitem esse exemplo! Quem assim agir, com supremo arrependimento, trabalhando sobre tal ou qual defeito psicológico, inquestionavelmente irá desintegrando um a um os seus agregados psíquicos e em sua substituição irá cristalizando isso que se chama Alma.

Quem consegue a eliminação completa dos elementos psíquicos indesejáveis que carrega em seu interior, cristalizará cem por cento de sua Alma em si mesmo. Repito, Alma é o conjunto de virtudes preciosas ou de gemas inefáveis, atributos, leis, dons e qualidades de perfeição. Até o próprio corpo físico deve se transformar em Alma; somente assim se chega aonde se tem que chegar.

Conheço muitos eruditos, de faiscante intelectualidade, que beberam em todas as filosofias, sejam do ocidente ou do oriente do mundo. Eles conhecem o hebraico, o sânscrito, o grego, mas sofrem o indizível, não gozam da iluminação porque ainda não fabricaram o Bodhicita.

Esta palavra pode soar estranha a vocês, trata-se de um termo oriental. No Japão, na China, na Índia e no Nepal, onde nasceu Gautama, o Buda Sakiamuni, chama-se de Bodhicita a Alma cristalizada em um homem ou em uma mulher. Claro que é maravilhoso ver como todos esses diversos elementos espirituais, virtudes, poderes, etc., vão se cristalizando lentamente na Essência, conforme ela vai se liberando.

Por algo dizemos que a Essência é o material para cristalizar Alma. O termo fabricar não nos parece muito correto. Na verdade, o achamos muito pesado, grotesco. No entanto, muitos autores usam esse termo. Permitam-me a liberdade de discordar dos mesmos. Prefiro dizer cristalizar, posto que a Alma não é algo que deva ser fabricado, ela existe… O que acontece é que temos de cristalizá-la; isso é diferente.

Vocês já viram, por exemplo, um pedaço de gelo. Ele é a cristalização do elemento água. Inquestionavelmente, com o esfriamento tal elemento toma forma e se converte em gelo. Assombra ver a cristalização da água. Realiza-se de acordo com certos princípios geométricos extraordinários. Com o elemento Alma ocorre algo de natureza similar, cristaliza-se de acordo com certos delineamentos matemáticos e geométricos precisos e indiscutíveis.

Até o próprio corpo de carne e osso que temos deve se transformar em Alma. E é possível transformá-lo em Alma, se de verdade nos propomos a isso.

Temos um corpo de carne e osso. Esse corpo físico é formado de órgãos, os órgãos por células, as células por moléculas, etc. Não há dúvida de que houve um princípio diretor inteligente que promoveu o ordenamento das células vivas na forma de órgãos.

Francamente, me dá vontade de rir a idéia de células inconscientes, adormecidas, ordenando-se entre si na forma de órgãos. Que absurdo! Células adormecidas, inconscientes, cegas (como diz Haeckel), organizando-se na forma de órgãos. Isso não caberia na mente de ninguém.

Dizer que tais células se organizam na forma de órgãos, acusa o estado inconsciente de alguns autores que não sabem o que fazer ao ver as maravilhas deste mundo. Crêem que tudo anda de forma mecânica, sem um princípio diretor.

Não, as células estão organizadas de forma consciente. Graças ao princípio inteligente da Mãe Natureza é possível às células do organismo se organizarem na forma de órgãos.

Porém, se decompomos qualquer átomo, seja do fígado, dos rins ou do pâncreas, liberamos energia, isso é óbvio. De forma que, em última síntese, o corpo físico se resume a diferentes tipos e subtipos de energia; isso é indubitável.

Karl Marx disse: Que vem primeiro, a matéria ou a psique? A psique ou a matéria? E conclui afirmando que primeiro vem a matéria. Isso é completamente absurdo!

Os próprios postulados de Einstein declaram que a matéria não é senão energia condensada. Recordemos aquele seu postulado que afirma o seguinte: Energia é igual à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado. A massa transforma-se em energia e a energia transforma-se em massa.

O que existe primeiro? A energia, que depois se cristaliza em massa. Então a psique, que é energia no sentido mais completo da palavra, vem primeiro e depois vem a massa.

