No meio da noite, a chuva cai
e estou no meu quarto sozinho
uma tristeza me invade
procurando algo dentro da escuridão.
Se me levanto, vou andando
e meus passos são pesados
talvez um copo de água
possa fazer minha tristeza passar…
Tento adormecer ao som da Enya
porém, a dor desperta co’a música
e sofre o meu coração, pobre coração
as gotas d’água se transformassem em lágrimas…
Lembro do meu passado, dos meus erros
que não sou digno de sentir amor
pois acreditei nas promessas e nos sonhos
e tudo se transformou em ilusão.
E de todos os receios e medos: cicatrizes
que nunca mais se fecham
e de não mais poder acreditar em mim
queria ser puro como já não mais sou…
Doce harmonia na voz de Enya
silêncio da solidão que faz se agitar
a solidão de minh’alma
perdida entre a descrença e o despertar.
Mas tudo se finda, a chuva, as lágrimas
e o sono vem, meu doce lençol
e posso, em meus sonhos, talvez
ser puro como nunca fui.
Posso ser um pássaro voando no céu
ou uma gota que viaja alada
se misturando co’as outras no riacho
cristalino que leva sempre ao mar.
Ou olhar o céu brilhante, e me imaginar um dos astros
e esquecer de minhas dores e misérias
viajar pelo Universo das quimeras
e se for fantasia, é melhor vivê-la do que ficar sem ela.
Silveira
Postado em Jul 10 2004, 01:14 PM
UMA FLOR QUE DESPERTA
Na pequena semente
que desperta
vejo a árvore
com suas flores e frutos.
Numa pequena gota
cristalina
vejo todo o oceano
infinitamente azul
Sei que existe a tristeza
a ilusão e a dor
os erros e a ignorância
este mundo aqui.
Mas sou um sonhador
prefiro acreditar
que a pequena semente de luz
em teus olhos
pode se transformar em todas as estrelas
no meu desvario
A distância entre os loucos e os profetas
quase não existe
e se sou um louco
minha loucura é acreditar
que dentro de ti
está todo o Universo
em miniatura.
Pequena semente
que um dia despertará…
Eu espero!!!
Orador sem nome
Postado em Jul 10 2004, 01:49 PM
Novo momento
Neste novo momento,
Que esperamos,
seja de renovação e libertação.
Procuramos um novo lugar,
Que não seja mais rançoso,
De velhas idéias e conceitos.
Procuramos um novo despertar,
que se baseie no viver do momento,
e no esquecer do passado.
E que se baseie,
na não confirmação do eu,
mas no seu apagar,
constante.
AnjosdeOrion
Postado em Jul 10 2004, 04:04 PM
Escuto as batidas do meu coração
E de lá de dentro, sinto, você fluir…
O Tudo, no Todo, dentro de mim
Na minha respiração, vou de meu centro
em direção aos confins, sem fim, do universo…
Cosmo e Caos, Da cabeça aos pés
Minha mão toca o divino
Atraves de amar, você
visitante
Postado em Jul 10 2004, 09:53 PM
DEUS-HOMEM
Sou o homem entre Deus e a Natureza
como um ponto de luz por sobre o abismo.
Em mim mesmo me encontro e, enquanto cismo,
de um Sol a luz radiante me embeleza.
E, por detrás do véu, a singeleza
da alma esfuma, com amor, todo o egoísmo.
Minha verdade oculta, em simbolismo,
em criador e criatura me empaveza.
EU SOU ELE, ELE É EU; o que está em cima
com o que debaixo está igual se rima;
de matéria e de Deus eu sou formado.
Deus-Homem e Homem-Deus sem divisório:
Acima – sou Espírito incorpóreo;
e, abaixo – sou Espírito encarnado. JORGE ADOUM
visitante
Postado em Jul 10 2004, 10:15 PM
A pedra e a árvore
No meio do caminho há uma pedra
qual árvore da ciência no paraíso
se é pedra de tropeço, ou se é fruto proibido
eu continuo o caminho e não nego o fruto
Possam meus amigos na fé,
edificar a sua casa sobre a pedra
com tubulões de 13 metros de fundura,
e, uma vez erguida, possa servir ainda de guarida,
para aqueles que, na pedra, estão encontrando também
o caminho.
Anfitriões, os moradores da formosa casa,
dirão aos que querem ouvir palavras a respeito de um
apocalipse feliz, para todos que não esperam pelo fim.
Salve a pedra, no caminho
E salve a árvore, especialmente a paradisíaca.
AnjosdeOrion
Postado em Jul 11 2004, 01:12 PM
Além de Olinda – José Eduardo Gramani
Além de Olinda ainda se encontra quem renda tece
e tece fendas, emendas, emblemas e gemas,
doces linhas modulantes,
suaves falenas azuis, na luz da embriagues
Se alguém perguntar o porquê do se fazer,
responde-se o porquê do perguntar.
