Quero enfatizar a ideia básica que devemos formular assim: “Os grandes fascinadores da lascívia e da impudicícia pertencem mais ao tipo “Casanova” que ao famoso “Don Juan Tenório”.
Se os astutos do tipo D. Juan Tenório refletem todas as suas aventuras amorosas no maligno e egocêntrico espelho de sua refinada fantasia, com a abominável intenção de rebaixar a mulher, profanando-a vilmente, violando-a, difamando-a perversamente, mediante a cópula passional única e sem repetição, no impulso do pecado, trata-se, indiscutivelmente, de uma especial modalidade de ódio masculino contra a mulher.
Consoante a lei dos contrastes, no tipo “Casanova” predomina o desejo libidinoso do fascínio sexual, baseado exclusivamente nos impulsos instintivos naturais e sentimentais. Desafortunadamente essa classe de sujeitos são insaciáveis, sofrendo e fazendo sofrer.
O tipo Casanova é uma espécie de “mestre burlador” da mulher; parecem ter o dom da ubiquidade, pois são vistos em toda parte. É como o marinheiro que em cada porto tem uma noiva, chegando, muitas vezes, a comprometer-se e jurar amor eterno.
Em vez do sadismo sexual refinado, tipo “D. Juan”, descobrimos no tipo “Casanova”, o homúnculo racional que deseja afogar no leito do prazer o tédio insuportável de sua própria existência.
Outra variedade, afortunadamente pouco comum do fascinador de mulheres convém que lhe designemos como “tipo Diabo”. Um dos mais genuínos representantes desse sinistro tipo foi, sem dúvida, o monge Grigoryi Rasputin.
Era um estranho asceta, apaixonado pelo além, uma espécie de hipnotizador rústico de batina.
A todas as luzes ressalta com inteira clareza meridiana que a despótica e mágica força do “diabo sagrado” Rasputin devia-se inegavelmente à sua tremenda potência sexual. O czar e a czarina ajoelhavam-se diante dele.
Acreditavam ver naquele monge fatal um santo vivente. É óbvio que Rasputin encontrou o ânimo dos czares muito disposto, graças ao mago francês Papus (Dr. Encause), médico de cabeceira dos soberanos.
Disse Waldemar: “Das mais ilustrativas são as memórias diplomáticas do antigo embaixador francês Maurice Paleologue, de São Petersburgo, são as publicadas pela revista Deux Mondes. O embaixador descreve uma invocação de espíritos efetuada pelo ilustre ocultista francês Papus, atendendo, com certeza ao desejo expresso dos czares.
A causa de tal sessão foram os distúrbios revolucionários de 1905. Papus tinha de conjurar a revolta mediante um grande exorcismo, na presença do czar, da czarina e do ajudante, o capitão Mandryka.
Paleologue, como protetor de Papus, com quem tinha relações amistosas, informa: ‘Mediante uma intensa concentração de sua vontade e um extraordinário acréscimo de seu dinamismo fluídico, o mago conseguiu invocar a sombra do mui pio czar Alexandre III. Sinais indubitáveis provaram a presença do espírito invisível’.
Apesar da angústia que lhe oprimia o coração, Nicolai II perguntou de todos os modos a seu pai se devia reagir ou não contra a corrente liberal que ameaçava varrer a Rússia. O fantasma respondeu: Deves extirpar, custe o que custar, a incipiente revolução.
Entretanto, um dia voltará a brotar de novo e será mais violenta quanto mais dura for a atual repressão. Não importa! Ânimo, meu filho! Não cesses de lutar”.
Waldemar, o sábio, disse: “O czar, crente notório nos espíritos, deveria então mostrar grande interesse por um homem como Rasputin, que vinha precedido de grande fama de curandeiro milagroso.
O monge camponês provinha de uma categoria muito difundida na Rússia na época, os chamados magos de aldeia, possuindo um magnetismo vital tão extraordinário, devido à sua insólita potência sexual, que deve ter produzido o efeito de uma força primitiva irrompida nos círculos da nobreza petersburguesa, já em parte degenerada.
Uma de suas primeiras proezas na corte foi tratar magneticamente o herdeiro do trono, enfermo de hemofilia, logrando estancar suas hemorragias, coisa que os médicos não haviam conseguido.”
Desde aquele instante, continua Waldemar, tremeram ante ele grandes duques, ministros e toda a camarilha da nobreza, pois, devido às circunstâncias, tivera em suas mãos a vida do czarevitz. Granjeou, com isto, ilimitada confiança do czar e da czarina e soube muito bem utilizá-la em seu proveito. Governou ao seu bel-prazer os czares e, portanto, a Rússia.