Veja-se os mundos ao redor do Sol. São massas enormes, cada uma com um peso definido, um volume exato, e no entanto giram ao redor do Sol movidos pela energia solar. Se não fosse pela energia solar, esses mundos ficariam deslocados no espaço, rodariam eternamente até se chocarem com algum cometa ou com outros mundos. Seria a anarquia, a desordem, o conflito. No entanto, os mundos se movem de forma organizada.

O que os mantém com exatidão ao redor do sol? A energia; obviamente, a energia centrípeta é a que os atrai e a energia centrífuga a que os afasta, é a energia que os faz girar. Então, o que vem primeiro, a energia ou a matéria? Obviamente a energia porque senão a própria matéria não existiria. Para que a matéria exista é necessário que a energia universal se condense; a matéria é energia condensada.

Quanto ao organismo humano, a primeira coisa que existe é a energia que permite aos átomos girarem ao redor de seus centros nucleares, que permite a realização das funções orgânicas, não só as funções meramente reprodutivas ou químicas, como também as funções relacionadas com as calorias, as percepções, etc. E ainda mais, aquelas funções que se relacionam com a imaginação e a vontade.

Não seria possível conceber um corpo orgânico desprovido de energia. Como se realizariam os fenômenos catalíticos se a energia não existisse? É que a energia vem primeiro e a matéria vem depois.

Se essa energia chamamos de Espírito, ou Consciência, ou como se quiser, não importa. Interessa que vem por primeiro. O nome não vem ao caso, a realidade é que a energia é anterior à matéria.

Existe um corpo vital orgânico; isso está demonstrado. Os russos com um aparelho conseguiram fotografar o corpo vital e o estão estudando. Não só o estão estudando em relação ao organismo físico, mas também o estão estudando de forma independente do organismo físico e o chamam de corpo bioplástico. O resultado é que o Materialismo Dialético foi deixado de lado na Rússia soviética, agora se estuda intensamente a Parapsicologia, a Hipnose etc. De acordo com as estatísticas, a maior parte do material de estudo parapsicológico vem agora da União Soviética.

Continuando com estas questões, diremos que o Corpo Vital é o que sustenta todos os processos da vida orgânica; chamemo-lo lingam sarira ou corpo bioplástico, não importa.

À medida que formos desintegrando os agregados psíquicos inumanos, à medida que formos cristalizando Alma, uma parte do Corpo Vital, a mais elevada, se desprenderá da parte inferior do mesmo e se integrará completamente com a Essência e com as virtudes que na Essência tenham se cristalizado.

O Corpo Vital tem quatro tipos de éteres:

1. O Éter Químico, através do qual se realizam todos os processos de assimilação e eliminação orgânica, assim como os fenômenos catalíticos e outros.

2. O Éter de Vida através do qual é possível a reprodução e gestação dos seres vivos.

Estes dois éteres são inferiores, mas há ainda outros dois que são os superiores:

3. O Éter Lumínico que serve de meio às forças relacionadas com as calorias, as percepções, etc.

4. O Éter Refletor que se relaciona com a imaginação e a vontade.

Estes dois éteres superiores desprendem-se dos dois inferiores para se integrarem com a Essência, na qual resplandecem já todas as virtudes da Alma. É assim que nasce o Homem Etérico, o Homem Cristo, o Homem Alma, o Homem Espírito, que pode entrar e sair à vontade do corpo físico.

Fala-se muito sobre os chacras dos pés e das mãos, sobre a lança com que Longinus feriu o flanco do Senhor, sobre a coroa de espinhos etc. Esses são os estigmas.

Gautama, o Buda, aparece com esses estigmas em suas mãos e em seus pés. São vórtices de forças magnéticas do corpo vital e se desenvolvem completamente quando os dois éteres superiores se desprendem dos dois inferiores. Esses éteres organizados na forma do Homem Celestial, integrados com a Essência enriquecida pelas virtudes da Alma, formam o Homem Etérico, o Homem Cristificado da Quinta Ronda.