O tecer não tem um porquê enquanto ato de entrelaçar,
Além, além, além, o entrelaçar, significa…
Wsilveira
Postado em Jul 11 2004, 02:16 PM
já que este é o único tópico realmente ativo, aí vai minha última composição:
MONTE DO CARMO
(aos bandeirantes do cerrado)
Passo firme no cascalho, vamos em direção ao céu!
Mesmo que o pé tropece em alguma rocha pontiaguda
Que os dedos gritem por voltar,
seguimos a diante enfrentando o sol
rumo à Serra do Carmo!
As margens dos paredões marcam a trilha segura
para quem se protege das chuvas,
navalhas e a quiçaça dos bambuzais
Um descuido e a urtiga brava é a própria picada
que prova a bravura e a coragem de quem vai
E nestas paredes estão a história marcada,
em urucum e jenipapo pintado à mão velha
e olhamos admirados as marcas das tribos antigas
nesta coluna que forma a grande serra
Percorrendo matas e grotas d’águas,
quando não molhados pelo suor, mas pela água fresca,
entre espinhos e maribondos do cerrado,
marcamos as pegadas no capim da estação
No chão, sementes derrubadas por maritacas
e o indício de que aqui o que cai das árvores é pão
e que tudo é alimento, seja da carne ou da alma
No Monte do Carmo, a mãe é generosa
A noite é límpida e o céu mais próximo da terra
Dormimos à luz da fogueira
e, no fim da noite, ao calor da brasa
As estrelas vigiam nossos corpos
sob a proteção dos cobertores gastos
nem sentimos frio, apenas esquentamos
o pescoço do ar seco da madrugada
E se o sono não vem ou o medo ronda a calada
sempre há papo em volta de um cheiro bom de fumaça
misturado com as castanhas sopradas
pelo vento e pela conversa fiada
Em cada nascente a sede é morta em grande goles
E os ferimentos e arranhões são molhados com delicadeza
Pois, a mata é extensa e ainda há mais dias de caminhada
Mascando a macaúba e roendo o buriti, tudo passa sem sentir
Quem não quer percorrer este segredo
E chegar logo ao Monte do Tocantins?
09/07/04
Cris :rolleyes:
visitante
Postado em Jul 12 2004, 02:28 AM
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma… aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. … e aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida;…
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. …Aprende que ou você controla seus atos ou eles o controlarão, … Aprende que paciência requer muita prática. …aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes… e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. … Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma ao invés de esperar que alguém lhe traga flores, e você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.Descobre que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.
(trechos de um texto de Shakespeare)
Jonas
Postado em Jul 12 2004, 11:35 PM
olha só.. vou colocar aqui a tradução do poema usado no 4º movimento da 9ª sinfonia de Beethoven (coral) chama ODE À ALEGRIA 😀
Ode à Alegria
Ó amigos, não esses sons!
Cantemos, antes, algo mais agradável
E alegre!
Alegria, centelha de imortal chama,
Filha de Elysium!
Ébrios de fogo, deusa celestial,
Invadimos teu santuário!
Deixa que tua magia reúna
Todos os que da lei da Terra dividem;
Todos os homens serão irmãos,
Sob tuas ternas e amplas asas.
Aquele que teve a boa sorte
De ser amigo de um amigo,
Aquele que conquistou uma nobre mulher
Deixem-no associar-se ao nosso júbilo!
Sim, e também aquele que possua
Só a própria alma no mundo.
Mas deixem em isolado pranto
Quem jamais conseguiu tanto.
Todo ser vivente extrai
Alegria do seio da mãe natureza;
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seus rastros de rosas.
E beijos e vinhos ela oferece
Aos que, firmes, ficaram na morte.
O verme recebe a alegria da vida
E os anjos habitam com Deus
Alegres como sóis incandescentes
Que cruzam gloriosos os espaços celestiais,
Correi, irmãos, por vossos caminhos
Alegres como cavaleiros virtuosos.
Eu vos abraço, ó milhões!
Lanço um beijo ao mundo inteiro!
Irmãos, acima das estrelas do céu
Um Pai bondoso tem sua morada.
Prostai-vos ante Ele, ó milhões?
Sentes teu Criador, Mundo?
Procura-o acima das estrelas do céu,
Acima delas Ele há de estar.
Friederich Von Schiller (beethoven conheceu esse poema e resolveu utilizá-lo em sua sinfonia 😉 )
mathia
Postado em Jul 13 2004, 04:38 PM
Não sou poeta, mas este poema foi escrito com arrepios no coração, por isso espero que gostem. :-))))
Ahhhh quase me esquecia, ficam aqui os meus agradecimentos a Mozart pela ajuda na criação do poema, rss. Aquela Flauta é mesmo Mágica, rss. Tenho uma Valsa que também ajudou não sei o nome mas é mais ou menos assim: pumpumpumpumpum (um pouco rápido), pumpumpum (mais lento), pârârârâ (normal), rsss tou ficando louco, rsss mas eu adoro aquela Valsa, o Mestre Samael dizia que as Valsas eram as músicas da Vitória.