“Ao aumentar constantemente seu poderio, um grupo de adversários de elevada estirpe e posição, encabeçado pelo príncipe Yussupov e o grande duque Pavlovitsch, decidiu suprimir o importuno monge milagroso.
E assim, numa ceia no palácio do citado príncipe,foram servidos ao monge convidado manjares e bebidas envenenadas com cianureto de potássio, em doses tão fortes que seriam suficientes para matar uns 20 homens ou mais, em alguns segundos.
Porém, Rasputin comeu e bebeu com crescente apetite, o veneno não parecia surtir efeito algum sobre ele.
Os conjurados inquietaram-se, mas seguiram animando o odiado, para que comesse e bebesse mais. Nem por isso o veneno tinha poder sobre o monge milagroso. Ao contrário, cada vez mais o maldito parecia sentir-se melhor, mais à vontade.
Em consequência, os conjurados determinaram que Yussupov o mataria com uma pistola. O príncipe disparou e Rasputin caiu de bruços no solo, sendo considerado morto. Yussupov, que havia atingido o peito do monge, começou a dar voltas ao redor do caído, porém, ante seu espanto, Rasputin deu-lhe um empurrão, pôs-se de pé, e com pesados passos tentou escapar da habitação. Então, o conjurado Purischkjewitsch fez quatro disparos contra o monge.
Este caiu novamente e tornou a levantar-se, sendo desta feita golpeado a bastonadas e pontapés pelo furioso Purischkjewitsch, até que deu a impressão de estar definitivamente morto. Porém, a vitalidade de Rasputin era tal que ainda deu sinais de vida quando os conjurados colocaram seu fornido corpo em um saco, ataram-no e lançaram de uma ponte sobre o gelo do rio Neva.”
Este foi o final trágico de um homem que poderia ter-se autorrealizado a fundo. Lamentavelmente, o monge Grigoryi Rasputin não soube utilizar sabiamente a formidável potência sexual que a natureza lhe dotara e desceu ao plano da mais baixa sensualidade.
Uma noite qualquer propus-me a investigar de forma direta o desencarnado Rasputin. Pelo fato de conhecer as funções psíquicas do Eidolon, o corpo astral do homem autêntico, não me foi difícil realizar um desdobramento mágico.
Vestido, pois, com esse corpo sideral de que tanto falara Felipe Teofastrus Bombastus de Hohenheim (auréola Paracelso), abandonei meu corpo físico para mover-me livremente na dimensão da natureza no mundo astral. O que vi com o sentido espacial (o olho de Hórus) foi terrível.
Tive de penetrar numa taverna espantosa onde só se viam barris cheios de vinho, por entre os quais deslizavam aqui, ali e acolá multidões de horripilantes criaturas à semelhança de homens.
Eu buscava Rasputin, o diabo sagrado. Queria conversar com esse estranho monge ante o qual tremeram tantos príncipes, condes, duques e marquesas da nobreza russa. Porém, ao invés de um Ego, eu via muitos “Eus”, e todos eles constituíam o mesmo Ego do monge Grigoryi Rasputin.
Tinha, ante minha vista espiritual, em toda a presença de meu Ser cósmico, um montão de diabos; um Eu Pluralizado, dentro do qual só existia um elemento digno: quero me referir à Essência.
Não achando, pois, um sujeito responsável, dirigi-me a uma dessas abomináveis e grotescas criaturas que passaram próximas a mim: Este é o lugar para onde vieste, Rasputin. Este foi o resultado de tua vida desordenada e de tantas orgias e vícios.
“Engana-te, Samael”, contestou a monstruosa figura, como defendendo-se ou justificando-se de sua vida sensual, e acrescentou: “A ti faz falta a linha da intuição”.
“A mim não podes enganar, Rasputin!”, foram minhas últimas palavras. Em seguida, retirei-me daquele tenebroso antro situado no Limbus (o Orco dos clássicos), situado no vestíbulo do reino mineral submerso.
Se Rasputin não tivesse na vida feito tantas obras de caridade, a esta altura estaria involuindo no tempo, dentro dos mundos submersos, sob a crosta da terra, na Morada de Plutão.
Passaram-se muitos anos e continuo meditando: os seres humanos ainda não têm uma individualidade autêntica; a única coisa que continua depois da morte é um montão de diabos.
Que horror! Eus diabos! Cada um de nossos defeitos psicológicos está representado por alguma dessas abomináveis criaturas dantescas…
Gostei muito dessa pesquisa sobre o misterioso e fascinante Rasputin.
Saudações,
Emília Ganem.
Credo, eu diaba ! kkk
Mas o assunto merece ser tratado com seriedade.
É. Mas é assim senhores e senhoras. Paz Profunda.