Obviamente, estamos na Quarta Ronda. A Primeira Ronda ocorreu no mundo da mente, a segunda ocorreu com o mundo astral, a terceira no mundo etérico e a Quarta Ronda verifica-se agora no físico. A Quinta Ronda tornará a ocorrer no mundo etérico e naquela época haverá homens cristificados, como os há agora.

O Homem Cristificado será assim como o estou pintando. Terá um corpo etérico cristificado. Tal corpo substituirá o físico, tal corpo será o veículo de uma Essência enriquecida com as virtudes da Alma. Esse Homem Espírito da Quinta Ronda será o Homem Cristo.

Se vocês compreenderem isto, compreenderão também a necessidade de cristalizar sua Alma. Só assim poderão independizar-se do corpo físico. Em verdade, o corpo de carne e osso é muito denso, muito material, muito pesado.

Quando alguém consegue fabricar o To Soma Puchicon, isto é, o corpo etérico cristificado, que serve de veículo à Essência enriquecida com os atributos da Alma, nasce então o Homem Espírito, que já não mais estará preso ao seu corpo denso, poderá entrar e sair do corpo à vontade, será um Adepto glorioso.

Na vida, houve homens que o conseguiram. Não será demais citar a Francisco de Assis. Recordemos também a Antônio de Pádua. Místicos cristãos que serviram de exemplo e servirão de exemplo às pessoas do amanhã.

O homem celestial já não é mais prisioneiro desse calabouço da matéria física. Pode sair desse corpo quando quiser para viajar através do inalterável infinito, para submergir nos mundos superiores, para descer ao fundo dos mares ou visitar as Dinastias Solares no Astro Rei.

Mas, como seria possível isso se não eliminássemos previamente os agregados psíquicos? Obviamente, seria impossível. Se queremos nos converter em verdadeiros Homens Cristãos, precisamos erradicar de nós todos esses elementos psíquicos que carregamos em nosso interior.

Portanto, o Bodhicita, do qual falam os orientais é o Homem Etérico, o homem que cristalizou sua Alma em si mesmo, que a possui, é seu verdadeiro senhor.

Aquele que possua ao Bodhicita dentro de si, poderá submergir ao fundo dos oceanos sem receber dano algum e visitar os Templos da Serpente.

No Oriente, há uma planta chamada “Salutana”, que cura qualquer ferida por pior que seja. Assim são as feridas da alma, só o Bodhicita pode curar tais feridas.

No Oriente, existe uma planta chamada “Boa Memória”. Quem a toma pode se lembrar de todos os acontecimentos de sua vida atual e das precedentes. Assim também é o Bodhicita. De forma similar, quem o possua, poderá recordar todas suas vidas anteriores e se visitar os céus inefáveis, ao regressar ao mundo físico, ao voltar para seu corpo físico, não esquecerá detalhe algum.

No Oriente, há uma planta mediante a qual é possível tornar-se invisível. Quem possua o Bodhicita poderá se fazer invisível nos casos de necessidade, diante de seus piores inimigos.

No Oriente, há uma planta mediante a qual é possível enfrentar os feitiços mágicos malignos dos tenebrosos. Similarmente, quem possua o Bodhicita não poderá receber dano algum dos tenebrosos.

Assim como quem pode lançar-se ao fundo do mar entre os tubarões e deles defender-se sem receber dano algum, assim também é o Bodhicita. Quem o possui, similarmente, pode descer ao fundo dos oceanos entre as bestas mais ferozes sem receber dano algum.

Diz-se que a flor de lótus do Logos sustenta a vida universal. Assim também é o Bodhicita, que conserva o corpo físico durante milhões de anos.

São muitos os que me escrevem queixando-se de que não sabem sair em corpo astral, de que não se lembram do que lhes acontece fora do corpo físico, de que não conseguem a Iluminação, etc. Mas como pode ter Iluminação quem não possui o Bodhicita? Só tendo o Bodhicita se possui iluminação. Quem não possui o Bodhicita não gozará jamais da ventura da Iluminação. A Iluminação não é algo que se ganha de presente. Não, meus queridos amigos, ela custa muito caro.