AMOR
O Amor é o vidro
Através do qual deveríamos olhar
O Amor é a Luz
Que em nossos olhos deveria brilhar
O Amor é a água
Que em nosso coração deveria correr
O Amor é a corda
Sob a qual deveríamos pender
O Amor é o caminho
Que deveríamos percorrer
O Amor é a semente
Que em nós deveria nascer
O Amor é a roupa
Que deveríamos vestir
O Amor é o CRISTO
Que deveríamos seguir
Bastam duas gotas de Amor, para nas asas do Espírito voar
Bastam duas gotas de Amor, para pelo próximo, alguém se sacrificar
E só com essas gotas de Amor a Deus e Amor ao Próximo
Pode alguém, no caminho da Iniciação avançar!!!
572004
São só umas pequenas gotas meus queridos amigos, espero que todos as tenhamos ou venhamos a ter…
Que assim seja!!!
mathia
Postado em Jul 13 2004, 04:51 PM
Desta vez fica o meu agradecimento a Chopin, e ao MEU PAI INTERNO E MINHA DOCE MÃE DIVINA POR NUNCA ME ABANDONAREM!!! 🙂
Bruno Cardoso
********** (Chamem-lhe o que quiserem, rsss)
Subir como é duro subir….
Poucos acreditam que é possível,
Só sabem olhar de lado,
E RIR! RIR! RIR!!!
Ignorância é assim,
Tão estúpida quanto orgulhosa,
Mas ao mesmo tempo
Tão cómoda, ohhh quão gostosa!!!
Até ao dia…
Em que a gente acorda,
E vê que assim a vida não tem coração…
As lágrimas voam,
A gente dá com a cara no chão!
Oh Deus me ajuda…
Oh Deus me ajuda….
Me mostre algo intemporal…
A gente aperta com força,
O nosso dolorido coração,
E de lá sai o Verbo…..
Que deliciosamente diz:
Sobe as montanhas da eternidade
E sê como o pássaro
Feliz, puro, livre
E que a ninguém tira a liberdade!!!
Acorda e vê o SOL a nascer,
Sê CRIANÇA e vê a LUA a desaparecer…
Pára, ouve, sente como é belo viver!!!!!
“Quem tiver entendimento que entenda porque aqui há sabedoria”
Alissa1109
Postado em Aug 8 2004, 09:36 PM
O Álibi de Brahma
Somas são prefixos; as conjunturas de Brahma
São chispas renascendo no próximo elemento;
A ordem, (dizem-na melhor que qualquer coisa),
Incita o parto e a partida em quem lha conhece e
Considera; mas, pouco importa a cruz e destino:
Vale é cumprir a cruzada com este sorriso nos
Lábios; diversas na costura retalhada pela colcha.
Os costumes do céu são abertos e por isso, não se
Vêem de inteiro; naturalmente iluminados, sugam fractos
Da luz onipresente; a metade duma chama
Que se chama
E reconhece.
Uma vez um homem, duas ou cinco;
Sete pontas na trava da estrela, e a órbita contendo
O infinito.
Alguém, por amor, fez da palavra, o verbo: Houve
A Vida.
O silêncio aceito é uma pendência em liberdade;
Uma muda nascendo
No íntimo; deitam-se as pétalas primeiras, em seus
Núcleos.
Somas são prefixos, lá adiante.
(Marceli Andresa Becker-Alissa1109)
Entrem no meu site: andresabecker.tripod.com (ainda em construção… 🙂
Wsilveira
Postado em Aug 10 2004, 08:50 PM
A queda de Nãbd’owá*
Onde o sol brilha mais forte,
é para onde segue
a revoada dos periquitos,
em direção ao grande rio gritar
Nãbd’owá, Nãbd’owá!!!
Esta mulher, vestida de sol
caminha entre pedras para ver
o filho do filho do trovão
Nãbd’owá é de beleza infinita,
cana são seus olhos
e translúcido seu coração
Ela segue a penugem verde das asas
sopradas pelo vento do oeste
partindo em direção à floresta
fascinada com o brilho dos vaga-lumes
assim caiu no leito de Owãndê, o grande rio
No agito das águas,
quase se afoga em meio a correnteza
presa neste mundo pelo fascínio da beleza
longe de casa, pôs-se a chorar
Purizaúno, o girino, se compadeceu da moça
deu-lhe dois pauzinhos para retornar a casa
deles, ela fez o melhor que pôde
fez a mulher na terra
da mulher, veio o homem
do homem a civilização ribeirinha
Dentre os filhos há de vir
O que vai guiá-la
no retorno ao céu
No meio desta grande terra perdida
Entre árvores desconhecidas
e barulhos estranhos,
ela aguarda serena e contemplativa
Um dia Nabd’owá há de voltar
Mas, não pelo mesmo caminho de pedras,
Irá voando entre as aves verdes do infinito
como o sol que é vestida,
quando ascende na beleza da manhã…
*Nãbd’öwa – mulher bonita em xavante
Silveira
Postado em Aug 11 2004, 01:30 AM
INSPIRAÇÃO E MISTÉRIO
a Lais L
A Lua brilha no céu
misteriosa sobre as nuvens da noite
com os mares dos sonhos enevoados
– e mais nada!
Nos oceanos suaves da serenidade
uma flor desperta sensibilidade
suas pétalas são beijos do orvalho
– em minha amada!
Dentro da flor do mar da lua
dorme um dragão branco e puro
com um colar de pérolas brilhantes
– estrelas da madrugada !
Uma cachoeira de luz desce
de todas as estrelas do céu
até o templo do meu coração sustentado
– nas colunas sagradas !
Um anjo guarda o belo portal
com sua espada desembainhada
ele me detem , quero entrar, não podes
– a porta está fechada !
Entrega em minhas mãos, anjo, o anel
com o nome de tua alma enamorada
és bela, amor , delicada, com a luz dos mistérios
– de asas aladas
Meu coração palpita, a porta do templo se abre
o dragão desperta, a luz da lua – teus olhos
tua alma – estrelas, teus lábios – flores
o amor – a alma – oceano – a vida – TUDO !!!
– e mais nada!
Este post foi editado por Luciano Moraes em Dec 3 2004, 05:13 PM.
mathia
Postado em Aug 14 2004, 12:41 PM
Está aqui mais um poema, para mim este foi o melhor poema que escrevi, (pra vocês verem a qualidade deles rss), pelo menos foi o maior (pra vocês verem a minha inspiração rss), espero que gostem das palavras de um pecador…
PALAVRAS DE UM PECADOR
O Sol lá no alto, nasce com todo o seu esplendor,
Mas para antítese, e comédia eterna,
E para o cúmulo que em mim governa,
Minha alma, nada mais sente que desespero e dor…
Vejo o céu mas ele perdeu a cor,
Vejo um pássaro feliz,
Mas nem por ele sinto amor…
Estou preso à dor,
Nem sequer me consigo mexer,
E o vagaroso tempo me chicoteia…
Ó morte, acaba com este viver!!!
Mas agora me dou conta que…
Brinquei na lama,
Nela minha própria cova criei,
E por ignorância e gosto pelo pecado
Minha cabeça, sem escrúpulos, nela enfiei…
Sou pior que qualquer outro desgraçado…
Que não se controla, que não acorda, que não É,
Que por inconsciência, e estupidez,
Acaba sempre no Caminho borrando o pé!
Não vejo nada, não vejo coisa alguma,
Sabem porquê????
Porque sou cego, ou então, porque,
Não sou nada, não sou coisa nenhuma!!!
Mas querem saber mesmo como me sinto????
Sinto-me como uma gazela,
Perdida na margem do rio Nilo,
Que apesar de saber que havia perigo,
Se atirou para a boca do crocodilo…
Sinto falta do hálito do eterno
Do silêncio, que dá amor e paz,
Mas estou aqui perdido neste lugar ermo,
Onde talvez ainda ninguém jaz…
Sinto-me como um marinheiro, só… num barco
Sem vela, sem mastro, ajoelhado no chão,
Gritando na profunda noite,
VENHA A MIM CAPITÃO!!!
2172004
PS: Gostava que mais gente escreve-se poemas, nem que fossem só umas amostras de poema, umas baboseiras em quadra com rimas, tipo os meus, rss
A sério… tentem… se ficar mal não importa, se é por medo do que os outros possam pensar, que não fazemos as coisas, que raio estamos fazendo na gnose… não ter coragem de ser feliz é triste…..bem triste… e logo se é triste não pode ser feliz… rss (isto na minha terrinha é chamado a “lógica da batata” rss)
mathia
Postado em Aug 14 2004, 12:42 PM
UM FILHO DO PECADO
Nadei no mar de cor vermelha
Senti o prazer, onde Deus não existe
Pastei no pasto de todo o aselha
Caminhei na terra onde a dor consiste
Dei abrigo a todo o escuro
Criei o lar de todo o nefasto
Por isso vivo na dor do impuro
E percebo que mais de Deus me afasto…
Fundei um domicílio de ignorância
Mas mesmo assim a razão tem lugar
Mas a razão é amiga das trevas
Valia mais com o coração pensar
E moro aqui na pior estância
Por ÓDIO ao EU SOU
E agora anelo destruir
Aquilo que nos separou
No pecado nasci, mas estou cansado de todo o pecado
Só tenho um querer que não é defeito, e a vós o vou ditar:
Quero o EU SOU de volta pra poder MORRER descansado,
Quero apenas Seus passos seguir e ao Seu Verbo viver enlaçado…
2472004
Silveira
Postado em Aug 14 2004, 02:38 PM
Ah! Bruno, não fale assim…
O rio não deve ter vergonha se sua água é suja, pois alguém a sujou (o ego) nem se ufanar do doce sabor cristalino da pureza, pois sabe que vem da fonte misterioso ( o Real Ser). deve buscar tão somente essa fonte e ser feliz
Que sublime poesia que nos faz retornar a ser crianças, aqui vai:
KRIshna – kriSHNA
Alegre pelos campos tocando tua flauta
azul igual ao celeste firmamentos dos Devas
com os olhos cintilantes qu’nem as estrelas
observa os regatos e a cigarras a cantar
sem se preocupar, sorridente, vai Krishna!