A Iluminação só se explica mediante o Dharmadhatu. E o que é o Dharmadhatu? O bom Dharma, a recompensa pelos méritos adquiridos. Portanto, só quem possua o Bodhicita, isto é, só aquele que cristalizou Alma, poderá gozar da Iluminação, terá méritos para tanto.

A Iluminação se explica com o Dharmadhatu, isto é, com o Dharma universal, pela recompensa por nossas boas ações. Ninguém poderá gozar da Iluminação se não possuir o Bodhicita e ninguém poderia ter o Bodhicita se não tivesse trabalhado duro sobre si mesmo, se não tivesse desintegrado os agregados psíquicos.

Assim, meus queridos amigos, precisamos trabalhar sobre nós mesmos, se é que queremos possuir isso que se chama Alma. Com paciência possuireis as vossas almas, assim está escrito no Evangelho do Senhor.

Obviamente, necessitamos de uma didática para poder aniquilar os agregados psíquicos. Inquestionavelmente, temos de começar pela auto-observação psicológica. Quando alguém admite que tem uma psicologia individual, particular, própria, propõe-se a se auto-observar.

É na relação com nossas amizades, na rua, ou no templo, em casa, no trabalho, no campo etc. etc., que nossos defeitos psicológicos escondidos afloram. Se nos auto-observarmos de forma contínua, poderemos vê-los. Defeito descoberto deve ser aberto com o bisturi da autocrítica para se ver o que tem.

Em vez de estarmos a criticar as vidas alheias, temos de criticar a nós mesmos. Quando encontramos algum defeito em nós, devemos analisá-lo cuidadosamente. Abri-lo, repito, com o bisturi da autocrítica.

Isto é possível à base de autorreflexão evidente do Ser durante a meditação profunda. Uma vez compreendido integralmente o defeito em questão, passamos a desintegrá-lo atomicamente.

A mente por si só não pode alterar radicalmente nenhum defeito. Pode passá-lo de um nível do entendimento a outro, escondê-lo de si mesmo e dos demais, justificá-lo ou condená-lo, buscar evasivas etc., porém nunca alterá-lo radicalmente. Há necessidade de um poder que seja superior à mente.

Felizmente, este poder existe e acha-se latente nas profundezas do nosso Ser. Quero me referir de forma enfática à Serpente Ígnea de nossos mágicos poderes.

Ísis, Adonia, Reia, Cibele, Tonantzin, a casta Diana ou Marah, não importa seu nome. Ela não está fora de nós, não, Ela está dentro.

Obviamente, tal poder flamígero é uma variante de nosso próprio Ser, mas derivado. Se nós, em meditação profunda, pedimos auxílio a Devi Kundalini Shakti, a mística serpente dos grandes mistérios, seremos assistidos.

Ela pode pulverizar qualquer agregado psíquico, desde que tenha sido previamente compreendido em todos os níveis da mente. Uma vez aniquilado, surgirá em seu lugar uma virtude da Alma, uma característica nova, uma lei, um dom especial ou uma qualidade.

Indubitavelmente, se conseguirmos a destruição completa dos diversos elementos psíquicos indesejáveis, ter-se-á cristalizado em cada um de nós a Alma em sua totalidade. Isso indicaria que a Essência, enriquecida com todos os atributos anímicos, poderia vestir o To Soma Puchikon, que é o veículo da Alma, o traje de bodas.

Assim é, na realidade, como nasce o homem celestial em nós. Este já não estará prisioneiro no corpo. Recordemos aquelas palavras de São Paulo quando nos diz: “Conheci um homem que foi levado ao terceiro céu, onde viu e ouviu palavras e coisas indizíveis que aos homens não lhes é dado compreender”.

Paulo de Tarso foi levado no To Soma Psychikon como homem-espírito, como homem-etérico. De fato, ele conheceu as maravilhas do Universo. Assim, meus queridos amigos, esta noite os convidei cordialmente a que cristalizem isso que se chama Alma.

Até aqui minhas palavras. Contudo, dou oportunidade para aqueles que querem perguntar algo com relação ao tema…

Samael Aun Weor – O Que É a Alma

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