Enquanto as Dakinis despreocupadas no Ganges
se banham nuas mostrando todo seu esplendor
o esperto larápio surrupia suas roupas
Desesperadas, elas saem a procurar
e nos galhos a gargalhada revela o ladrão:
KRISHNA – KRISHNA
HARE RAMA HARE RAMA – KRISHNA
HARE RAM HARE RAM RARE KRIHSNA – HARE RAM
KRISHNA – KRIHSNA – HARE HARE
Sua doutrina é tão fácil de aprender:
de dia o menino observa as nuvens
de noite ele conta todas os pingos
que reluzem sob a teia escura da noite
mas os eruditos nunca vão lhe compreender…
O segredo da sabedoria e se transformar em criança
eu sei que nós somos iguais, não esconda
o teu sorriso se encontra com o meu
na doce flauta sussurrada por Krishna
junte suas as mãos as minhas e venha então voar:
KRISHNA – KRISHNA
HARE RAMA HARE RAMA – KRISHNA
HARE RAM HARE RAM RARE KRIHSNA – HARE RAM
KRISHNA – KRIHSNA – HARE HARE
O mundo nunca irá se findar
quando uma estrela apaga outra há de acender
todos as carícias que o vento realizar
em teus cabelos serei eu ! Serei eu!
assim como o perfume das rosas será o teu Ser.
Qu’importa o tempo, a distância,ou o labutar?
Se um menino eu me transformei
vedê, sou azul, minha flautas eu sopro
com sete buracos: os meus sete chackras
que toda a natura em alegria faz vibrar:
KRISHNA – KRISHNA
HARE RAMA HARE RAMA – KRISHNA
HARE RAM HARE RAM RARE KRIHSNA – HARE RAM
KRISHNA – KRIHSNA – HARE HARE
KRISHNA !!!
Silveira
Postado em Aug 19 2004, 09:07 AM
ANELO ÍNTIMO
Anelo a força que se sustenta em minhas fraquezas
o amor que se eleve dentro dos meus ódios
os sonhos que me façam despertam um dia
apenas um dia, antes da aurora primeira.
Anelo ser os galhos que sobem aos céus
que se apoiam nas raízes do inferno
nas águas agitadas guiadas pela estrela
farol oculto nas nuvens dos mares entre as sereias.
No deserto onde a última gota secou
anelo a fonte misteriosa do amor
infinito que leva a muralha
entre o que antes era e já não é mais desta raça.
Os olhos calmos e límpidos dos astros
onde está a seara do mundo: fértil e estéril
viva e morta, alegre e triste, sútil e inútil
vitória e derrota, Deus e Satã , homem e verme.
É o amor, inexplicável, que me guia
a busca, a procura, ao anelo, a senda
antes todas as palavras, agora não mais nenhuma
mas tu me compreendes, estremeces, buscas, e também …
Luciano Moraes – ILUMINATTO
Alissa1109
Postado em Sep 3 2004, 08:33 AM
Três Montanhas
O acesso fechado em seu cúmulo
Conta-se mais um segredo.
Expelidos os primeiros feixes da primeira absorção;
Nessas vias onde ninguém pisa, somente a virgindade.
Nessas salas onde não respondem, exceto o seu
Silêncio.
Caudas de um cometa aceso
Para dentro; a luz e seus acessos.
A Lua e seus acessos à metade – toda
Um símbolo quieto – toda – um ciclope
Dobrado no curso do seu olho único.
Portas que se abrem nas cruzadas,
Nos topos que não têm local.
Cálices abertos, bordas: para dentro.
A soltura é uma prisão,
Que não conhece o seu território.
Que a cera (a de Ícaro ) vem mesmo a derreter,
Para sermos sóis na terra (e os raios que o transbordam,
Sob a Luz da nossa lucidez),
Estarmos próximos de nós.
No apego reside a frustração e a insegurança.
Na liberdade reside a felicidade plena.
Na imensidão, a bem-aventurança de tudo o que,
Por ser infinito, é sempre presente.
Marceli Andresa Becker 🙂 :rolleyes:
Marceli
Postado em Sep 5 2004, 08:25 AM
huh: Poema que Dá De Ombros
Vêm em vão essas palavras. Sobras que,
Tornam-se à sua sombra depois de traduzidas.
Nos tempos, nunca precisei de bússolas.
Os passos caminham conforme sua estirpe,
Nas quadras da minha não-sabedoria.
As pontes,
E os relances que fogem meu cercado, avançam
Como marés duma Lua de outra Terra.
Nas sementes onde não pus a mão, restam
As colheitas; parte centrada de Céu,
No qual me dissolvo em instantes;
Sob o véu de sua ordem.
A Lei dos imensos não prevê o infinito;
Traga o seu destino em plurais destinos; perde
As suas cores num branco equivocado.
Já não sei quem sou e quem pensava ser. Estas
Senhas podem em qualquer cartão. Não disputo
Com as forças simultâneas; o século transmite
Suas réplicas; o século invoca o silêncio,
Do verso que jamais sobe a tumba do coração.
Marceli Andresa Becker
Silveira
Postado em Sep 6 2004, 10:30 AM
Lindos poemas… Alissa, Marceli,Bruno…
Um poema que dedico a Mel…
A Mel.
(inspirado no seu desenho- a Luz do Sol)
A Luz do Sol brilha nos olhos de quem ama a Vida :
no princípio, entre as folhas, digava e sussurra
a ilusão e o sonho, a quimera e o desejo, eterno colóquio
das asas das aves, que ora pousam, e que ora … voam.
Os troncos das árvores, retorcidos pelo tempo
revelam, em suas cascas que se quebram, insetos
imperceptíveis, que sobem e descem
transformando morte em vida, e vida em morte.
Já fui jovem, homem, e também verme, mas já não sei quem sou
me perco entre os cantos e os gorjeios e as brisas
meus olhos buscam a beleza primeira
e talvez dentro dela o espelho de minha face primeira.
Agora, feito prisioneiro de meu próprio encantamento
busco algo, talvez os teus olhos, e neles ver o espelho de quem eu sou…
Alissa1109
Postado em Sep 7 2004, 08:46 AM
Luciano, Alissa1109 e Marceli são as mesmas gurias!
Impressionante, né! Rs… A gente desafia a natureza ocupando o mesmo lugar no espaço… 😛
União
Mescla do contato ao coração e sua semente,
Sobra de uma ponta da Estrela de Davi, no Céu
Dos salmos.
A letra que confunde com a voz, unifica-se
Nela; trata com a música, o poema.
Brinda o gesso no calor da forma,
Deste mel que é conteúdo essencial.
As linhas do coração, reescritas no idioma
Atemporal, na mudez que bebe os símbolos
Para dar-lhes um sentido.
Eternamente vibra pelo feito.
Eternamente deita ao horizonte nu,
Sempre e quase novo, alegra.
Ao está-lo todo, está.
A ordem das cores é multicolorida; a
Senhora das montanhas, a serra; pelo curso
Do ato, soa a matéria com doçura.
E nasce como morre, silenciosa; e
Finca seu registro no correr dos anos, destes
Braços que envolvem o segredo e o desvendam.
Destes olhos que englobam a sua órbita,
E se fecham para ver.
Marceli Andresa Becker ou Alissa1109… Rss… Fim de tarde (como diria um amigo, “hora mágica”) de 06/09/2004
Beijo para todos vocês, sejam felizes.
Silveira
Postado em Sep 7 2004, 06:58 PM
Guria que vai fazer 18 anos no dia 11 09 suponho, rs
Um abraço no seu coração e que a poesia sempre se expresse assim bela é pura
Luciano
Alissa1109
Postado em Sep 8 2004, 09:34 AM
Luciano, é verdade!
Eu vou ter aniversssssssss Uêba!
🙂
Quem quiser me adicionar no messenger, se tiver festinha virtual, estão todos convidados! Hauhauhauha
É só adicionar: [email protected]
Hauhauhauhaua!
Hehehehe
Ihihihihih
Hohohohoh
😛
Beijos procêis!
Marceli
Alissa1109
Postado em Sep 9 2004, 09:23 PM
Antes da poesia, mantra para que a gente se encha de ternura,
De afeto, carinho…
A doçura acalma as feras.
(“Madhava” – Doce como o mel e a primavera)
Este mantra invoca a misericórdia de Deus.
Agora o poema 🙂
Amor
Ao que se entra o meu amor, o meu
Suspiro, ao que se engole. Sábios os
Pilares deste templo em suas vontades
De eternamente sustentar a cúpula.
Ao que se sorve o meu amor, não
Se consegue; vibra-se na soma de
Uma nota em paz, e perdurada.
Que me alargo nessa linha desfiada,
Que confia na forma do abstrato.
Amor, princípio vivo de todas as
Virgindades; sobras de dom, na
Manifestação sutil do clímax
Ao recriar.
O encontro da obra e seu artista é
Tanto o seu espelho quanto o seu
Narciso; mas nas gravidades do bem,
Sobem luzes para réstias delas
Mesmas, sempre ao Alto. Pelas
Senhas do imortal enredoé que
Transmito os meus segredos. Descobri-los,
Desnudá-los ao vento que se dividiu em
Dois, e reencontra.
E tudo o quando cria um laço é o seu
E o seu, novamente; há brisas que bebem
De dois ares seguidos, há espelhos que refletem
A mágica irrefléxil.
Amor, amor, sobreposição dos eixos; causa
Conseqüência e continente sem lugar.
Pétalas que brindam a supra sensação do senso.
Todo que se ensaia no detalhe,
O sempre que se modifica.
Marceli Andresa Becker
Silveira
Postado em Sep 18 2004, 04:54 PM
Belo poema, Alissa, este aqui vai de uma conversa com uma aluna minha…
Imaginas…
Para um mesmo pôr-do- sol inúmeros olhares convergem
buscando o significado íntimo de minh’arte
na praça, a moeda de 1976
com o sol que brilha, argênteo
e o mistério da sensibilidade que se encerra
no menino
e na menina
brincando de construir castelos na areia sem se preocupar com o fim do dia.
Diria
meu amigo amante da filosofia
“Este terceiro olho vê a praia
a mulher que sai da água sozinho,
triste e solitária,
já estes andam juntos
estes também (as crianças)
e aqui (o barco) está o velejador
amante do sol, vai em sua busca”
“Ah… cada um vê de uma forma!!!”
“Sim! Não fiques surpresa
pois é espelho, e nunca se esgota
esta arte, este imaginar, esta viagem
singrando os mares da própria existência”
“Maravilho, e só por isso, se recria
na imaginação, tudo, e a si mesmo revela
na alegria do que antes estava adormecido”
“Portanto, imaginas, somente isto
faz se plena realidade o que era antes
fantasia”
visitante
Postado em Sep 25 2004, 02:52 PM
Deles
De João, o Verbo; de Rilke, a vivacidade
De Dante a Eloquência; de Samael a Ubiquidade
As vogais de Tiago; As consoantes de Patar
A Altura dos Andes; A Profundidade dos Mares
De Lullo a Alquimia; De Ramana a Seidade
Rabolu e Rebeldia; Zaratustra e Estandarte
De Adoum a Medicina; de ‘El Greco’ a suma Arte
De Kant, Filosofia; vinho, pão e erva-mate.
Mas, se em tudo, miro a possibilidade
Recordo: é do pó que venho e do pecado que me pejo
Deus de minha vida, fortalecei minha vontade
Pois a liberdade almejo.
visitante
Postado em Sep 25 2004, 03:03 PM
Prece dos Corpos
Enlaço-te e miro o aceno
do pavio tímido da vela
que treme
tendo a Meia-luz como albornoz.
E entoamos em coro, sussurramos.
Há unidade nas palavras ígneas.
O amor dá origem à devoção.
Até no suspiro, uma oração, disse um Mestre.
Seja o nosso destino Orar.
Os corpos absorvem-se
e com um amém principiamos
o que permanecerá, pela eternidade, como testemunha dos séculos.
São curtas as frases, dos corpos, em procissão conjunta,
ferrenha,
deixai-os amar.
Tocando as mãos o espaldar do tronco,
legitimando a prece em tempo, e ter no feminino
o encontro viril,
ameno.
Rosa azul
Postado em Sep 26 2004, 01:31 AM
♥ ♥ ♥ Logo ali tão distante.
O que busco, o que sinto,está logo ali
Logo ali tão distante
No tarô das estrelas
No escuro do cinema
Na janela mais brilhante: a tela
Logo ali tão distante
No zoom da floresta
Na conversa dos passantes
Busco a essência das coisas
O suco do sumo do cerne
O som que ninguém vê
A cor que ninguém ouve
O que busco e o que sinto
Está logo ali
Logo ali tão distante
Atrás das arvores
Descendo o rio bailante
Num quadro de Dali
Salvador e farsante
Voa no tapete persa
No vapor que me resta
No tudo ou no nada
No meio do antes.
O que busco, o que sinto?
Está logo ali
Logo ali tão distante
♥ ♥ ♥
:rolleyes:
Silveira
Postado em Sep 27 2004, 01:02 AM
ou .. tão perto?
no coração de cada ser…
PAZ LUZ AMOR
visitante
Postado em Oct 17 2004, 09:25 PM
CRISTO CRUCIFICADO
Não me movimenta, meu Deus, para querer-te
o céu que me havias prometido;
nem me movimenta o inferno tão temido
para deixar por isso de ofender-te.
Tu me movimentas, Senhor! Movimenta-me ao ver-te
cravado em uma cruz e escarnecido!
Movimenta-me o ver o teu corpo tão ferido.
Movimenta-me tuas afrontas e tua morte.
Movimenta-me, enfim, teu amor de tal maneira
que, ainda que não houvesse céu, eu te amaria
e, ainda que não houvesse inferno te temeria
Não tens que dar-me nada porque te amo,
porque, ainda enquanto espero não esperaria,
o mesmo que te amo te amaria.
Anônimo, século XVI
Orfeu
Postado em Oct 27 2004, 02:08 PM
ma acho que fala um pouco sobre a nossa pluralidade psicológica… reflexões da nossa poetisa Cecília Meireles!
Auto-retrato
Se me contemplo,
tantas me vejo,
que não entendo
quem sou, no tempo
do pensamento.
Vou desprendendo
elos que tenho,
alças, enredos…
Formas, desenho
que tive, e esqueço!
Falas, desejo
e movimento
— a que tremendo,
vago segredo
ides, sem medo?!
Sombras conheço:
não lhes ordeno.
Como precedo
meu sonho inteiro,
e após me perco,
sem mais governo?!
Nem me lamento
nem esmoreço:
no meu silêncio
há esforço e gênio
e suave exemplo
de mais silêncio.
Não permaneço.
Cada momento
é meu e alheio.
Meu sangue deixo,
breve e surpreso,
em cada veio
semeado e isento.
Meu campo, afeito
à mão do vento,
é alto e sereno:
Amor. Desprezo.
Assim compreendo
o meu perfeito
acabamento.
Múltipla, venço
este tormento
do mundo eterno
que em mim carrego:
e, una, contemplo
o jogo inquieto
em que padeço.
E recupero
o meu alento
e assim vou sendo.
Ah, como dentro
de um prisioneiro
há espaço e jeito
para esse apego
a um deus supremo,
e o acerbo intento
do seu concerto
com a morte, o erro…
( voltas do tempo
— sabido e aceito —
do seu desterro…)
mathia
Postado em Nov 3 2004, 10:20 AM
Se estão à espera de ler algo agradável eou bonito ou coisa do género, escolham outro poema rss
Eu Sou
Brisa de outros tempos
Tão pouco sentida.
És mais velha que o mundo
Já quase foste esquecida!!!
Vida já remota,
Que existes na inexistência,
Maré de mar perdido,
Tu mereces reverência!!!
Suspiro profundo,
Tu És o Espaço,
Lareira aconchegante,
Ó Força de Aço!
Pedra Erguida,
Alta e possante,
Extensa ferida,
Sempre ressonante!
Porta aberta,
Amor sem limites,
Furacão arrebatador,
Deste mundo de imundices!
Talvez de Ti alguém se lembre,
Num leve acordar……
Bendito seja o renascido,
Ninguém o pode matar….
Bruno Cardoso
Auryg
Postado em Nov 5 2004, 03:03 PM
Não tem nada de mais no seu poema não, Bruno. Está ótimo.
Nas trilhas da memória
Sopra a brisa da lembrança;
repleto o peito de saudade
profunda, só danço a dança
celeste no palco da humanidade
Pensamentos surgem dos tempos
Dos tempos idos, dos muitos ciclos
pelos quais passei; e eu digo aos ventos
todos os lentos intentos que já forjei
Breves ilusões de dias longos,
que correram em sonhos, corriam
as areias da ampulheta e em prantos
se deitava a luz nos cantos do entardecer
E a brisa soprava, rugia, chorava
seus lamentos perenes, as dores eternas
das horas tão velhas e vãs e severas
se apagando das lembranças das eras
Permanece a mudança, e rodam as trancas
do destino; na minha alma as tantas andanças,
as lições de esperança, o pêndulo que balança
me ensinam que ao ontem jamais voltarei
Em quantas trevas já não andei,
em quantos fogos já não queimei,
em quantas vidas jamais olhei
o sol brilhante que se erguia rei?
As bolhas da memória que deslizam
suaves, audazes, fatais; as visões
que se escurecem mais e mais; limpam
a cor da minha face e me tragam ao nunca mais
Minha vida é aprender, é sofrer, é viver
de passo em passo; minha sina é não ver,
é cair em mil buracos; a água pura encharca
meu rosto: devo abandonar o passado
À frente mil perigos me esperam;
Às costas mil lições me esperavam;
No coração as luzes que encerram
a vontade, e o passo que encerravam
(cont.)
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